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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Matadouro em Matosinhos

Abatedouro da Água Limpa

  
Por muitos anos o matadouro municipal funcionou em Matosinhos, na confluência das ruas Amaral Gurgel e Elói Reis, entre elas, o Ribeirão da Água Limpa (ao fundo) e a via férrea ao lado, exatamente onde hoje está o prédio do “Lares Solidários”.        


O matadouro de Matosinhos já em  princípio de demolição. 
Foto: jornal O Grande Matosinhos
   
Passarei apenas de passagem pelo assunto, que já foi abordado num estudo específico [1]. Apresento apenas umas notícias extras, ausentes no mesmo.

Uma proibição da câmara impedia que se matassem reses para consumo público fora do matadouro municipal. Em caso de transgressão a multa era de 20$000 [2]. Exigiam ainda licença para os açougues.

Sabe-se que antes de ser instalado em Matosinhos, funcionou ao final do Matola, na entrada da Caieira (Bairro São Judas Tadeu). Sua situação ali era precária. Uma resolução da Câmara Municipal de 05/02/1898 autorizava o agente executivo a proceder estudos e orçamente referente à mudança do matadouro, a serem apresentado posteriormente aos vereadores para deliberação (*). Mas a mudança não veio logo, tanto que um edital da câmara municipal datado de 01/03/1905 previa muitos reparos: calçamento, coberta do curral, fonte de água para o gado, outro curral ao lado do já existente para demora e abatimento de porcos, coberto e com água, cuidados com a higiene, manilhamento do esgoto até a praia, passeio de 1,30 m em redor do matadouro [3]. 

A resolução n. 317, de 25/02/1905, previamente autorizara as despesas previstas para esta grande reforma e novamente se cogitava a sua transferência de lugar [4]. O dinheiro vinha do “imposto de sangue”, assim chamada a taxa incluída nos serviços de abate.

Sua transferência para Matosinhos em 1910, aliviou os problemas mas não resolveu tudo. O jornal O Dia em 1913 (conforme recorte abaixo), anuncia a inauguração do novo Matadouro Municipal, possivelmente se referindo a uma ampla reforma ou reestruturação. Em 1920 começaram seus reparos: “em serviços no matadouro em palha e lenha foi gasta a quantia de 483$420” [5]. Outra notícia do mesmo ano diz que em pequenos consertos do matadouro e em tapumes do Pasto do Segredo, a Câmara gastou 281$250 [6]. Ao que parece, no local chamado Segredo (entre o Centro e o Bonfim), ficava o gado que seria conduzido à matança. No mesmo ano aparece notícia de pagamento de material e serviços a Mário Mourão e João d’Aldegan [7].

Ao longo de sua existência em Matosinhos o matadouro cheio de precariedades, passou por várias modificações visando melhorias, mas foi alvo de muitos protestos dos moradores, até que conseguiram retirá-lo por ordem judicial. Foi transferido para as margens da rodovia na Colônia do Bengo, em agosto de 1999.


Notícias jornalísticas sobre o matadouro municipal em Matosinhos.

Notas e Créditos

* Segundo o jornal são-joanense O Resistente, nº132, de 10/03/1898.
**Texto: Ulisses Passarelli 
*** Fonte jornalística: site da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida, São João del-Rei/MG.



[1] - PASSARELLI, Ulisses. Matadouro. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n. 11, 2005.
[2] - Código de Posturas da Câmara Municipal da cidade de São João del-Rei, 1887. Art.33.
[3] - O Repórter, n. 7, 05/03/1905.
[4] - O Repórter, n. 12, 09/04/1905.
[5] - O S.João d’El-Rey, n. 6, 22/04/1920.
[6] - O S.João d’El-Rey, n. 7, 29/04/1920.
[7] - O São João d’El-Rey, n.9, 13/05/1920. 

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