Bem vindo!

Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Ipês colorem o inverno seco

Aqui nas Vertentes, como aliás em muitas outras regiões brasileiras, esta é a época de floração dos ipês. Coincidem com o nosso inverno, frio e seco. Quando os cerrados ganham tom de palha pela secura do tempo; quando as matas esmaecem a intensidade de seu verde, então os ipês colorem tudo com uma florada que muda por completo a aridez da paisagem. 

De longe se avista a árvore florida: amarela, roxa (rosa, lilás...), branca - cores dominantes dos grupos de plantas. A paisagem de inverno ganha sua marca na zona rural em plena natureza e na urbana ornamentando jardins particulares, parques e praças públicas. O predomínio é o seguinte: o ipê-roxo floresce primeiro, em julho; o amarelo em agosto e o branco em setembro. Entre plantas que adiantam e outras que atrasam, por vezes os vemos floridos juntos. 

O nome ipê tem procedência indígena, de base tupi, significando "árvore cascuda" (y-pé ou yb-pé). A madeira é valorizada pela grande rigidez e resistência à putrefação e ao ataque de insetos xilófagos, tendo usos diversos em marcenaria fina, produção de dormentes, carroçaria, tacos, moirões, cabos para ferramentas, construção civil, postes, esteios, etc. Os índios a usavam para produção de arcos para suas flechas daí o sinônimo que corre Brasil afora e sobretudo no Nordeste, "pau d'arco". 

O povo emprega a madeira em muitos usos, até para peças de carros de boi. A casca do ipê-roxo tem fama medicinal na cultura popular, fervidas as lascas e tomada como expectorante e anti-tussígeno. O ipê-amarelo do cerrado (ipê-caraíba), mais baixo e tortuoso, de flores de tonalidade intensa, é tido como árvore sagrada, votiva dos caboclos, procurada para aos seus pés receber oferendas, firmezas e preces. 

Os ipês são árvores bignoniáceas, reunidas no gênero Tabebuia, com muitas espécies. Algumas estão em outros gêneros como Tecoma e Zeyheria. Ideais para paisagismo e reflorestamento seu valor é de grande importância no equilíbrio ecológico para atrair abelhas e beija-flores, embelezar o ambiente e hospedar epífitas em seu tronco, tais como bromélias e orquídeas servindo de suporte à fixação de suas raízes. 

1- Ipê-roxo. Avenida Presidente Tancredo Neves,
Centro, São João del-Rei/MG. 29/06/2016. 

2- Ipê-amarelo. Povoado das Bandeirinhas
(São João del-Rei/MG). 22/08/2013. 

3- Ipê-branco. Adro da Igreja de São Francisco de Assis,
Centro, São João del-Rei. 04/09/2015. 

4- Ornamentação do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em
São João del-Rei durante as comemorações do jubileu do padroeiro.
Montagem manual em papel-crepon amarelo sobre um galho seco, imitando um ipê.
Esta ornamentação estava nos quatro cantos do altar-mor. 14/09/2014. 

5- Detalhe tomado do ipê artesanal citado na foto anterior. 

Referências Bibliográficas

SAMPAIO, Teodoro. O Tupi na Geografia Nacional. Introdução e notas de Frederico G. Edelweiss. 5.ed. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1987. 359p. p.251

SANTOS, Eurico. Nossas Madeiras. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. Coleção Vis Mea in Labore, v.7. 313p.il. p. p.156- 161. 

Referências na Internet

Ipê. Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ip%C3%AA (acesso em 03/08/2016, 17:25h)

Tabebuia. Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabebuia (acesso em 03/08/2016, 17:25h)

Notas e Créditos

* Texto e fotografias 1, 2, 3, 4: Ulisses Passarelli
** Fotografia 5: Iago C.S. Passarelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário