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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Na minha terra se fala assim - parte 6

A beça – gíria em desuso: demais, muito. “Gosto dela à beça”.
Agradar a Deus e ao diabo – expressão que indica o ato de agradar a pessoas de ideologias muito diferentes; tomar uma atitude que agrade a bons e maus ao mesmo tempo.
Agradar a gregos e troianos – idem.
Água de batata – qualquer líquido muito ralo, pouco consistente, não concentrado. Café fraco. “Este suco está uma água de batata.”
Água morna – sujeito apático, de baixo poder de decisão, sem pró-atividade.
Áh... áh! – interjeição que indica uma negativa veemente: “Deus me livre”, “de jeito nenhum”, “não quero”, “nem pensar”.
Aluado – abestalhado, idiota. Diz-se em especial de quem está sob influência mística da lua.
Amarujo – de sabor ligeiramente amargo. “A lima é boa mas tem um amarujo”.
Amoitar – esconder, ocultar.
Amuado – entristecido, sorumbático, cabisbaixo.
Angu de caroço – confusão, balbúrdia, discussão, desavença.  
Angu perdido – expressão de desdém para indicar animal ou pessoa inútil, que só traz problemas. “fulano é angu perdido...”
Antigório – muito antigo, antiquado, ultrapassado.
Ao léu – ao Deus dará; entregue à própria sorte. Sem ninguém que controle.
Aonde o Judas perdeu as botas – lugar inculto e muito distante. Ermo, recôndito.
Aparelhado – 1- disposto em parelha, ou seja, aos pares. Lado a lado. Frente a frente. 2- equipado de aparelhos. 3- madeira cortada em máquinas próprias, com arestas nítidas, angulações exatas, que não se consegue com desbaste manual.
Arzinho – pitada, pequena porção. “Põe mais um arzinho de sal que a comida está insonsa”.
Assim, assado – expressão indicativa de modo, quase sempre acompanhada de gesticulação reveladora. Deste jeito. Feito desta forma. Construído desta maneira. “Juntou os paus aparelhados, os pregos, ferramentas e fez a mesa assim, assado.”
Avalentuado – valente, valentão, corajoso, brigão, rixento.
Azucrinar – perturbar, amolar, atentar, tirar o sossego.
Babaca – xingamento contra indivíduo indesejável, que desperta antipatia por suas ações inconvenientes. Idiota, boçal.
Babau! – interjeição indicativa de fim. Acabou, morreu, finalizou. “O carro veio correndo muito, caiu no buraco e babau!”
Badulaque –1-  traste, cacareco, tralha, coisas imprestáveis. 2- em sentido pejorativo, pessoa muito feia e desajeitada.
Bafafá – confusão, tumulto, disse-me-disse. “A festa foi um bafafá danado!”
Baita – “bitelo”, grande, avolumado, gigante, bruto. “Era um baita d’um touro!”
Bala – estar tonto por ação de bebida alcoólica; embriaguez. “Saiu do bar na maior bala...”
Balaio de gato – confusão, desorganização, desordem (de pessoas ou objetos). “O escritório dele é um balaio de gato”.
Baleia – pejorativo: mulher muito obesa. “Orca”.
Bambu vestido – pejorativo: pessoa muito magra e alta.
Banana – indivíduo bobo, palerma, de pensamento e atitudes lentas. Letárgico. “Bananão”.
Bancar – 1- fazer-se de; simular que é algo. “Bancou o político, subiu na cadeira e começou a falar”. 2- assumir a despesa; pagar os custos de. “Pode trocar por minha conta. Se tiver diferença eu banco.”
Barata tonta – pejorativo: pessoa desorientada. Quem começa um serviço não o termina e já parte para outro e assim sucessivamente.
Barranco – pedaço grande de um certo alimento. “Nhaco”, “torete”. “Tirou um barranco de bolo e comeu”.
Bazulaque – pejorativo: pessoa desajeitada; pessoa excessivamente obesa. Vide: badulaque.
Beleléu – indicativo de fim ou sumiço. De paradeiro desconhecido. “Viajou pro norte e beleléu!”. “Foi pro beleléu!”.
Bicho do mato – sujeito anti-social. Quem não gosta de conviver com outros. Misantropo.
Bico! – interjeição de ordem de silêncio. Equivale a: “cala a boca!”. “bico fechado”.
Bigoloto – 1- espécie de bolo ordinário, de massa grosseira, estufado, ressecado. “Embatumado”, “balofo”. 2- por analogia ao bolo antes citado, diz-se, pejorativamente, de pessoas gordas.
Biriboca – de plausível origem indígena, indica local distante e sem civilização. Como lugar, equivale a “Aonde o Judas perdeu as botas”.
Biscate – “quebra-galho”. 1- serviço informal. Trabalho autônomo ocasional. Modo de ganhar um dinheiro extra por uma atividade sem registro trabalhista. “Fazer um biscate”. 2- amante, concubina, comunhão carnal com uma mulher fora do casamento. “Ter um biscate”.
Bitelo – grande, volumoso. “Pescou um bitelo d’um bagre lá no poção”.
Boboca – bobo, palerma, sem expediente. Ver: babaca.
Boca de latrina – pejorativo: 1- pessoa com forte halitose. Caso extremado de mau hálito. 2- pessoa que profere ofensas e palavrões com frequência. “Boca do inferno”.
Boi sonso – falso, fingido, dissimulado; que aparenta tranquilidade, mas esconde grande esperteza. Quem se faz de amigo, mas prejudica sorrateiramente. Um dito popular proclama como verdade: “Boi sonso é que arromba curral”, ou seja, de onde não se espera é que o perigo vem.
Bola sete – pejorativo: gordo, obeso. Referência à cobiçada bola do jogo de sinuca.
Bolo fofo – pejorativo: gordo, obeso.
Briga de foice no escuro – situação perigosa de conflito, onde não se sabe quem ganhará. Caso de difícil decisão e elevado risco.
Brutelo – o mesmo que ‘bitelo”. Abrutalhado, grande. “O garrote era um brutelo”.
Bucho – 1- estômago. “Encher o bucho” = comer em demasia. 2- útero. “Encher o bucho” = engravidar. 3- pessoa antipática, malquista. “Fulano é um bucho”.
Busundum – pejorativo: gordo, obeso. “Ôh, busundum!” (insulto: gorducho, gordão). 


* Texto: Ulisses Passarelli 

Um comentário:

  1. Foi de muita relevância esse material, aqui em casa foi só risada ao voltarmos a dizer esses termo do tempo do zagaio de gancho.

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