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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sábado, 11 de outubro de 2014

Na minha terra se fala assim - parte 7

Bagunçar o coreto – esculhambar, produzir uma confusão, gerar problemas.
Barango (a) – cafona, de mau gosto, brega, de estética não convencional, fora da moda, espalhafatoso.
Baratinado – “Desbaratinado”, desorientado, sem rumo, sem saber como agir. Como uma barata que corre de um lado a outro sem saber onde se esconder.
Bicho de Sete Cabeças – situação hipotética de muita dificuldade, caso indissolúvel, impasse.
Boa carnadura – expressão que indica grande e rápida capacidade de cicatrização. “Fulano tem boa carnadura”.
Boa pinta – boa aparência, bonito, apresentável. “Fulano é boa pinta”. Por vezes, quando um homem quer se referir que outro é atraente para as mulheres usa dessa expressão como disfarce para não ter que assumir que o acha bonito.
Bom toda vida – expressão de intensificação daquilo que é bom: bom demais. Lugar excelente; alimento ótimo; pessoa extraordinária – são “bons toda vida”.
Bugiganga – objeto inútil, antiquado, tranqueira. Guardar bugiganga: colecionar souvenir.
Caçar chifre em cabeça de cavalo – procurar problema onde não existe; imaginar uma situação irreal onde de fato está tudo em normalidade; arranjar confusão.
Caçar sarna pra se coçar – entrar numa situação embaraçosa por si mesmo; procurar inadvertidamente caminhos que poderão complicar a vida.
Cafona – no sentido de barango, fora do padrão social vigente.
Cara de um, focinho do outro – “cara d’um, fucin’ do ôtro” é a pronúncia ordinária. Pode ter o sentido de semelhança física entre duas pessoas, como pai e filho ou irmãos por exemplo. Aparência semelhante.
Cara lavada – “Cara deslavada”. Despudorado, que não se envergonha, “cara de pau”, que não se importa em ser inconveniente.
Carango – gíria que significa veículo ruim, carro velho, automóvel antiquado, mas pelo qual se tem estima.
Carne de pescoço – indivíduo ruim, inflexível, atrevido, egoísta, que não mede esforços para alcançar um objetivo ainda que prejudique outros.
Casca grossa – grosseirão, sem polimento, mal educado, sem nenhuma gentileza.
Cata-cavaco – expressão indicativa de desequilíbrio ao andar, quase levando a uma queda ou a concretizando. “Sair de cata-cavaco”.
Catorze ofícios, quinze necessidades – diz-se do faz-tudo, homem de múltiplas habilidades desenvolvidas em razão das necessidades impostas pelas agruras da vida; aquele que trabalha muito, ganha pouco, é habilidoso e não tem seu valor reconhecido.
Céca – orgulho, frescura, nojo, asco, sentimento de superioridade. “Ele é cheio de céca, não come em casa de pobre”.
Cê-cê – mal cheiro, sobretudo do suor das axilas.
Chafosquento – delicioso. "O doce tá chafosquento". 
Chapado – o mesmo que chumbado. Bêbado.
Cheio de nhê-nhê-nhêm – cerimonioso, cheio de frescuras, não espontâneo. Vide o verbete seguinte.
Cheio de nove horas – cerimonioso; afeito a ritos cotidianos que impedem a naturalidade do viver.
Chumbar – beber em demasia, embriagar-se. “Saiu chumbado do bar”.
Cipoada – lambada, bordoada, correada, chicotada, chibatada.
Cobra fumar – situação de perigo ou ameaça extrema; iminência de conflito. “Agora que a cobra vai fumar”. 
Comigo é “um” ou “quarenta”; quer ver, experimenta... – expressão de ameaça que indica extremos, ausência de meio termo (diplomacia, perdão): o se é amigo ou não é, ou é leal ou não é.
Contar com o ovo no cu da galinha – se valer algo que não se concretizou; confiar numa situação virtual.
Corriola – gente sem valor, pessoas de poucas qualidades. Andar com corriola: conviver com pessoas desqualificadas.
Cri-cri – chato, inconveniente, aporrinhador, encrenqueiro.
Cubu – quitanda de roça usada na alimentação de trabalhadores braçais: bolo de massa grosseira, ressecado, mas que tem “sustança” (que sustenta, mata a fome). Seu aspecto é  pouco apetecível, estufado, de casca grossa e trincada. Por extensão e pejorativamente, aplica-se a mulheres muito feias.
Cuspido e escarrado – tal e qual, extremamente semelhante. Ver: Cara de um, focinho do outro.
Cutucar a onça com vara curta – abusar da segurança, arriscar-se demais, provocar um poderoso.
Da pá virada – “do arco da velha” (ver “do rabo da Velha”); irrequieto, hiperativo, que arranja soluções, que não se aperta ante as dificuldades; “safo”, sagaz.
Dançar de acordo com a música – agir conforme a circunstância induz. Comporta-se de acordo com o que o momento sugere.
Dar murro em ponta de faca – lutar contra um impasse; pelejar na resolução de algo que efetivamente não tem solução.
Dar na pituca – ter uma atitude ou ação repentina fruto de uma ideia nova.
Dar o troco na mesma moeda – não perdoar; retrucar no mesmo tom uma ofensa; vingar-se com os mesmos meios; “olho por olho, dente por dente”.
Dar passo maior que a perna – agir além dos limites; fazer algo adiante da função que lhe pertence; comprar algo além das posses financeiras.
Dar uma esfrega – bater. Agressão física ou verbal. “Deu nele uma esfrega que parou de fazer palhaçada”.
De cabo a rabo – expressão que indica totalidade, processo completo. “O delegado investigou o caso de cabo a rabo”. De ponta a ponta, do começo ao fim.
Dedel – termo intensificador: “bom pra dedel!” (muito bom); “runhe pra dedel”! (muito ruim)
Desinsarado – mal curado, que não completou o processo de cura, que não inteirou a melhora. Convalescente. “Ele piorou porque estava desinsarado e saiu na chuva".
Desmiolado – literalmente, “sem miolo”, de “miolo  mole”: sem raciocínio, fraco das ideias, imbecil, sem juízo, pouco inteligente.
Dia de São Nunca – expressão para indicar um dia imaginário que nunca chegará; uma data muito adiantada no futuro que não alcançaremos; data longínqua de uma pagamento ou de uma pessoa mudar de comportamento (situação improvável). “Ele vai parar de beber cachaça no dia de São Nunca”.
Dia-hoje – expressão que reforça a ideia de presente, agora, neste momento, hoje mesmo, ainda a pouco. “Dia-hoje encontrei com ela.”
Difluxo – secreção, corrimento. Estar com difluxo: expectoração.
Do cu riscado – travesso, hiperativo, de pensamento rápido, inimigo da letargia, sagaz. “Fulano é do cu riscado...”
Do rabo da velha – traquinas, “artioso” (que faz arte, no sentido de travessuras), ativo, esperto. “Menino do rabo da velha!”

* Texto: Ulisses Passarelli

Um comentário:

  1. Bom dia sou um amante dessas festas nos lugarejos da nossa região só que é muito difícil acompanhar as festas pela falta de difulgação, vc os calendatios das festas para me passar agradeço desde já, meu e-mail é patrickmarcalmelo@hotmail.com.

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