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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sábado, 29 de novembro de 2014

Duas lendas da Lagoa dos Cordões

Na margem do Rio das Mortes, ao longo de sua várzea, formam-se algumas lagoas nos rebaixamentos, anualmente renovadas pela invasão das águas de enchente. Em Santa Cruz de Minas algumas nunca foram batizadas, mas outras, por peculiaridades específicas, foram nominadas: Lagoa do Cará (nome de um peixe ciclídeo), Lagoa Vermelha, Lagoa Comprida, Lagoa do Cascalho e Lagoa dos Cordões, esta, a maior e mais profunda.

As margens da Lagoa dos Cordões eram pontos de lazer, sempre frequente de se ver banhistas e pescadores. Também difundida no meio popular duas narrativas assombradas para aquelas águas, além das tradicionais estórias do caboclo-d'água, que dizem surgir ali também.

Vejamos resumidamente as duas lendas:


A Noiva Encantada

Dizem que, vez por outra, alguém vê, de repente, uma noiva andando cabisbaixa na beirada da Lagoa do Cordões. Reconhecida logo pelo seu vestido branco matrimonial, expressa tristeza e em breve desaparece como uma bruma matutina. 

Narra-se que certa feita, fazem muitos anos, uma jovem fora obrigada pela família a se casar com um homem que não gostava de jeito nenhum. Muito contrariada, fugiu correndo do altar e no auge do desespero atirou-se na Lagoa dos Cordões, onde morreu afogada. 

Sua alma infeliz vaguei por lá, entre água e terra, entre dois mundos, aparecendo eventualmente como se pedisse socorro através de sua tristeza.



Tropa do Além

O povo acredita que nas margens da Lagoa dos Cordões, a altas horas da noite, aconteça uma assombrosa manifestação: ouve-se ao longe cavalos relinchando, muitos, e um intenso tropel, e um homem a gritar como que campeando os animais.

Os cavalos vão se aproximando, e se reconhece pelo aumento da nitidez do barulho, que vai ficando forte. O corpo então arrepia anunciando que aquilo é coisa de outro mundo.

E surge a visagem: uma tropa de cerca de quarenta cavalos absolutamente brancos, tangidos por um só peão invisível, que brada tocando animais fantasmagóricos.


Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Informante: populares, Santa Cruz de Minas, 1994.

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