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Bem vindo!Esta página foi criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas, tampouco acadêmicas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sábado, 21 de fevereiro de 2015

Gameleira

Gameleira branca ou figueira brava são nomes aplicados a algumas grandes árvores moráceas, principalmente do gênero Ficus, cuja madeira macia é usada em artesanato para esculpir artefatos de cozinha, tais como colher de pau e outros, e principalmente gamelas, donde procede seu nome. As adjetivações referem-se à cor clara da madeira ("branca") e aos frutos parecidos com figos, mas não comestíveis ("brava"). 

Na religiosidade de matriz africana é considerada uma árvore sagrada, morada do orixá Irôco, nos cultos de nação, além de ser domínio dos exus entidades, nas tradições umbandistas. Na raiz de gameleira se faz feitiço para amarrar o inimigo; ou se quebra uma demanda contrária...

Um ponto de congado de São João del-Rei, que o saudoso Capitão Luís Santana cantava, aludia à árvore em questão: 

“Êh, gamelêra! 
          Gamelêra é galho só...” - bis 


O sentido é meramente provocativo: a gameleira é frondosa, agigantada, de bela copa, mas a madeira é fraca, de pouco valor, apodrece fácil. Daí se aplicar ao congado rival, que só tem beleza externa ("galho só...") mas não tem bom cerne, essência, força. 

Da gameleira o povo extrai a seiva para produção de uma espécie cola levada ao fogo em fervura, o visgo, que noutros tempos se usava para pegar pássaros, esfregando a substâncias nos poleiros habituais, onde, ao posar, as pobres aves ficavam coladas. Felizmente a consciência ecológica tem abolido tal prática. 

Tronco e raízes de uma gameleira.
São Gonçalo do Amarante (São João del-Rei/MG). 

Créditos

- Texto: Ulisses Passarelli
- Fotografia: Iago C.S. Passarelli, out./2014.

Notas

- Revisão: 08/07/2025. 

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