Notas e Créditos
Bem vindo!
Bem vindo!Esta página foi criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas, tampouco acadêmicas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.
ULISSES PASSARELLI
Outros trabalhos
domingo, 30 de dezembro de 2012
Folia do Divino da Rua São João
Notas e Créditos
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Felicitações
domingo, 23 de dezembro de 2012
Quem conta um conto aumenta um ponto...
* * *
Referências Bibliográficas
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 3.ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1984. 435p. p.256-273.
* Amarelo: covarde, medroso, ocioso - conforme o contexto.
** Texto e desenho: Ulisses Passarelli
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Congo do Caburu antigamente...
Cantiga da Paz
Oferecimentos & agradecimentos
* Texto e foto: Ulisses Passarelli
Explicações
Nótulas geográficas sobre São João del-Rei
DISTRITO | POPULAÇÃO (nº de habitantes) |
São Miguel do Cajuru | 1.114 |
Emboabas | 1.129 |
Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno | 2.586 |
São Gonçalo do Amarante | 810 |
São Sebastião da Vitória | 2.003 |
SUB-TOTAL: | 7.642 |
BAIRRO | POPULAÇÃO (nº de habitantes) |
Bonfim | 4.116 |
Centro | 7.958 |
Colônia | 7.002 |
Fábricas | 9.139 |
Jardim Central | 2.253 |
Matosinhos | 18.671 |
Senhor dos Montes | 6.335 |
Tijuco | 14.881 |
Sem especificação | 8.261 |
SUB-TOTAL: | 78.616 |
Vista parcial de São João del-Rei tomada da "Estrada do Cascalho", no final do Bairro Tijuco. Ao fundo, a Serra de São José. 10/11/2013. |
A estimativa de populacional segundo o site do IBGE para 2014 foi de 88.902 pessoas (acesso em 04/06/2015, 15:20 h).
A área do município é de 1.447 Km2. Além da sede, o restante da área está dividida em cinco distritos, que levam os nomes das vilas que os encabeçam: Emboabas, Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, São Gonçalo do Amarante, São Miguel do Cajuru e São Sebastião da Vitória, locais de muitas tradições.
Economicamente o que movimenta a cidade é o comércio e a prestação de serviços. O turismo tem sua contribuição, mas deseja-se que se torne mais forte. A indústria é pequena para a necessidade municipal, destacando-se a metalúrgica e têxtil. Predominam as micro-indústrias. É especialmente importante a produção de peças de estanho. A agro-pecuária com algumas exceções é de pequenas proporções e de efeito mais de subsistência ou de pequenas vendas. É polo microrregional de 4º nível. A exploração mineral que deu origem à cidade persiste, rendendo areia, caulim, argila, ouro, calcário, estanho, ocre.
Geologicamente predominam rochas do período pré-cambriano e nas áreas baixas - calhas fluviais (aluvião) - depósitos quaternários. A altitude municipal média está entre 900 e 1.100 metros, registrando-se extremos: 860m (estação ferroviária), 1.218 (Serra do Lenheiro), 1.283 (Serra dos Matolas) e 1.338 (Serra dos Olhos d’Água - ponto culminante do município).
A microrregião situa-se no Planalto do Sudeste, complexo da Mantiqueira. Destaca-se na microrregião a Serra das Vertentes, que tem rumo oeste, (Lagoa Dourada e Resende Costa), funcionando como divisor de águas do Rio Grande, São Francisco e Doce. De cada face sua, vertem águas para uma dessas bacias hidrográficas.
O clima é mesotérmico, Tropical de Altitude, variando as temperaturas médias entre 15,5º C (julho - mês mais frio) e 22,2º C (fevereiro - mês mais quente), atingindo porém picos. A média anual fica em 19,2º C. Na prática, temos verões chuvosos, com intervalos quentes entre os períodos de chuva (veranicos) e o inverno seco e frio (chegando a cair geada). Primavera e outono são relativamente nítidas e reconhecíveis pelo clima ameno intermediário. O índice pluviométrico anual é de 1.437 mm.
A vegetação já muito degradada misturava áreas de cerrado, campo de altitude (altimontanos) e rupestres, que são ainda usados para a pecuária extensiva; e mata tropical de encosta, quase extinta e outras vezes convertida em pequenas capoeiras, com o corte das árvores principais ou tendo mesmo aspecto secundário. Resistem raras matas de galeria (ciliares) ao longo dos rios. O cerrado foi em grande parte derrubado, convertido em lenha e mourão, desde a variedade típica até áreas restritas de cerradinho, cerradão e carrascal. Nas áreas baixas predomina a vegetação paludícola de várzeas e brejos.
