Sob o título de
Festa do Carmo, festa querida, a postagem passada tratava de aspectos gerais da devoção a Nossa Senhora do Carmo e o desenrolar de suas festividades. O dia maior se concluiu ontem. O movimento de devotos e a qualidade do evento apresentado comprovaram, irrefutavelmente, que a festa é de fato querida.
Não é exagero qualificá-la entre as maiores e mais animadas da cidade, reveladora da força do cristianismo mariano. Também não é para menos. Do remoto 1727 correm notícias da existência de uma imagem da Virgem do Carmo venerada na Matriz do Pilar, quando existia a Confraria do Escapulário. O escapulário é uma peça religiosa de tecido usada pendente ao pescoço. É constituído de duas tiras ou cordões paralelos, em cujos extremos se prende de cada lado um pedaço de pano, num dos quais está estampado o emblema carmelita e no outro a imagem da Virgem do Carmo. As cores votivas são o marrom e o bege. Passado sobre as escápulas (daí seu nome), pende de um lado sobre o peito e de outro sobre as costas, protegendo o devoto pela dianteira como um guia e na retaguarda como um guardião. Existem escapulários de outras invocações, mas o do Carmo goza de especial confiabilidade entre o povo católico.
A Confraria do Escapulário passou à condição de irmandade em 1732, quando principiou a edificação da igreja própria e finalmente foi elevada a Ordem Terceira em 1746. O respeitável sodalício ainda vive em plenitude e prepara anualmente a magnífica festividade de seu orago, festa querida do povo são-joanense. Afinal, tradição se faz e firma com a repetição, seriedade e fé.
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Os fiéis aglomeram ao redor do imponente templo do Carmo, que se ilumina para a sua festa maior. |
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A Mãe Santa, em pesado andor florido, marcha pelas ruas ante palmas e persignações, carregada pelos terceiros carmelitas. O povo balbucia preces e súplicas à sua passagem. |
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Como um Prior Geral da Ordem, São Simão Stock também sai honrosamente às ruas coloniais em seu andor. |
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Da torre o sineiro observa o a festa, aguardando o momento do dobre. |
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Uma tradição: o tapete de serragem colorida estampa na pavimentação de pedra o brasão do Carmelo. |
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Cartuchos de amêndoa não podem faltar. Seu pitoresco colorido evoca a alegria da cultura popular e seu doce sabor nos remete à infância. |
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Em honra a Nossa Senhora do Carmo, fogos de artifício _ cascatas, apitos, rojões, lágrimas ... O andor paralisa a caminhada, recebendo o agrado e cedendo a graça. |
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Empunhando um conjunto de lanternas procissionais, os devotos aguardam a saída da procissão para compor um abre-alas, uma guarda de honra. |
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Movimento social nas barraquinhas de doces, comes e bebes, víspora e entre os tradicionais vendedores ambulantes, de milho verde, pipoca, balões multicores para a criançada, algodão doce, beijo quente, maçã do amor e amêndoas. |
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Diante do Mercado Municipal uma multidão passa lenta, serpenteando pelas velhas ruas, movida pela fé e embalada pelos acordes das bandas, como a centenária Theodoro de Faria, aqui retratada. |
Referências Bibliográficas
Piedosas e solenes tradições de nossa terra. São João del-Rei: Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, 1997. v.2.
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: Iago C.S. Passarelli
*** Veja também o vídeo: PROCISSÃO DO CARMO - SJDR - 2014
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