Dar trela – dar confiança, permitir, consentir, oferecer liberdade.
Desbaratinado – desorientado, psicologicamente abalado.
Descanelado – de pernas compridas, pernalta.
Despinguelado – infrene, veloz, sem controle.
Déu em déu – sem rumo, perdido na vida, sem moradia ou ocupação
fixa.
Embananado – complicado, embaraçado, enrolado.
Embatumado – de consistência densa. Pesada, grosseiro.
Embodocado – em má postura, curvado, em posição apertada.
Embuchar – encher o bucho, comer muito, empanturrar-se, alimentar
em demasia.
Empandongado – o mesmo que embodocado.
Empipocado – munido de erupções cutâneas vesiculosas, brotoejas,
superfície irregular.
Encarangado – encolhido de frio, de movimentos letárgicos.
Encher o pandu – comer além do necessário.
Encorujado – o mesmo que encarangado. Alusão ao aspecto da coruja
empoleirada.
Encroado – que não se desenvolveu adequadamente. “Bolo incroado”:
aquele que o fermento fez pouco efeito.
Entizicar – “intizicar”, encroar, ficar pequeno, não crescer,
permanecer sem desenvolvimento.
Entregar os pontos – desistir, dar-se por derrotado, desanimar.
Escarcéu – confusão, briga, discussão, fuzarca.
Esmerilhar – usar abusivamente, correr muito. “Desceu o morro
esmerilhando a bicicleta.”
Espanador da lua – pessoa muito alta e magra. “Pendão das almas”, “pau
de virar tripa”, “bambu vestido” e “pinguela”, neste sentido, são expressões
sinônimas.
Espírito de Porco – indivíduo perverso, maldoso, que comete erros
propositais para o próprio benefício.
Estar com a cachorra – estar enraivecido, furioso, agitadíssimo.
Estar em papos de aranha – estar em apuros, em “maus lençóis”, em
dificuldades.
Estar na barba do bode – o mesmo que o anterior.
Estoporar – sofrer um choque térmico, adquirir um resfriado forte e
repentino.
Galinha – gíria chula e depreciativa aplicada a mulheres levianas.
Galo de São Roque – solteirão, homem maduro em idade que não casou
.
Golpe do joão-sem-braço – trambique, falcatrua, negócio ilícito,
criar uma situação para se tirar vantagem.
Jabiraca – mulher deselegante, que se veste com mau gosto, de andar
trôpego, sem boa educação. Roceira, caipira.
João teimoso – pessoa muito teimosa. Turrão. Pessoa inflexível
.
Judas – traidor. Chama-se a quem age com falsidade.
Jurupoca chiar – ou jurupoca piar: situação tensa, estressante,
aflitiva, na iminência de um acontecimento. “Agora é que a jurupoca vai chiar”
.
Ladainha – falação, falatório, conversa sem proveito, repetitiva.
Lambão – indivíduo sem preocupações com higiene. Serviço mal feito,
sem acabamento: “pedreiro lambão”.
Lambiscar – comer a qualquer hora em pequenas quantidades, qualquer
tipo de alimento. Comer petiscos em lugar do almoço.
Lambrequeira – sujeira, meleira, “borroqueira”. Lambusado.
Langanho – pedaço grande de um certo alimento. “Tirou um langanho
de carne”.
Lapa – grande, de bom porte. “Pescou uma lapa d’uma traíra!”
Leitão – em sentido pejorativo, pessoa gorda. Obeso.
Lelé – doido, sem domínio completo das faculdades mentais.
Levado da breca – traquinas, sapeca.
Lisbano – muito próximo, quase tangenciando, não esbarrando por
pouco. “Perdeu o freio da bicicleta e passou lisbano no poste.”
Muquirana – sovina, que tem usura. “Garrafinha”, “munheca de samambaia”.
Parrudo – forte, musculoso, de grande porte físico. “Armário”.
Queimar as pestanas – pensar muito, raciocinar bastante, se
esforçar para achar a solução de um problema. O mesmo que “queimar a muringa”, “queimar
a cachola”.
Quizumba – africanismo: confusão, tumulto, discussão, inimizade. “Arranjar
quizumba”.
Rabo de arraia – gostoso, de sabor inusitado, delicioso. “O
chouriço ficou rabo de arraia!
”
Renquém – de pouco valor, desqualificado. “Marido renquém.”
Roscofe – o mesmo que renquém. Que funciona mal
.
Sangue de barata – quem não se abala com as vicissitudes. Pessoa
insensível, que não se comove, que não se irrita mesmo provocado.
Santo do pau oco – quem se faz de bom, mas em verdade é mau. O que
aparenta ser o que não é. Dissimulado
.
Savajão – grosseiro, deselegante, abrutalhado.
Serviçama – muito serviço, trabalho excessivo.
Sobrou – caiu, despencou. “Subiu no abacateiro e sobrou do galho.”
Sujismundo – porcalhão, imundo, sem higiene pessoal, andrajoso.
Zureta – desorientado, de pensamento desgovernado.
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Almoço da Festa do Divino: momento de confraternização e conversa descontraída. Bairro Matosinhos, São João del-Rei/MG. |
* Texto: Ulisses Passarelli
** Foto: Iago C.S. Passarelli, 28/05/2012.
- Referência ao
costume rural de consagrar desde pintinho um galo a São Roque, que é criado
isolado do contato com galinhas de maneira vitalícia, permanecendo virgem. O
costume garante a saúde do restante da criação. O galo só é substituído por
outro em caso de morte e não pode ser usado como alimento, vendido, trocado ou
doado.
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