Animal típico do cerrado sul-americano, de hábitos crepusculares e noturnos, muitas vezes é vítima de atropelamento nas rodovias e de extermínio a tiro por parte de moradores da zona rural, sob o pretexto de supostos prejuízos que causaria na avicultura. Este tipo de pressão antrópica aliada à destruição do habitat tem levado este mamífero ao triste quadro de ameaça de extinção.
Na natureza alimenta-se de pequenas caças e frutos da lobeira (Solanum lycocarpum, solanácea).
Lobeira. |
O lobo motiva uma expressão popular, que os pais aplicam aos filhos mais crescidos quando cometem alguma besteira: “parece filho de lobo: quanto mais velho, mais bobo...”
Quanto à mitologia acerca do lobisomem é assunto para outra postagem.
Como o lobo tem as patas dianteiras (“mãos”) mais curtas, é veloz na corrida de ladeira, daí dizer-se que "lobo de morro acima ninguém pega", acontecendo o contrário nas descidas, curiosa observação do homem do campo, quando cães domésticos perseguem o lobo.
A fêmea protegendo crias é muito temida pela ferocidade. Diz o povo que o filhote do cruzamento de cachorra de casa com lobo é muito procurado pois é tido como o melhor cão de guarda, ferocíssimo.
Nas fábulas o lobo faz o papel de bruto, sempre enganado pela esperteza do mais fraco. Sua ferocidade nas narrativas populares não compensa a falta de inteligência. Neste aspecto vale a pena registrar uma variante da tradicional estória do lobo do cu queimado, esta informada em 07/07/2013 pelo sr. José Maria do Nascimento, natural da zona rural de Bias Fortes/MG, e aqui transcrita em suas palavras:
"O coelho estava amarrado para comer uma galinha gorda. Mas era mentira do coelho, porque eles queriam enfiar um ferro quente na bunda do coelho. Aí o coelho estava chorando. Chora daqui, chora dali... O lobo perguntou:
_ ô coelho, quê que está chorando aí? Porque eu tenho que comer quatro galinhas gordas, eu não aguento...
Aí o lobo...
_ então me amarra aí coelho, que eu vou comer! Isso pra mim é mole!
Ele pegou as galinhas e comeu. Ele ficou lá amarrado. Chegou o dono das galinhas enfiou o ferro quente na bunda do lobo. O coelho tá lá no espigão:
_ ô seu lobo do cu queimado! Ô seu lobo do cu queimado! (com voz debochada)
E o lobo lá com a bunda tudo queimada do ferro quente. Aí, o lobo falou:
_ uai, mas o coelho pintou, fazer isto comigo!
Mas o coelho toda vida é mais velhaco que o lobo..."
* Texto e foto: Ulisses Passarelli
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