A hidrografia tem como artéria principal o Rio das Mortes, que nascendo na Serra da Conceição (denominação local da Serra da Mantiqueira), a 1.200 metros de altitude, município de Santa Bárbara do Tugúrio, flui em sentido geral leste-oeste, indo desaguar na margem direita do Rio Grande, formador do Paraná, após o percurso total de 270km. Corta a microrregião de uma ponta a outra. Para ele convergem muitos outros rios menores, a saber: margem direita - Rio Carandaí, Rio Santo Antônio, Rio do Peixe, Rio Pirapitinga; margem esquerda - Rio Elvas e Rio das Mortes Pequeno. Além disto há muitos córregos, riachos, fios d’água. GUIMARÃES (1988) estudou magnificamente o assunto. Em São João del-Rei o destaque é para o Córrego do Lenheiro que atravessa a cidade de um extremo ao outro. O Lenheiro faz parte ativa de nossa história. Para ele convergem vários regatos. Outro destaque é o Ribeirão da Água Limpa que atravessa o Bairro de Matosinhos e capta as águas do Lenheiro.
* Texto e foto: Ulisses Passarelli
[1] - Wikipedia, 18/04/2012.
Rudimentos etnográficos: os amerabas
Explica GUIMARÃES (1987), que tais índios guerreiros foram um empecilho à livre entrada do dominador branco nessa região. Batalhas teriam ocorrido nas margens do nosso Rio das Mortes [2]. Deixaram muitas marcas inclusive na toponímia [3].
* Texto: Ulisses Passarelli
Um passeio histórico pelo Bairro de Matosinhos
Esboço Histórico Básico
Desde então, outros grupos de aventureiros fizeram tais viagens, que se acentuaram com a descoberta das minas, situadas na região das atuais cidades de Sabará, Ouro Preto e Mariana.
Ao longo dos caminhos estabeleceram-se feitorias e arraiais.
Vários autores aceitam que nos últimos anos do século XVII, em data incerta, estabeleceu-se um paulista taubateano de nome Tomé Portes del-Rei [4]nas margens do Rio das Mortes, no ponto onde se fazia sua travessia, local conhecido como Porto. Por ali passavam obrigatoriamente todos que iam e vinham das minas das cabeceiras do Rio das Velhas. Fundou uma espécie de estalagem, que era também fonte de abastecimento de víveres, para a longa e inóspita viagem. A história não registrou, mas foi certamente também nesse lugar, o centro de informações dos mais importantes para os viajantes sobre as condições da trilhada para diante.
Conquistada a confiança, firmado o respeito por seu nome, em 1701 [5]foi nomeado guarda-mor, a primeira autoridade local. Como tal era responsável pela cobrança do pedágio para travessia do rio por meio de canoas, que estavam sob sua responsabilidade. Essa taxa era em parte tributada à coroa portuguesa, donde o nome do lugar ter sido Porto Realda Passagem, situado na área do atual Matosinhos a apenas 1 km de onde seria mais tarde construída a igreja. O Porto foi indubitavelmente o primeiro núcleo de povoação.
Cabia ainda ao guarda-mor a tarefa de repartir as datas, isto é, lotes nos terrenos de mineração, controlando assim a exploração desordenada daquela riqueza mineral. Eis que se deduz, tal função estratégica não seria conferida a um estranho qualquer, forasteiro recém-chegado. Naturalmente precisou primeiro tornar-se confiável no lugar. Exceção feita à possibilidade ainda não registrada de já ter vindo de Taubaté com a função de guarda-mor, ou seja, nomeado e transferido para seu posto avançado de trabalho. Tomé Portes foi portanto o primeiro morador fixo, o primeiro comerciante e a primeira autoridade.
Em 1702, o minerador taubateano João de Siqueira Afonso, descobriu nas areias ribeirinhas sinais da presença de ouro no Ribeirão Santo Antônio, distante uma légua e pouco a leste do Porto, do outro lado do rio. A notícia espalhou-se rapidamente e para lá acorreram muitos, na esperança de enriquecer. Logo surgiu um arraial e coube a Tomé Portes como autoridade, fundá-lo e dividir as datas. Foi chamado Arraial de Santo Antônio, origem da atual cidade de Tiradentes.
Pouco depois, Tomé Portes foi assassinado por alguns escravos. Seus demais escravos vingaram-lhe a morte, matando os assassinos. Assume a guarda-moria o seu genro, Antônio Garcia da Cunha. A viúva retorna para Taubaté, vindo a falecer em 1728.
No ano de 1703, começaram a edificar no Porto Real da Passagem uma igreja, que se consagraria a Nossa Senhora do Pilar e serviria de matriz.
Em 1704 é a vez de dois descobertos auríferos: um no Ribeirão São Francisco Xavier (a cerca de uma légua ou pouco mais a oeste do Porto) e outro na vertente de um morro, na encosta de uma serra. Descobriram-lhes, respectivamente, o paulista Lourenço da Costa e o português Manuel João de Barcelos. O primeiro era negro forro e escrivão de datas do referido Antônio Garcia da Cunha. Foi o fundador da Irmandade do Rosário (1708), nosso mais antigo sodalício religioso. Também rapidamente se reuniram mineradores. Ali fundou-se um terceiro povoamento, o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar. Dito “novo” em confrontação ao de Santo Antônio, que ficou desde então cognominado “Arraial Velho.
