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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Dia da Consciência Negra no Quilombo do Palmital

A pequena comunidade quilombola do Palmital, no município de Nazareno/MG, no Campo das Vertentes, festejou o Dia da Consciência Negra, a efeméride que rememora os feitos históricos de Zumbi dos Palmares neste último 20 de novembro.  

É uma localidade recôndita, entre cerrados e filões de matas remanescentes, onde, a julgar pelo nome, outrora devesse abundar a palmeira-juçara ou içara (Euterpe edulis, Arecaceae), fonte do palmito, alimento muito procurado, razão de elevado extrativismo, que aliado à destruição da Mata Atlântica pôs esta palmeira em risco de extinção.  O nome tem procedência indígena, do tupi, "yu'sara", que significa "palmito doce". 

Entremeio pequenas propriedades rurais esparsas, centraliza a comunidade uma igreja dedicada a São Sebastião. Diante dela se descortina um grande largo carente de toda e qualquer tratamento urbanístico. Algumas casas se concentram em redor. Logo se destaca uma gigantesca árvore seca, cujo tronco judiado pelo tempo parece ser muito simbólico para a comunidade. 

No meio da manhã já grupos culturais convidados animavam o lugar: o Moçambique Santa Efigênia, formado por congadeiros de São João del-Rei e Santa Cruz de Minas, o grupo de Inculturação Afro-descendentes Raízes da Serra, de São João del-Rei, a Capoeira Biriba de Ouro, da mesma cidade e a Folia de Reis de Coqueiros (Nazareno), que traz como lema na camisa a curiosa expressão "Vai da boa vontade". 

Os grupos se apresentaram livremente e visitaram a igreja. Foi-lhes servido lauto almoço, com destaque para a feijoada e o frango com ora-pro-nobis e para completar, como sobremesa, canjica, arroz-doce e doce de leite, maravilhas da culinária típica. Diga-se de passagem, o almoço foi franqueado aos presentes em geral e não apenas aos dançantes. 

Na parte da tarde aconteceram apresentações individuais junto ao palanque. O povo do lugar prestigiou intensamente as manifestações. No todo a festividade se equipara à da Jaguara, outra comunidade quilombola do mesmo município, que motivou uma postagem deste blog ano passado (vide link ao final desta). 

Observando o lugar, sua riqueza humana, as possibilidades múltiplas que a natureza possibilita, vislumbrando sua cultura... é de se pensar no potencial do quilombo alicerçado num projeto amplo e criterioso de sustentabilidade e manutenção do homem na terra, com nuances sociais, educacionais, culturais, ecológicas, arqueológicas... etc. Seria muito bem vindo um bom projeto para o lugar. 

Igreja de São Sebastião, Palmital (Nazareno). 

Grupo de Inculturação Afro-descendentes Raízes da Terra,
de São João del-Rei. 

Plantação de mandioca e uma casa no Palmital.

Para chegar à festa, o povo vem à cavalo, ou de motocicleta... 

... mas também vem ao festejo a pé. 

Festa é ocasião de reencontro, bate-papo, confraternização. 

Entrada da comunidade quilombola. 

Membros da Folia de Coqueiros. 

Passagem de um rally.

Capoeira. 

Largo em festa: moçambique, folia, capoeira, inculturação. 
Todos os grupos culturais, visitantes e moradores se irmanam dançando e cantando
 em redor da grande árvore seca, símbolo do lugar.  

Córrego do Palmital junto ao povoado e tubulação de água.
Afluente da margem esquerda do Rio das Mortes.  
Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 20/11/2016
*** Leia também: JAGUARA... QUE NOME É ESTE?   

Referências na internet

Içara (palmeira). Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/I%C3%A7ara_(palmeira)

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