Desde remota data, o homem dos meios rurais aprendeu a fazer objetos destinados a auxiliar sua labuta, tais como ferramentas, utensílios e engenhos. Não se trata de peças industrializadas mas de fabricação artesanal, em argila, madeira e metal, algumas seguindo a modelos vindos do velho mundo, adaptados à realidade de nosso país. Em outros casos é criação nossa.
A ergologia é uma parte da etnologia que se destina ao estudo das condições de trabalho em todas as suas dimensões ou perspectivas, mas ora, para este texto, perpassarei com brevidade os meios materiais de produção.
Por todo o Brasil (e não é diferente por aqui), o produtor rural se vale de pilões, monjolos, carros de bois, moendas, moinhos (munhos), fornos, balaios, arados artesanais e tantos outros objetos que se destinam a viabilizar o serviço diário ou a sua pequena indústria caseira. Na produção da rapadura, do sabão de bola, do azeite de mamona, da farinha, do polvilho, de biscoitos, no preparo da terra, no transporte... surgem as peças de aparência rudimentar, mas de grande criatividade e funcionalidade, cujo saber fazer e o modo de usar é transmitido de geração a geração, informalmente, num meio de existência legitimamente folclórico. Ainda usamos a palavra "engenhosidade" para indicar algo bem elaborado.
Hoje a modernização avança por todo o país e a mecanização do campo tem trazido novas perspectivas de trabalho. Então na maioria das vezes estas peças ficam abandonadas num canto da fazenda até a total destruição por ocaso ou são vendidas à cidade, para antiquários e lojas de artesanato, onde o freguês a adquire para servir de decoração. Em contraposição ao progresso tem então a propriedade de revivescer a imagem do ruralismo incipiente em nós, evocando em sua silhueta o cheiro do campo, em sua figura tosca o valor da terra e em sua simplicidade a memória camponesa.
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Carriola. Bairro Córrego, Santa Cruz de Minas / MG, 2000. |
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Engenhoca de moer cana de açúcar, modelo "quebra-peito", Içara (São Tiago / MG), 2001. |
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