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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O título jubilar


Jubileu é a festa religiosa que rende indulgência ao fiel que está batizado, não excomungado e em estado de graça. Segundo o Código de Direito Canônico (Can.992), entende-se indulgência como:

Remissão diante Deus, da pena temporal pelos pecados já perdoados quando à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos .

O festejo do jubileu é antiquíssimo e tem bases bíblicas: era uma festa realizada a cada 50 anos, quando os campos deviam descansar e as propriedades negociadas voltavam ao dono original. Alguns escravos eram libertos. Abria-se o ano jubilar com o toque de uma trombeta de chifre de carneiro chamada em língua hebraica jobel, donde veio jubileu, pelo latim jubilaeum. Interessante notar a coincidência do número cinquenta: 50 anos – jubileu bíblico / 50 dias – tempo pascal, que se encerra em Pentecostes.

Pois bem. A festa de Matosinhos, em São João del-Rei, cresceu numa proporção considerável. Os dados disponíveis, do século XVIII são muito poucos, mas é possível esta dedução pelo fato de que apenas em nove anos de existência (1774-1783) o festejo alcançou autorização papal para a forma jubilar, o que é um feito notável, índice inconteste de sua dimensão.

Breve Pontifício de 1783

Para se ter uma ideia do significado deste fato, frise-se que hoje (2009) somente quatro festas em toda a região tem tal título, a saber: Jubileu da Santíssima Trindade, em Tiradentes (datado de 1776), Jubileu de Nossa Senhora de Nazaré, em Nazareno (de 1864), Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em São João del-Rei (1924 – para a festa de 3 de maio e 1961 – para a festa de 14 de setembro) e o de Pentecostes, do Divino Espírito Santo, da  mesma cidade e paróquia (datado de 1783).

Este último foi concedido sob a forma de um breve pontifício, cujo original se encontra nos arquivos de Mariana, conforme notícias orais. Há em torno dele uma controvérsia infrutífera que defende que esse jubileu foi concedido para o festejo do padroeiro e o Divino entrou por assim dizer de carona, o que não passa de ponto de vista sobre o mesmo documento. O fato é que a concessão jubilar beneficiava conjuntamente as duas devoções posto que se comemoravam juntas e ainda a de Nossa Senhora da Lapa. Porém há de se frisar que foi concedido para a festa de Pentecostes, que sempre foi a data do Divino.

Hoje é conhecido graças aos estudos de LAGO (2003), que na verdade o Papa Pio VI, que concedeu o breve, não favoreceu só a festa em questão com as indulgências plenárias. De fato Sua Santidade era pródigo em decretar jubileus, tanto que por meio de outros breves, a essa condição, elevou as seguintes festas do Bom Jesus de Matosinhos:

-              de Congonhas (3 de maio e 14 de setembro), em 1780;
-              de Conceição do Mato Dentro (3 de maio e 24 de junho), em 1787;
-              de Itabirito (14 de setembro), em 1789. 

* Texto: Ulisses Passarelli

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