Com esses descobertos, um grande fluxo de aventureiros era visto em deslocamento para a região, no sonho de enriquecer. Os três arraiais desse eldorado cresceram rapidamente: o Porto, o Velho e o Novo.
Nesse novo arraial, logo erigiram uma ermida rústica de pau-a-pique, coberta de sapé, consagrada à Virgem do Pilar, cuja imagem primitiva, até hoje existe, como se pode ver na sua atual catedral basílica. A dita ermida, feita de improviso, substituiu o projeto daquela outra de 1703, que se estava fazendo no Porto e assim ficou inacabada.
Os paulistas dominavam as maiores e melhores minas, com uma certa violência. Os não-paulistas, coletivamente chamados Emboabas (portugueses, baianos, fluminenses, etc.), também defendendo seu quinhão, logo entraram em atrito, resultando numa desavença armada, chamada “Guerra dos Emboabas”, entre os anos de 1707 e 1709 [6].
Os Emboabas estavam arranchados junto às minas (situadas no atual Alto das Mercês, em São João del-Rei). Os paulistas ergueram moradas mais distantes.
Durante um dos episódios tensos da contenda, a capelinha do Alto das Mercês foi queimada. Finalizada a refrega, afastados os paulistas, nova capela foi erguida, com a mesma devoção, dessa vez, ao que parece, onde era o acampamento dos paulistas, que levaram a pior na peleja. Presumivelmente ficava no Bonfim. Há quem afirme que esta outra capela já existia mesmo antes da guerra, mas parece pouco provável.
Após a guerra foi edificada uma fortificação pentagonal no Porto Real da Passagem com o temor de qualquer recidiva e naturalmente melhor defesa contra o tráfico mineral.
O Arraial Novo de N.S. do Pilar foi elevado a vila em 1713, com o nome de São João del-Rei, por ato de Dom Brás Baltasar da Silveira. O nome escolhido homenageava o Rei Dom João V, de Portugal. No ano seguinte uma ordem obriga os moradores do Porto a se mudarem para essa nova vila. O Porto cai então no abandono.
O século XVIII prossegue na febre do ouro. Tudo gira em torno do minério nobilíssimo. Novas jazidas são descobertas, mais caminhos abertos e ao seu comprimento surgem fazendas e tantas povoações. Os índios rareando; os negros aumentando, trazidos em sucessivas levas para a escravidão. Só na Mina do Barro Vermelho (atual Rua Cel. Tamarindo) foram cerca de mil, ocupados na dura servidão.
O último quartel desse século sentiu fortemente a decadência da exploração aurífera. Muitas vilas e arraiais desse período se estagnaram. São João del-Rei porém enveredou pela pecuária e agricultura de subsistência, mas sobretudo no comércio. Foi nessa época que se ergueu num platô, a apenas um quilômetro do velho Porto, uma capela sob a invocação do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, devoção de procedência portuguesa. Ali surgiu animada festa em Pentecostes, já numa economia urbana, embora guardasse em si, muitos elementos rurais. Desse festejo se ocupará este livro.
A centúria seguinte, esgotado o ouro, foi a vez do comércio ganhar vigor. São João tornou-se grande entreposto comercial da rota Rio de Janeiro – Sertão (centro-oeste e oeste de Minas), além de outras regiões mais longínquas.
Em 1838 a vila de São João del-Rei foi elevada à cidade. Por esse tempo Matosinhos firmou-se como um arraial pitoresco, aprazível, bucólico, cheio de chácaras grandiosas, com pomares afamados. Muitos procuravam esse lugar para cuidar da saúde, graças a sua tranqüilidade e pureza ambiental.
Terminando o século XIX, chega a estrada de ferro e também as primeiras indústrias, que caracterizariam o século XX até seus meados. O fim da escravidão tenebrosa nos traz o italiano, tantas e tantas famílias, estabelecidas em colônias nas vargens beira-rio: Marçal, Briguenthi, Bengo, Recondengo, José Teodoro, Felizardo e ainda, o Fé, mais retirado e o povoado do Barreiro. Dedicaram-se à agricultura. A seguir diversos italianos se estabelecem também na cidade.
Depois chegam migrantes libaneses, sírios, turcos, árabes, entregando-se ao comércio.
O século XXI chega com a bússola apontando para a atividade turística, que não se desenvolverá por milagre, mas só com muito trabalho em seu favor.
Em resumo e finalizando o tópico, pode-se assim organizar nossa cronologia básica, numa sinopse didática, tantas vezes confundida e polemizada:
* Texto: Ulisses Passarelli