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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Fase áurea

Dos primeiros cem anos de festas religiosas e populares em Matosinhos pouco se sabe. As notícias são exíguas, lacônicas e esparsas. Traçar um panorama é portanto tarefa ingrata e pouco fidedigna. 

Só com o surgimento do importante jornal Arauto de Minas, em 1877 é que se encontram notícias mais completas e frequentes acerca das festividades em questão. E a divulgação pela imprensa da época prossegue também noutros jornais antigos e pode ser rastreada até quase cinquenta anos adiante. 

Graças a isso foi possível compreender a evolução dos festejos e constatar que as três ou quatro últimas décadas do século XIX, devem ter constituído aproximadamente a sua fase áurea. A parte religiosa era bem desenvolvida e se dava a ela sempre grande destaque. Centralizava os festejos. Gravitando ao seu redor as atrações populares se baseavam em manifestações folclóricas, música de bandas e orquestras, espetáculos pirotécnicos, quermesses, leilões, iluminação atrativa, enfim, predominava o aspecto comunitário, o ambiente familiar, a alegria espontânea. 

Obviamente que um grau de grande organização e de estabilidade do programa festivo como esse em questão, não surge do dia para a noite. É o resultado de um longo trabalho vindo de décadas anteriores. 

Contudo essa estabilidade se viu ameaçada pela invasão dos jogos de azar, a princípio lenta depois célere. As bancas de jogos dominaram o largo, espantando todos os divertimentos tradicionais. A imprensa demonstrou que nos primeiros anos do século XX a parte religiosa estava tênue e era apenas o pretexto que atraía a população, que realmente se interessava pelas apostas na roleta, jaburu, pavuna, dados, etc. O ar bucólico desaparecera na entrada dos anos vinte. A festa então era mais aristocrática que nunca ...

* Texto: Ulisses Passarelli

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