Sua jaculatória completa diz: “Deus pode! Deus quer! Eu também quero e posso e faço enquanto quiser!” (*)
A origem do termo não é clara e vem carregada de repulsa. Talvez o termo cabrugeiro possa estar corrompido: Caldas Aulete registra o verbete "cabungueiro" como: a) “indivíduo encarregado do despejo ou recolhimento de cabungos” (= penico, urinol, latrina); b) “sujeito porco ou desprezível” ... Aí estaria o sentido de opróbrio social aos praticantes?
Talvez, porém, seja alteração de "cabuleiro", praticante da cabula, religião mediúnica de matriz africana, origem banto, descrita no passado para o estado do Espírito Santo mas quiçá conhecida em outras paragens.
Noutra possibilidade, Cascudo registra no seu dicionário o verbete ‘caborje’ no sentido de amuleto, patuá, mandinga defensora. Cabrugeiro viria de “caborjeiro”, o feiticeiro que prepara caborjes?
De qualquer forma está implícito nesta oração a preocupação de se livrar dos encantadores, ao se enumerar vários estilos de práticas religiosas e exorcisá-las com palavras que apelam para o número cabalístico sete, símbolo da totalidade espiritual. A Oração do Peregrino visa abrir os caminhos dos empecilhos tramados pelos inimigos que trabalham na magia, com o mundo desconhecido, místico, espiritual, acreditando-se que rezando-a com fé, tais feiticeiros não terão poder, em hora nenhuma, amém!
Face de Cristo. Detalhe de um cruzeiro. Largo da Cruz (Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno). São João del-Rei/MG, 2013. |
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário Brasileiro de Folclore. Rio de Janeiro: Ediouro, [s.d]. 930p.
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Delta, 1978. 5v. 3998p.
* Informante: Elvira Andrade de Salles, Santa Cruz de Minas, 1995
** Texto e foto: Ulisses Passarelli
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