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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




domingo, 2 de novembro de 2014

Dia de Finados

Movidos pelo espírito da saudade e imbuídos por uma tradição ancestral, os cristãos rumam hoje para os cemitérios, onde, entre preces, flores e chamas de velas, marcam simbolicamente o elo que ainda os conecta àqueles que partiram da vida carnal. 

Não é uma visita corriqueira. Finados é diferente. A dois de novembro o campo santo está mais bem cuidado, os túmulos menos poeirentos, os entremeios sem mato invasor. Todos se movem pela mesma esperança, aquela fé na ressurreição, a crença do reencontro futuro. Alguns acreditam mesmo que os mortos tem um licença especial nesse dia e suas almas podem então voltar à Terra aguardando junto às sepulturas a visita dos familiares, parentes, amigos, amados. Neste momento podem se reencontrar por meio das orações. Concentrando o pensamento neles, sentimos sua presença de forma indescritível, intangível ...

Aqui em São João del-Rei o povo acorre para o Carmo, com seu tenebroso portão de ferro, obra genial do Mestre Jesuíno Ferreira; para o cemitério de São Francisco, onde o túmulo do ex-Presidente da República Tancredo Neves é muito respeitado e visitadíssimo; para São Gonçalo, São José, Rosário, Almas (ou da Fábrica ou, ainda, da  Matriz), Mercês. Tudo nome de santo patrono. Só o Municipal não tem nome santo. É aparentemente laico. Quicumbi é como lhe chamam, evocando esquecidas vozes africanas. Lá está a Jovem Desconhecida, o túmulo mais visitado da cidade, milagreira popular, lotada de lumes ardendo no velório fronteiriço e de um jardim de flores artificiais sobre a lápide. No Quicumbi o povo fervilha em rezas. 

Dia de Finados é o dia da reflexão, que se pára o corre-corre cotidiano para reencontrar a espiritualidade. Reencontro e projeção, mortos e vivos se irmanam num momento tênue. 

Portão do Cemitério do Carmo.
São João del-Rei/MG. 

* Texto e foto (2014): Ulisses Passarelli
** Leia mais a respeito em: 

FINADOS  

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