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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Carnaval em Matosinhos

Segundo HENRIQUES (2003) uma das primeiras expressões carnavalescas de Matosinhos foi o Bloco Aldeia Africana, que era organizado pelo popular “Zé da Igrejinha”, ao que parece, no primeiro quartel do século XX. Seu nome é ainda lembrado com respeito e admiração. Essa agremiação conservava valores da cultura afro-brasileira. 

Na década de 1930, informou-me pessoalmente o sr. Luís Pereira dos Santos, o mesmo Zé da Igrejinha montou outro grupo, conhecido como “Bloco do Tatu”, na região da atual Vila Santa Terezinha (então chamada Vila Nova). Dentre seus companheiros destacaram-se o baiano “Benedito Nhônhô” e Pedro Ernesto dos Santos, respectivamente avô e pai de meu informante, que cedeu ainda a fotografia reproduzida neste trabalho, datada de 1937, de autor não identificado. Por ela se observa o grupo, de forte apelo rural, dividido em dançantes portando enxadas, com chapéus de palha à cabeça; outro, segura uma antiga lanterna; um dançante metido sob uma carcaça alegórica, imitando um tatu, que dançava no arremedo dos gestos do bicho, e outro “bicho”, simulando um cachorro e por conseguinte, uma caçada ao tatu; e ainda músicos, com sanfona (tocada pelo próprio Zé da Igrejinha), caixa e pandeiro. Desde longa data, esse grupo folclórico está extinto.



Muitos anos adiante surgiu o Bloco Unidos de Chagas Dória. A concentração era próximo à estação homônima, na década de 1960. Muito animado com sua batucada, embora efêmero, foi decerto a semente da primeira escola de samba do bairro nos dizeres de populares (*). Esta surgiu em 1982 com o nome de Girassol.

No ano de 2006 ela escolheu a Festa do Divino como tema inspirador. Sob a presidência de Gilmar Tachinha, tendo como intérpretes Zezé, Luciano e Dé, levou para a avenida o samba-enredo “Toca Viola, Bate Tambor, a Girassol vai a Festa do Divino em Matosinhos”, de autoria de Dora Souza, Zezé da Girassol, Chiquinho e João Paulo. Desfilaram sete escolas de samba. Não obstante seus esforços, a Girassol ficou em penúltimo lugar na classificação. A outra agremiação do bairro, a Arco-íris (fundada em 2001), ficou em segundo, mas nas graças do povo seria a primeira colocada. Novamente em 2011 a Girassol tematizou a Festa do Divino terminando o carnaval como vice-campeã.

Em 2007 a Arco-Íris foi campeã. Nesse mesmo ano saiu às ruas uma nova agremiação, o Bloco dos Malas, da Vila Santa Terezinha, que persiste ativo. O Arrasta o Resto é um bloco que apesar de desfilar no centro da cidade, tem uma expressiva base com o pessoal do bairro, sobretudo do Pio XII. 

Cumpre por fim informar que desde aproximadamente a virada do milênio, vinha se realizando na Praça de Matosinhos um pré-carnaval, na sexta, sábado e domingo, que antecedem o momo oficial. Um palanque era armado para apresentações musicais e o som mecânico se espalhava por toda parte, graças a grandes caixas acústicas. A multidão se aglomerava e os barraqueiros infestavam. Com mais aspectos negativos que positivos foi em boa hora abolido.


Notas e Créditos

* Muito embora haja menção ao Chagas Dória como escola de samba e não bloco. Vide: São João del-Rei carnaval 2009, Prefeitura Municipal, ed. especial.
** HENRIQUES, José Cláudio. Bairro de Matosinhos: berço da cidade de São João del-Rei. São João del-Rei: UFSJ, 2003. 
***Texto e fotomontagem: Ulisses Passarelli

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