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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 2 de abril de 2014

Chicotes


Os chicotes observados na região de São João del-Rei, tem por matéria-prima couro cru e madeira. São peças de confecção totalmente artesanal. O relho ou tala de porte pequeno chama-se "piraí". 

Os chicotes além de serem ferramentas de trabalho de pastorícia, usados por boiadeiros, tropeiros, carroceiros e charreteiros, funcionam como objetos de firmeza espiritual nos terreiros de matriz religiosa afro-brasileira, simbolizando e evocando forças e radiação do "Povo da Campina" (Linha dos Boiadeiros). 

Modelos de chicotes observados nas Vertentes.
Da esquerda para direita: rabo de tatu, rebenque, tala, caipira, relho, chibata. 
Neste sentido, um modelo especial é o "relho de verga", feito com um pênis de touro, escarneado após abate para consumo da carne bovina, limpo do ligamentos. Os dois extremos são esticados, fixados a prego numa tábua e assim posto ao sol por duas semanas. Seco, é então raspado à lâmina de faca e furado para trespassar a tira de couro. É considerado uma peça que oferece grande firmeza ao dono, fazendo-o por analogia forte como um touro. Crenças desta estirpe se perdem na vastidão dos tempos. Naturalmente se prendem à ancestralidade humana. 

Relho de verga, São João del-Rei, 2000. 
Eram objetos odiosos no passado pelos mal-tratos infringidos a outras pessoas e animais de carga e montaria. 

O uso dos chicotes hoje baseia-se mais no respeito ao objeto que na agressão: o animal habitualmente obedece aos comandos apenas verbais ou ao estalo do chicote, na calçada ou na madeira lateral da carroça.

* Texto, desenho e fotos: Ulisses Passarelli

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