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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Gavião e o Sapo

Um boi pastava numa baixada. Enquanto isto, o gavião pousou no alto do galho e de lá desceu até o lombo do boi para catar carrapatos e bernes. Cata daqui, bica dali, o rapineiro tirava os parasitas do couro. No meio da grama tinha um sapo e o boi sem avistá-lo, pisou em cima dele. O sapo ficou chatinho com o peso e os olhos estatalados. O gavião perguntou: 

Sapo-cachorrinho (Physalaemus cuvieri).
Leptodactilidae. Serra de São José, Tiradentes/MG.
_ Uai, sapo, o quê que você está fazendo aí?
_ Tô apiando esse boi ... respondeu orgulhoso, fingindo uma força que não tinha.
_ E você lá tem força pra isso?!
_ Justamente. 

Nisso o boi mudou a mão de lugar e soltou o sapo, todo amassado. O gavião olhou bem para ele e falou: 

_ Quer saber de uma coisa? Não vou catar carrapato nesse boi mais não. Eu vou é comer você ...

E de um voo rasante e ligeiro meteu as garras no sapo e carregou ele pelos ares. 

Numa moita de capim logo adiante estava a mulher do sapo. Olhou para cima, viu o gavião passando com o almoço preso nos pés. Gritou: 

_ ôh, marido! Aonde você vai?
_ Eu não vou, ele é que me leva... 
_ Você volta aqui na terra?
_ Só se for cuspido ou escarrado, que eu tô com sete unha no ouvido encravado ...

Sapo-bode (Thoropa miliaris). Leptodactilidae. Serra de São José, Santa Cruz de Minas/MG.
Notas e Créditos

* Texto e fotos: Ulisses Passarelli
** Informante: Júlio Prudente de Oliveira, 1996, Santa Rita do Ibitipoca/MG.
*** Apiar, apiando: levantando, erguendo. Estatalado: arregalado, esbugalhado, saliente. Mulher do sapo: expressão vulgar para se referir à rã (conferir em: Os bratáquios no folclore)

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