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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ditados - parte 4

A cruz é de Pedro, Pedro carregue... – cada um deve conduzir seus próprios problemas. A tarefa de uma certa pessoa deve ser entregue a ela para ser cumprida. Não se assume atribuições alheias a troco de nada. 

A mão que faz o mal feito faz o bem feito - está ao alcance de todos fazer o certo e o errado, o bom e ruim. A ação deve ser sempre positiva, bem feita.

Amigo meu não tem defeito; inimigo, se não tiver, eu ponho – a amizade verdadeira goza de todos os benefícios e complacências. A inimizade é encarada como veto absoluto ao relacionamento.

Aqui se faz aqui se paga – sentença de justiça divina: o castigo aos maus atos acontece na própria vida terrena e não futuramente no inferno.

Casa de pouco pão, todo mundo come, ninguém tem razão – onde impera a miséria o desentendimento se alia para produzir a discórdia.

De hora em hora, Deus melhora – confiando em Deus em nossa vida, sempre advém uma melhoria.

De tanto pensar morreu um burro – a busca de soluções parte em grande parte da ação. Planejamentos e reflexões muito extensos sem ação se tornam inócuos.

Devagar se vai ao longe – trabalhando sempre, agindo continuamente, se alcança bons resultados. A pressa não traz bons frutos.

Dos males o menor – quando é impossível uma situação favorável, se opta ou caminha para a menos ruim, aquela que trará danos menores. Referência parcial ao conformismo.

É igual inhambu: tampa a cara e mostra o cu – diz-se da pessoa que em dada situação não enfrenta o problema de frente, tentando fugir às consequências e responsabilidades.

Em festa de cobra, sapo não entra – entre poderosos o pobre não tem vez. Quem não tem prestígio não prospera entre pessoas influentes.

Estar no mato sem cachorro – estar sem recurso, desamparado, sem saída para uma situação embaraçosa.

Evita dos ares que eu te evitarei dos males – não se deve buscar problemas e embaraços. Com isto se busca livrar das dificuldades (*).

Faça o bem, mas olhe a quem – as benesses não podem ser distribuídas aleatoriamente. O bem se faz a quem o merece.

Filho feio não tem pai – não aparece culpado ou responsável por insucessos. Projetos de resultado inesperado e negativo não são assumidos por ninguém. 

Galinha que acompanha pato morre afogada – variantes: “passarinho que acompanha morcego dorme de cabeça para baixo” e “passarinho que acompanha joão de barro vira servente de pedreiro”. Sentido: quem acompanha uma pessoa experiente ou esperta em uma aventura se dá mal.

Guerra avisada não mata soldado – quando já se sabe de uma demanda ou perigo, se vai prevenido para enfrentá-lo.

Há males que vem para bem – uma situação desfavorável pode a um dado momento se reverter favoravelmente ao lado prejudicado.

Mais vale perder um minuto na vida que a vida em um minuto – ditado contrário à pressa, induzindo a calma, a observação da situação. Indicativo de cautela.

Mais vale um inimigo declarado que um amigo falso – é melhor lidar com quem já se sabe contrário do que com aquele que simula estar junto mas em verdade também é um opositor.

Na casa desse homem quem não trabalha não come – dito em tom pejorativo para se referir à casa que uma vez visitada, não trata a visita com cortesia, não recebendo sequer um cafezinho. Diz-se também da falta de hospitalidade e benevolência: só depois de muito serviço se recebe alguma retribuição.

Não dá para quem vem a pé, quem dirá para quem vem a cavalo – referência à miséria. Diz-se do que é parco.

O apressado come cru – a pessoa afobada não alcança resultados plenos. A falta de paciência não permite que se colha um resultado amadurecido.

O bom filho a casa retorna – provérbio de inspiração bíblica, na parábola do Filho Pródigo. A pessoa depois de aventuras na vida e dissabores, volta à sua origem.

O burro quando dá coice é porque está cansado do arreio – quando a pessoa reclama de uma situação e reage contra ela é porque já não suporta a opressão que está sofrendo.

Onde há fumaça há fogo – rumores indicam um fundo de verdade no que está sendo propalado.

Para Deus nada é impossível – Deus tudo pode: através da fé se vence qualquer obstáculo.

Para ver o diabo não precisa madrugar – sentença enunciada quando logo de manhã bem cedo começam os problemas do dia, ou quando ao início do dia se avista um desafeto.

Pelo barulho do carro de boi, eu já sei o que vem dentro – pelo rumo dos acontecimentos já se prevê o desfecho.

Pra quem é bacalhau basta – pejorativo: para quem não se destaca, não adianta a melhor situação ou coisa: qualquer improviso já tem validade.

Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece – enunciado para a sequência de problemas; referência à continuidade de aparecimento de novas contrariedades.

Quem anda com peixe, peixinho é – quem se mistura com certo tipo de gente, se comporta igualmente como tal.

Quem casa não pensa; quem pensa não casa – referência aos dissabores e inconveniências de um casamento oficialmente estabelecido e em situação de fracasso.

Quem espera sempre alcança – a esperança leva ao resultado pretendido.

Quem está na chuva é para molhar – quem está dentro de uma situação ou cargo não tem como escapar das condições correlacionadas e consequências pertinentes; ou seja, não apenas colhe bons resultados mas também passa suas vicissitudes.

Quem é vivo sempre aparece – referência à presença inesperada de quem a muito não se via.

Quem faz o lugar é a pessoa – a pessoa por seu comportamento e pelo círculo de amizades e respeito que constrói pode transformar um lugar ruim para ela viver em um bom local.

Quem mora na estação dá pousada a assombração – quem frequenta lugares inadequados alcança dificuldades para si.

Quem não gosta de criança, não gosta de Deus – a criança é fruto do amor humano e a esperança futura de continuidade da vida. É a maior bênção que Deus pode dar. Inspirado no amor que Jesus Cristo ensinou pelas crianças.

Quem não te conhece que te compre – quem não conhece os defeitos de uma certa pessoa que se habilite a conviver com ela como se fosse uma pessoa excelente. Diz-se em uma discussão a quem simula uma bondade que não tem.

Quem planta vento colhe tempestade – quem trama o mal receberá esse mal em retorno futuro ainda mais fortemente.

Quem ri por último ri melhor – a vitória aparece no final de um processo no qual se foi humilhado.

Quem tem boca vai a Roma – aquele que não se inibe e busca se informar e conhecer segue adiante na vida alcançando os objetivos almejados.

Quem tudo quer nada tem (ou: quem tudo quer tudo perde) – ao excessivamente ganancioso, imbuído de elevada pretensão, a vida reserva o fracasso total.

Quem usa, cuida – quem usufrui tem a obrigação moral de zelar por aquilo que usa.

Saco vazio não para em pé – a boa alimentação garante a energia necessária às tarefas e ao bom desempenho.

Se andares com os bons será um deles; se andares com os maus será pior que eles – cada um deve se relacionar com as pessoas de índole igual ou melhor, nunca pior.

Se não pode com ele junte-se a ele – se não puder derrotar um inimigo então se deve juntar ao mesmo por questão de necessidade de sobrevivência.

Um homem prevenido vale por dois – a pessoa com expediente para resolver as mais inusitadas dificuldades é mais útil que várias pessoas inertes ante o problema. Mais vale aquele que preveni uma adversidade com precauções, que aquele que deixa acontecer para depois tentar resolver.


Notas e Créditos


** Texto: Ulisses Passarelli 

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