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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Crispim & Crispiniano

Crispim e Crispiniano são santos irmãos, gêmeos, romanos, nobres, festejados a 25 de outubro. Fizeram pregações na França, onde foram martirizados, em Soissons, no ano 285/6 (certas fontes dizem 287), por decapitação, no império de Diocleciano, sob as ordens Maximiano Hércules. REZENDE (1970) descreve detalhes do longo martírio nas mãos de Ricciovaro, ministro de Maximiano, entre açoites, punções dolorosas sob as unhas e tentativas frustadas de matá-los em fervura e por afogamento. Sua vida só finda ao terem as cabeças decepadas.

Antônio Gaio Sobrinho, atendendo gentilmente a um pedido meu, em comunicação pessoal, passou-me proveitosas informações desses santos, das quais ora transcrevo o seguinte:


suas cabeças foram levadas para a Igreja de São Lourenço, em Roma, enquanto os seus corpos teriam permanecido em Soissons, onde mais tarde, pelo século VI, lhes foi erguida pelos sapateiros, uma igreja. Igual irmandade, em 1560-1572, lhes construiu também uma igreja em Lisboa”. (...) Sua ligação com os sapateiros é, segundo consta, porque, para não sobrecarregarem os fiéis com a despesa de sua alimentação, trabalhavam durante as horas vagas, como sapateiros. (...) Atribui-se a um possível milagre destes santos o tradicional costume de se colocarem na chaminé, em vésperas de Natal, os sapatinhos das crianças para receberem presentes. O costume surgiu quando, numa véspera de Natal, eles, perseguidos por bárbaros, se refugiaram num casebre rural, onde vivia uma pobre viúva com duas crianças, descalças, porque até seus tamanquinhos haviam sido utilizados para acender o fogão para preparar-lhes uma humilde refeição, inclusive com a pouca matula que eles mesmo traziam consigo. De madrugada, antes que a viúva se levantasse, eles já haviam tomado estrada. Quando a mulher se levantou e se aproximou da chaminé (...) ficou maravilhada ao ver ali dois pares de sapatinhos que os dois irmãos santos, durante a noite fizeram para as crianças. E mais, os sapatinhos estavam cheios de moedas de ouro." 


São considerados protetores dos sapateiros, segundo tradição medieval. REZENDE (1970) informou que de sua tenda de sapateiro, os gêmeos convertiam a população posto terem grande freguesia:


"faziam da sua banca de trabalho uma cátedra evangélica, e com tal persuasão pregavam, que, duarnte quarenta anos de apostolado amável e insinuante, fizeram toda aquela gente desertar os templos pagãos, deitar por terra os ídolos, convertendo-se à adoração do verdadeiro Deus toda a cidade e redondeza." (p.195)


Em São João del-Rei, os sapateiros festejavam esses gêmeos. O jornal O Repórter, n.39, de 28/10/1906, publicou uma nota dizendo: 


“Um grupo de rapazes desta cidade, officiaes de sapateiro, desde annos atraz crearam aqui a festa de S.Chrispim, padroeiro da classe, e este anno ella cresceu de brilho e solemnidade. Constou a festa, realizada no dia 25 [de outubro], na Matriz, de missa com musica e á tarde Te Deum Laudamus, tendo funcionado uma esplendida orchestra organizada com profissionaes de um e outro côro; isto é, de musicos da Orchestra Ribeiro Bastos e da Lyra Sanjoannense, todos sapateiros”. 


Uma outra notícia desta festa é oferecida por outro jornal desta cidade, A Tribuna, n.692, de 25/10/1925:


Agora, são os sapateiros que vão homenagear o seu padroeiro, estando programmatizados para hoje, consagrado a S.Crispim e S.Crispiniano, diversos actos religiosos, que serão encerrados com uma luzente procissão e um solemne  "Te Deum Laudamus". 


A adoção de um patrono para uma classe profissional é um costume enraizado na Idade Média, das corporações de ofício com seus mestres, aprendizes e um santo patrono. A mesma nota supra, por exemplo, dá conta que no dia 16 daquele mês e ano os alfaiates da cidade haviam promovido os festejos de São Geraldo, "protetor da laboriosa classe." (*)

A festa dos gêmeos não é mais realizada. Aliás, já quase não há sapateiros. 

A Igreja canonizou outros quatro santos com o nome de Crispim, além de São Críspulo e Santa Crispina, com os quais não devem ser confundidos. 

Nas religiões de matriz africana são festejados sem nenhuma ligação com os sapateiros mas sim com a infância. No candomblé estão sincretizados com o orixá das crianças e gêmeos, Ibeiji, em paridade a São Cosme e São Damião. Na umbanda são venerados na Falange das Crianças (erês), da Linha de Oxalá

“Cosme e Damião!  
Oi, Doum! 
Crispim, Crispiniano, / 
São os filhos de Ogum!”. 


Foi com esta releitura que a devoção chegou aos dias atuais, voltada para a proteção infantil.

Sua oração consta no tradicional livro de preces espiritualistas “Cruz de Caravaca da Capa Preta” e pede pelas tantas... “união, concórdia e confiança”, graça que teriam alcançado pela intercessão da Virgem Maria. 

Referências Bibliográficas

CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. 2.ed. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1982. 2v.
REZENDE, José Severiano de. O meu flos sactorum. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1971. 258p.


Notas e Créditos

* A ofício de alfaiate tem menção muito antiga em São João del-Rei. Sebastião Cintra informa uma licença  concedida pela Câmara em 26 de março de 1719 a Manoel André, "para abrir sua loja e para exercer seu ofício de alfaiate." 
** Texto: Ulisses Passarelli

2 comentários:

  1. Amansar e trazer de volta
    Pelos poderes de SÃO CIPRIANO e das três malhas que vigiam SÃO CIPRIANO, (Fulano = nome da pessoa amada) virá agora e imediatamente atrás de mim. (Fulano = nome da pessoa amada) vais vir de rastos, apaixonado, cheio de amor, de tesão por mim, vais voltar para mim e pedires-me perdão (ex: por tudo o que me fizeste passar, por me teres mentido...) e para (fazer o seu pedido – ex.: me pedir em noivado, em casamento) o mais rápido possível.
    SÃO CIPRIANO, fazei com que (Fulano = nome da pessoa amada) esqueça e deixe de vez qualquer outra mulher ( se for um homem a rezar substitui por homens, esta regra Serve para gays, lésbicas e afins) que só eu ( fulano de tal= seu nome) possa estar em seu pensamento, só a mim amando. SÃO CIPRIANO afastai de (fulano= nome da pessoa amada) qualquer mulher, que ele me procure a todo momento, hoje e agora,desejando estar ao meu lado, que ele tenha a certeza de que sou a única mulher da vida dele.
    São Cipriano, fazei com que (fulano= nome da pessoa amada) não possa viver sem mim, que não possa sossegar nem descansar, em parte alguma consiga estar, sem que tenha sempre a minha imagem em seu pensamento e em seu coração, em todos os momentos.
    Que ao deitar, comigo tenha de sonhar, que ao acordar, imediatamente em mim tenha de pensar, só a mim possa desejar e apenas comigo queira estar.
    São Cipriano, que (Fulano.nome da pessoa amada) pense em mim em todos os momentos de sua vida.Que (fulano.nome da pessoa amada) queira me abraçar,me beijar,cuidar de mim,me proteger,me amar todos os minutos,todos os segundos,de todos os dias de sua vida.Que me ame a cada dia mais e que sinta prazer somente comigo.
    SÃO CIPRIANO faça (Fulano.nome da pessoa amada)sentir por mim amor, carinho e desejo,como nunca sentiu por nenhuma outra mulher e nunca sentirá.
    Que tenha prazer apenas comigo,que tenha tesão somente por mim e que seu corpo só a mim pertença,que só tenha paz e descanso se estiver comigo.
    Agradeço-te SÃO CIPRIANO por trabalhares a meu favor e divulgarei teu nome em troca de amansar (Fulano.nome da pessoa amada) e trazê-lo apaixonado,dedicado,fiel e cheio de amor e desejo aos meus braços. Peço-te meu glorioso São Cipriano para que (Fulano.nome da pessoa amada)volte para mim,para o nosso namoro/ nosso amor/ nosso casamento,o mais breve possível.
    Peço isso do fundo do meu coração,aos poderes das três malhas pretas que vigiam SÃO CIPRIANO

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