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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Referências Bibliográficas

Listagem de textos pesquisados 

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Posfácio



Após quinze anos de pesquisas sobre a Festa do Divino no Bairro de Matosinhos, ficou-me claro o êxito alcançado por aqueles pioneiros, os que prosseguiram e os que saíram, corroborados mais tarde por tantos que se tornaram festeiros ao longo desse período. O projeto inicial previa dez anos para completar o processo. Contudo, o previsto aconteceu antes da metade desse tempo. O restante do prazo foi trabalho de consolidação, para o qual contribuíram de forma indelével os voluntários e fiéis isolados (muitas vezes de outros bairros). Foi fundamental o apoio dos patrocinadores. Também não haveria êxito sem a ajuda de tantos setores da paróquia, das comunidades do grande bairro, dos grupos folclóricos e demais integrantes, tudo e todos em trabalho conjunto e obviamente do próprio pároco Pe. José Raimundo, raiz dessa experiência, antes mesmo da formação da comissão. 

É mister registrar outrossim o apoio da Prefeitura Municipal. Por outro lado o apoio dos órgãos envolvidos com a cultura ficou aquém das reais necessidades para um evento pujante, com força cultural de uma tal magnitude. Mas a festa é maior que essas dificuldades e prossegue. 

Ano a ano ela chama a atenção sobre si pelo imenso poder de agregar atrações as mais diversas, sob a força de um ideal, sob uma luz inefável que irradia do Poder Divino, que sem dúvidas é o que move cada fiel a participar, cada imperador a aceitar a responsabilidade da coroação, cada festeiro a trabalhar pela festa, cada dançante a exprimir sua fé com alegria, cada sacerdote a guiar seu rebanho nesta circunstância.
Nas entrelinhas da estrutura festiva é também possível averiguar, com imparcialidade, que não há mais margem para um crescimento acentuado, a não ser que uma mudança ousada e isenta de sentimentalismo seja feita na programação, para ganhar tempo nos eventos e entremeios, além de facilitar a organização de certos momentos cruciais, sem descaracterizar o núcleo temático da festa ou a sua identidade atual. Isto começou a se esboçar após 2010.
Houve uma desvirtuação (ao menos no plano teórico) do ideal do resgate histórico, quando ao longo do tempo foi dado aos congados e à missa inculturada uma relevância muito superior às demais partes da festa. É fato inquestionável a desigualdade das folias frente aos congados.
Showsfinais de grande porte deixaram margem à reflexão sobre sua validade de ordem prática, pelo pequeno retorno esperado de conteúdos simbólicos à festa, versus custos, infra-estrutura, dificuldades organizacionais, necessidades midiáticas e de segurança. A festa de 2009 apontou uma melhoria deste quadro.
A presença recente no meio do cortejo imperial de grupos para-folclóricos de percussão, entremeados aos congados não é aconselhável, como sempre frisam os folcloristas em semelhante prática. O para-folclore deve ter espaço e tempo próprios posto ser uma projeção estética da tradição popular, distinta da manifestação de raiz.
         As mudanças nos rituais da coroação nas últimas festas deram-lhe maior vivacidade, mas devem ser vistas com ressalvas para que no futuro não se tornem desenfreadas, por demais teatralizadas. Em vista disto em 2009 houve uma mudança positiva.
O espírito de fraternidade deve ser continuamente trabalhado, sem jamais perder de vista os ensinamentos religiosos à luz do Divino, para que o desejo do belo, do organizado não sobrepuje o lado religioso e o espírito de irmandade. Enfim é de se esperar que a festa não se torne um carnaval da fé. Essa a razão das observações aqui feitas.
A existência com êxito de uma festa deste porte, irrompida de longa letargia, demonstra a força da fé e do trabalho da gente brasileira, mineira, são-joanense, matosinhense. O jubileu, a persistir pelo menos assim como o vemos hoje, será sempre uma fonte inesgotável para evangelização e uma ferramenta educacional.
A Festa do Divino é mais um reflexo do nosso barroquismo, entendido em seu contexto mais amplo. É um raio de efusão do saber popular, harmonizado a uma fé motriz. É a coroação dos esforços conjugados, de fiéis e Igreja, como um só ser. O fiel é o ar, a Igreja é o pulmão. Esta é a unidade que o Espírito Santo traz.

Entrada do Cortejo, puxada pela Bandeira dos Imperadores,
ao centro. Jubileu do Divino, Santuário do Sr.Bom Jesus de Matosinhos,
São João del-Rei/MG.

* Texto: Ulisses Passarelli, 14/06/2010
** Foto: Iago C.S. Passarelli, 19/05/2013

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