As informações sobre o assunto do título procedem de 1998 e me foram passadas por "Cida Salles" (Maria Aparecida de Salles Passarelli), minha esposa, conforme assistiu em sua infância, com o reforço de informações gentilmente prestadas pela organizadora. As informações levantadas, mesmo fragmentárias, indicam que este trabalho tinha objetivo didático, a nível de ensino pré-primário, no âmbito da Escola Estadual Amélia Passos, organizado pela professora Carmem Lúcia, aproximadamente em 1982-3.
Por oras só é possível informar sobre duas personagens. A Florista era representada por uma menina com vestido rodado, de aspecto singelo, tecido estampado de flores miúdas, tipo “Mamãe Dolores”, coberto de avental. Carregava um cesto cheio de flores. De andar faceiro, de um lado a outro, balançava-o, fingindo caminhar pela rua a vender flores. Um menino de calça, camisa e suspensório, com ela contracenava, enlevado ingenuamente. Cantavam em idílio:
- Eu sou a Florista,
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- Se tu queres flores,
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flores estou vendendo!
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passa-me um tostão!
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- Venha cá menina,
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- Não quero flor nenhuma,
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que por ti estou morrendo...
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quero é teu coração...
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Em “se tu queres”, acenava com o indicador com ar de aviso e
em “passa-me” abria a mão pedindo o dinheiro. O menino na negação indicava com
o dedo e depois punha a mão no peito, no coração. A música era idêntica à dos
mesmos personagens que exitiam no grupo São João del-Rei, do Conjunto IAPI
(Bairro das Fábricas), organizadas por “Dona Glorinha” (Maria da Glória Viegas
da Silva). Porém neste, a parte do garoto era feita pelas Pastoras em coro,
quebrando um pouco a sugestiva espontaneidade da cena. Portanto, em Santa Cruz, a dramatização deste episódio era mais natural.
As Borboletas tinham cores identificadoras nos trajes: colã e saiote, este de papel-crepon, antenas e asas postiças, de material translúcido. Eram quatro, cada uma de uma cor: amarela, verde, azul e branca. As crianças formavam um círculo, com as Borboletas ao centro. Durante o refrão (primeira quadra abaixo), dançavam abanando as mãos como que imitando o bater de asas. Nas quadras solistas, conforme a cor especificada, a respectiva Borboleta se destacava das demais para cantá-la, voltando depois ao refrão. Por fim uma estrofe coletiva.
Borboleta bonitinha,
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Eu sou a Borboleta,
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saia fora do jardim,
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azul da cor do céu,
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vem cantar para as crianças
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eu vivo entre as flores
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nesse dia tão feliz!
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procurando doce mel!
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Eu sou a Borboleta,
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Eu sou a Borboleta,
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amarela da cor do ouro,
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branca na cor da paz,
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eu vivo entre as flores,
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eu vivo entre as flores
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procurando meu tesouro!
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procurando brisa leve!
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Eu sou a Borboleta
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Nós somos Borboletas,
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verde da cor da mata,
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Borboletas multicores,
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eu vivo entre as flores,
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saudando a primavera
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procurando mil sabores!
É importante frisar que trabalhos como este são altamente louváveis e dignos de aplausos, e que sejam feitos por muitos professores, porquanto, a riqueza cultural encontrada no folclore, nas tradições do povo, na cultura popular enfim, fornece rico material não só para pesquisa mas também para ação didática, que sem dúvidas contribui para a formação do saber.
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
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