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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Finados no Quicumbi

Em geral, nos cemitérios como um todo, o dia primeiro de novembro é o de maior movimentação no ano em razão do feriado de Finados. O fluxo de visitantes é enorme. É gente que vem relembrar os entes queridos, rezar pelas almas, limpar e enfeitar as lápides. 

Em São João del-Rei e cidades vizinhas em todos os campos santos se observa o mesmo. Mas ora tomemos por foco o Cemitério Municipal, no Bairro das Fábricas, popularmente conhecido por Quicumbi. Devido ao seu maior tamanho e número de sepultados, naturalmente acolhe mais devotos e visitantes.

Já na entrada há um imenso burburinho de gente entrando e saindo e ambulantes vendendo flores e velas, refrigerantes e água mineral, picolés e sorvetes. Muitos carros e motocicletas andando lento em frente procurando estacionamento. Muita gente chegando de bicicleta. 

Dá para notar a presença de um frade ofertando à venda terços e cd's de música religiosa; alguns evangélicos distribuindo folhetos; umbandistas ao fundo do cemitério acendendo suas velas de cores e fazendo pequenas entregas. O território do sagrado é nítido para diferentes correntes religiosas. Há uma missa muito concorrida que acontece no corredor de entrada, sob uma tenda ali instalada a propósito. No túmulo da Jovem Desconhecia transcorre o culto popular de sua alma, tida como milagrosa. É claramente o túmulo mais visitado e tem inclusive um velário próprio, tantos os que ali acendem seus pedidos. 

Na capelinha central sempre tem quem esteja balbuciando orações, passando contas do terço entre os dedos, lendo um papel de corrente religiosa que deixam sobre o pequeno altar. 

Na sua lateral, o velário, não cabe mais velas, que geram muito calor em volta, derretendo a parafina num caldo grosso e fumacento. É difícil chegar perto, tantos são os devotos ali acumulados. 

Fileiras e mais fileiras de túmulos e carreiras de gavetas se sucedem até o fundo, palmilhadas por parentes, familiares e amigos, saudosos, em prece, ou deixando aqui e ali flores, lavando ou varrendo lápides, lustrando uma cera sobre uma pedra. Gente se encontra, conversa, mata saudades, recorda, lamenta, chora junto. 

Lá na retaguarda, junto ao ossuário geral, aos pés de um cruzeiro o povo de terreiro arreia suas firmezas e oferendas, deixa algumas imagens, garrafas de cachaça e charutos. 

O Quicumbi acolhe a todos. É democrático, popular e ecumênico. Todos os anos é assim, amém!



1-3 - Devotos e visitantes no túmulo da Jovem Desconhecida. 

4- Aspecto geral do Cemitério Municipal.
 
5- Vista externa do Cemitério Municipal com a presença de vendedores.
A mata vestigial no morro ao fundo é área da nascente do minúsculo
Córrego do Quicumbi, hoje canalizado.
 
Notas e Créditos

* Texto e fotografias (02/11/2016): Ulisses Passarelli

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