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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não disse que era querida? ...

Sob o título de Festa do Carmo, festa querida, a postagem passada tratava de aspectos gerais da devoção a Nossa Senhora do Carmo e o desenrolar de suas festividades. O dia maior se concluiu ontem. O movimento de devotos e a qualidade do evento apresentado comprovaram, irrefutavelmente, que a festa é de fato querida. 

Não é exagero qualificá-la entre as maiores e mais animadas da cidade, reveladora da força do cristianismo mariano. Também não é para menos. Do remoto 1727 correm notícias da existência de uma imagem da Virgem do Carmo venerada na Matriz do Pilar, quando existia a Confraria do Escapulário. O escapulário é uma peça religiosa de tecido usada pendente ao pescoço. É constituído de duas tiras ou cordões paralelos, em cujos extremos se prende de cada lado um pedaço de pano, num dos quais está estampado o emblema carmelita e no outro a imagem da Virgem do Carmo. As cores votivas são o marrom e o bege. Passado sobre as escápulas (daí seu nome), pende de um lado sobre o peito e de outro sobre as costas, protegendo o devoto pela dianteira como um guia e na retaguarda como um guardião. Existem escapulários de outras invocações, mas o do Carmo goza de especial confiabilidade entre o povo católico. 

A Confraria do Escapulário passou à condição de irmandade em 1732, quando principiou a edificação da igreja própria e finalmente foi elevada a Ordem Terceira em 1746. O respeitável sodalício ainda vive em plenitude e prepara anualmente a magnífica festividade de seu orago, festa querida do povo são-joanense. Afinal, tradição se faz e firma com a repetição, seriedade e fé. 

Os fiéis aglomeram ao redor do imponente templo do Carmo, que se ilumina para a sua festa maior. 

A Mãe Santa, em pesado andor florido, marcha pelas ruas ante palmas e persignações,
 carregada pelos terceiros carmelitas. O povo balbucia preces e súplicas à sua passagem.

Como um Prior Geral da Ordem, São Simão Stock também sai honrosamente às ruas coloniais em seu andor. 

Da torre o sineiro observa o a festa, aguardando o momento do dobre. 

Uma tradição: o tapete de serragem colorida estampa na pavimentação de pedra o brasão do Carmelo.

Cartuchos de amêndoa não podem faltar. Seu pitoresco colorido evoca a alegria da cultura popular e
seu doce sabor nos remete à infância.

Em honra a Nossa Senhora do Carmo, fogos de artifício _ cascatas, apitos, rojões, lágrimas ...
O andor paralisa a caminhada, recebendo o agrado e cedendo a graça. 

Empunhando um conjunto de lanternas procissionais,
os devotos aguardam a saída da procissão para compor um abre-alas, uma guarda de honra. 

Movimento social nas barraquinhas de doces, comes e bebes, víspora e entre os tradicionais vendedores ambulantes,
de milho verde, pipoca, balões multicores para a criançada, algodão doce, beijo quente, maçã do amor e amêndoas. 

Diante do Mercado Municipal uma multidão passa lenta, serpenteando pelas velhas ruas, movida pela fé e embalada pelos acordes das bandas, como a centenária Theodoro de Faria, aqui retratada.

Referências Bibliográficas

Piedosas e solenes tradições de nossa terra. São João del-Rei: Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, 1997. v.2.


* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: Iago C.S. Passarelli
*** Veja também o vídeo:                         PROCISSÃO DO CARMO - SJDR - 2014  

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