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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Explicações


O presente trabalho se ocupa em estudar a história e as festas de Matosinhos, sobretudo a do Divino Espírito Santo. Matosinhos é o mais populoso bairro de São João del-Rei, no centro-sul do estado de Minas Gerais. 

Melhor seria dizer que estudo as “histórias”. E por que não estórias? Me refiro à parcela extra-oficial, aquela que não consta nos livros e documentos: a cultura popular, verdadeira riqueza do povo e o elo de ligação entre o passado e o presente. É ela que sustenta boa parte da tradição e dá sentido à própria história, que do contrário não seria vida, mas um amontoado de informações mortas. Se tratamos de uma ciência humana devemos antes de mais nada tratá-la com humanismo. Esse aspecto será privilegiado neste estudo.

Quanto às festas o enfoque será dado à Festa do Divino, justo aquela que dentre tantas do lugar consegue reunir em seu bojo a maior parcela dessa cultura que acabo de citar. Sua trajetória ao longo dos anos é o meu objetivo central.

Não posso porém deixar de aludir às outras festas, ainda que de breve passagem, sobretudo à do padroeiro, o Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Isso porque outrora eram uma só, desligadas nos meados do século XX para assumirem outra coloração, objetivo e destino. Não nego o sonho de um dia ver os dois jubileus unidos como noutros tempos, mas creio que nunca verei isso. 

Nos meios populares, essa festa é um evento muito esperado. O observador superficial verá nela apenas a oportunidade da quebra do cotidiano, mas de fato elas são o dia da verdade, da expressão maior da fé e da renovação das esperanças. A festa confirma a aliança com Deus, dá forças para se aguentar a peleja cotidiana. Observando com apurada sensibilidade as festas açorianas que se realizam na Ilha Terceira em louvor ao Senhor Divino, MENDES (2001) teceu estes comentários sábios, perfeitamente transponíveis para o nosso contexto: 

A festa religiosa situa-se na atitude do homem crente frente ao Mistério no âmbito do sagrado. Expressa-se em linguagem simbólica, característica da linguagem humana feita por ritos, palavras e gestos. É uma forma de expressar a atitude religiosa, onde entra o sentimento e a emoção, como resposta ao Mistério que se faz presente. Esta expressão é pessoal, visto tratar-se de um encontro, mas, porque transborda o próprio indivíduo e se expressa com outros, nas mesmas categorias culturais e tradicionais, tem necessidade de ser partilhada em comunidade (sic, p.25). 

Perscrutando novos e velhos jornais, além de outras fontes, este estudo só tem o compromisso de colaborar com o registro dos fatos passados e atuais envolvidos com o Bairro de Matosinhos. Procuro sem academicismo demonstrar os caminhos evolutivos dos festejos ao longo da estrada histórica, inclusive suas progressões em relação ao passado. Essas mudanças são enfim a sua própria vida. A festa não está engessada. 

Pequenas parcelas do conteúdo deste estudo já foram em parte externadas, por via oral e escrita, num conjunto de informações contidas em entrevistas, matérias jornalísticas, artigos, que se esparramaram por jornais, boletins, livros, teses, mídias digitais, além de rádio e televisão, tudo com o objetivo da divulgação em prol do evento, mas nem sempre com o devido respeito à verdadeira autoria. 

As impressões de minha participação direta na organização da festa, de 1998 a 2005 também estão contidas. Coloco ainda as observações de 2006 a 2011, quando já não fazia parte da comissão de festeiros. Consta ainda do presente volume as principais notícias do “bairro-cidade”, que perpassaram pela imprensa são-joanense nos primeiros anos do presente século. 

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli           

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