Bem vindo!

Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Escolas em Matosinhos


            Os estabelecimentos de ensino surgiram tardiamente no bairro. GAIO SOBRINHO (2000), no seu estudo sobre a educação nesta cidade, noticiou:

"Antônio de Moura Freitas, segundo a Pátria Mineira, no dia 12 de outubro de 1893, fundava um colégio em Matosinhos, destinado ao sexo masculino, onde lecionava, pelo preço que se convencionar, português, aritmética, história, geografia. Anexo funcionou também uma escola noturna."

             Existiu também uma escola mista, regida pela professora Maria Carlota Rios. Tinha avaliação para admitir alunos, cuja comissão examinadora se compôs em 1906 pelo professor Sebastião Sette, Dr. Paulo Teixeira e Dr. Francisco de Assis Fonseca. Foi instalada com 61 alunos [1].

            Em 1906, a lei municipal 22 de dezembro autoriza o agente executivo (correspondente ao atual cargo de prefeito) "a auxiliar o professor da escola particular de Mattosinhos com a quantia de trezentos mil réis", segundo o jornal O Repórter, nº49, de 06 de janeiro daquele ano. A lei orçamentária da câmara no mesmo ano, visando economias, dentre outros cortes, previu redução nos auxílios previstos para Matosinhos, a apenas 300$ anuais à escola do sexo masculino, de caráter particular [2]. O mesmo valor é confirmado no ano seguinte, segundo a lei n.148, de 8 de setembro, pago ao professor [3].


            Em 1907-8 funcionava uma escola no bairro. Fora anteriormente viabilizada pelos esforços do deputado estadual Severiano Nunes Cardoso de Resende. GAIO SOBRINHO (2000), estudando a educação nesta cidade, afirma que era uma escola mista com 61 alunos, e que seria decerto o Externato de Instrução Primária, do Professor Cândido de Moraes Pires.  Sobre este educador, encontrei o seguinte anúncio [4]:

"Escola de S. José – Regida pelo Professor particular CANDIDO DE MORAES PIRES. Recebe creanças de ambos os sexos á 3$000 mensaes, curso diurno e nocturno. Especialidade no ensino de Arithmetica e contabilidade. LARGO DE MATTOSINHOS, nº38 – S. JOÃO D’EL-REY, Minas."

A escola mista citada em 1906 foi paralisada e reativada pouco depois [5]:

"Por decreto de 30 de junho foi restabelecida a cadeira mixta de Mattosinhos, desta cidade. Esse acto do governo do Estado foi recebido com geral applauso, pois era sensivel a falta da escola publica no arrabalde de Mattosinhos."

            O Almanak de São João d’El-Rey, de 1924, segundo Antônio Gaio Sobrinho, aponta uma escola pública estadual existente em Matosinhos. 


            O decreto nº 8.434, de 12/05/1928, é assinado em São João del-Rei, autorizando a reconstrução do imóvel estadual em Matosinhos, para nele se instalar a Escola de Preservação de Menores Abandonados, segundo BARBOSA (1930). A mesma fonte, informa ainda, que por essa época, havia no bairro duas escolas estaduais mistas, com um professor cada, tendo uma delas quarenta e seis estudantes e a outra oitenta e um.

            Esse mesmo historiador, noutra obra, informa no ano seguinte, novamente, sobre essas escolas de nível primário [6].

            O crescimento acelerado do bairro exigia mais estabelecimentos educacionais e ainda GAIO SOBRINHO (2000) aponta com base no jornal O Correio, que em 1929 já havia uma escola masculina e outra, mista. Ainda nesse ano, a 19 de junho, foi criada a afamada Escola Padre Sacramento que, informa...

"Instalou-se ela inicialmente na antiga chácara da família Apolinário, em Matosinhos, utilizando também das inacabadas dependências do Pavilhão de Matosinhos. Houve na ocasião, solene entronização de Jesus Crucificado na sala principal, oficiada por Dom Helvécio Gomes de Oliveira, bispo arquidiocesano de Mariana. Nessa oportunidade discursaram, além do Presidente [na nomenclatura atual corresponde ao Governador de Estado] Dr. Antônio Carlos, o seu secretário Bias Fortes e o professor Lara Resende, designado primeiro diretor do estabelecimento."

Foto-montagem do autor sobre recorte do acervo digital da Biblioteca Pública Municipal Baptista Caetano de Almeida. O recorte comenta sobre a Escola Padre Sacramento em Matosinhos. 

Em 1931 confirma-se a mesma quantidade de escolas e estudantes em Matosinhos[7].
Sobre os estabelecimentos de ensino, assim se expressou HENRIQUES (2003):

"A primeira escola do bairro parece ter sido a Escola Pública do Sexo Masculino, cujo diretor era o sr.Carlos dos Passos Andrade. Em seguida vieram as Escolas Reunidas de Dona Izabel Pereira e Dona Abigail. Tudo indica que essas escolas, bem como a que se instalou no Pavilhão de Matosinhos, não foram adiante, já que pessoas daquela época afirmaram que o pessoal de Matosinhos estudava no Grupo Escolar João dos Santos, localizado no Centro da cidade, e no Aureliano Pimentel, no Bairro das Fábricas."

Em 1946 era fundada no bairro a Escola Estadual Tomé Portes del-Rei. Foi criada pelo decreto nº 2.192, de 22 de janeiro. Gentil Palhares e Paulo Christófaro, em 1963, afirmam que através de Tancredo Neves, o número de alunos dessa escola foi dobrado. Funcionou em diversos locais. 

Existem hoje várias escolas básicas particulares para crianças (jardins de infância) e uma pública, a Pré-escola Municipal Professor Elpídio Ramalho. Persistem ativas as seguintes escolas públicas, consoante legendas das fotografias abaixo:

Escola Estadual Deputado Mateus Salomé


Escola Estadual Governador Milton Campos

Escola Estadual Tomé Portes del-Rei
Escola Municipal Pio XII

Escola Municipal Bom Pastor

Notas e Créditos

* Texto e fotos (escolas: 12/01/2014): Ulisses Passarelli



[1] - O Repórter, n. 53, 27/01/1907; n.40, 04/11/1906.
[2] - O Repórter, n. 34, 23/09/1906.
[3] - O Repórter, n. 37, 14/10/1906.
[4] - As informações do historiador Antônio Gaio Sobrinho foram calcadas em O Repórter, de 27/01/1907. O anúncio foi transcrito de A Opinião, n.55, 11/01/1908.
[5] - A Opinião, n.101, 03/07/1909.
[6] - BARBOSA, José Victor (org.). A actualidade sanjoannense: ensaios estatisticos sobre o municipio de São João d’El-Rey. São João del-Rei: Commercial, 1929. (Obs.: em 2008 foi reimpresso de forma fac-similar)
[7]- SINOPSE ESTATÍSTICA DE SÃO JOÃO D’EL-REY. São João del-Rei: Casa Assis, 1931. Edição Comemorativa do cinqüentenário da EFOM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário