Sebastião de Oliveira Cintra registrou o surgimento de uma unidade militar no bairro:
Matosinhos tornou-se um lugar procurado para o lazer, o descanso e o tratamento de doenças que exigiam o repouso e o ar puro. Isso porque o local era considerado aprazível, bucólico. O Coronel Inácio Correia Pamplona (latifundiário, perseguidor dos quilombos do oeste mineiro e terceiro delator da Inconfidência Mineira), no fim de sua vida, mudou-se da Fazenda do Mendanha (em Lagoa Dourada) para Matosinhos, onde adquiriu uma chácara, em busca desse tão decantado sossego, já que estava com a saúde abalada [2]. Foi eleito Imperador do Divino no ano de 1810. Nesse mesmo ano faleceu. Seu testamento está no arquivo regional do IPHAN, situado em São João del-Rei e contém um recibo de doação para o festejo do Espírito Santo, cujo teor é o seguinte:
"Recibo dado ao Padre Inácio Correia Pamplona, referente à ajuda que seu pai deu à Festa do Divino do ano de 1810. Recebi do Sr. Reverendo Pe. Inácio Correia Pamplona, a quantia de cem mil réis que me deu por ordem do Sr. seu pai o Senhor Coronel Inácio Correia Pamplona, cuja quantia é a mesma, que o dito Sr. prometeu dar para a festa que fizemos do Espírito Santo em Matttosinhos em ano de 1810, quando o Sr. Coronel foi Imperador e eu Juiz. Por ser verdade faço o presente. São João, 13 de junho de 1810 – José Francisco Lopes."
Registrou Cintra (1982), que em 1811 o padre supracitado dispôs da chácara que herdara do pai:
A ligação entre o Estado e a Igreja que havia nesses tempos obrigava que, além das autorizações eclesiásticas, houvesse também as do poder público para as práticas religiosas. Não foi diferente aqui. Demorou, em virtude da burocracia, ainda onipresente. O Príncipe Regente Dom João VI, expediu em 27 de maio de 1811, um documento concedendo autorização aos devotos para que usassem a Capela do Bom Jesus de Matosinhos, dentro das regras do costume. Observe-se que a ordem eclesiástica já fora concedida em 1774 pelo Arcebispo Dom Bartolomeu [3].
Em 1881 um jornal são-joanense publica no folhetim o conto novelesco intitulado “Morgadinha de Mattosinhos” [5].
O Código de Posturas aprovado em 1887 pela Câmara Municipal previa no seu capítulo XXVII, artigo 238 uma área do bairro para despejos “de lixo e outra qualquer immundicie e enterramento de animais mortos e generos alimenticios corrompidos, nesta cidade, o campo que fica em triangulo na embocadura do Agua-Limpa no rio das Mortes” (etc.) [6].
Fora das festas, pouco movimento havia no templo deste arrabalde. Casamentos eventualmente ali celebrados viravam notícias sociais [7]:
No ano de 1897 foi idealizada uma loteria para arrecadar fundos para reforma de uma das torres da Capela de Matosinhos. Seria para o dia 07 de janeiro, mas por não terem sido vendidos todos os bilhetes, a extração foi adiada para 4 de abril. Ocorreu o sorteio da loteria no definitório da Igreja do Carmo, sob os cuidados do tesoureiro Miguel Archanjo da Silva [11].
A 21 de maio de 1899, às 14 horas, no domingo de Pentecostes, reunia-se uma comissão na Capela de Matosinhos, sob a orientação do vigário, Padre João da Trindade, com destino a prestar contas dos reparos na torre direita daquele templo, “que ruiu há tempos, por occasião de lamentavel desastre”. A lisura dos números apresentados foi muito elogiada. Os cabeças da dita comissão foram: José Justino Silva, Francisco Leopoldo das Chagas e Paulo Evangelista de Magalhães [12].
Composição ferroviária atravessando a região do Sutil. |
- Revisão: 08/07/2025 (com acréscimo de fotografia).
Nenhum comentário:
Postar um comentário