Bem vindo!

Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Fieira: à guisa de verbete

1- Polia, correia, cordão que liga rodas e roldanas no rústico maquinário popular, fazendo a transmissão do movimento, como nas rocas e raladores de mandioca ("caititu"). 

2- Fila indiana, disposição de pessoas, objetos, animais um após ao outro. Enfileirado, “fiêra de gente”. Neste sentido há este canto de congo

Marungo do mar, 
que brinca bem, 
puxa fiêra, 
reinado en’vém! 
(São Gonçalo do Amarante, São João del-Rei, 2011)


No distrito são-joanense de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno este canto tem a variante "Marinheiro do mar" no primeiro verso. Parece ser uma citação ao personagem mouro. Analogia de suas vestes vermelhas e o costume de correr atrás das crianças com o marungo das folias (palhaço). 

3- “Enfieira”, “enfiada de peixes”. Na técnica de pesca artesanal de subsistência, certa quantia de peixes presos a um cordão, arame ou ramo desfolhado, passando-se pela abertura das guelras e saindo pela boca, ficando os peixes sobrepostos. No extremo oposto deve haver um batente, tal como um gancho ou nó, impedindo que o primeiro peixe enfiado saia desarmando a enfieira. No nordeste brasileiro dizem embiricica, sendo porém mais aprimorada: o cordão tem um dos extremos preso a um ferrinho ou arame usado para trespassar o peixe e se fincar no barranco do rio, à beira d’água. O outro extremo é preso a uma bóia. Assim o peixe permanece vivo dentro da água, sem fugir, preso entre a bóia e o finco. A enfieira e a embiricica são heranças indígenas, que as chamavam pirapixama. É uma opção improvisada, substituindo o tradicional samburá.

Carás e lambaris numa enfieira.
* Texto e fotos: Ulisses Passarelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário