A pequena comunidade quilombola do Palmital, no município de Nazareno/MG, no Campo das Vertentes, festejou o Dia da Consciência Negra, a efeméride que rememora os feitos históricos de Zumbi dos Palmares neste último 20 de novembro.
É uma localidade recôndita, entre cerrados e filões de matas remanescentes, onde, a julgar pelo nome, outrora devesse abundar a palmeira-juçara ou içara (Euterpe edulis, Arecaceae), fonte do palmito, alimento muito procurado, razão de elevado extrativismo, que aliado à destruição da Mata Atlântica pôs esta palmeira em risco de extinção. O nome tem procedência indígena, do tupi, "yu'sara", que significa "palmito doce".
Entremeio pequenas propriedades rurais esparsas, centraliza a comunidade uma igreja dedicada a São Sebastião. Diante dela se descortina um grande largo carente de toda e qualquer tratamento urbanístico. Algumas casas se concentram em redor. Logo se destaca uma gigantesca árvore seca, cujo tronco judiado pelo tempo parece ser muito simbólico para a comunidade.
No meio da manhã já grupos culturais convidados animavam o lugar: o Moçambique Santa Efigênia, formado por congadeiros de São João del-Rei e Santa Cruz de Minas, o grupo de Inculturação Afro-descendentes Raízes da Serra, de São João del-Rei, a Capoeira Biriba de Ouro, da mesma cidade e a Folia de Reis de Coqueiros (Nazareno), que traz como lema na camisa a curiosa expressão "Vai da boa vontade".
Os grupos se apresentaram livremente e visitaram a igreja. Foi-lhes servido lauto almoço, com destaque para a feijoada e o frango com ora-pro-nobis e para completar, como sobremesa, canjica, arroz-doce e doce de leite, maravilhas da culinária típica. Diga-se de passagem, o almoço foi franqueado aos presentes em geral e não apenas aos dançantes.
Na parte da tarde aconteceram apresentações individuais junto ao palanque. O povo do lugar prestigiou intensamente as manifestações. No todo a festividade se equipara à da Jaguara, outra comunidade quilombola do mesmo município, que motivou uma postagem deste blog ano passado (vide link ao final desta).
Observando o lugar, sua riqueza humana, as possibilidades múltiplas que a natureza possibilita, vislumbrando sua cultura... é de se pensar no potencial do quilombo alicerçado num projeto amplo e criterioso de sustentabilidade e manutenção do homem na terra, com nuances sociais, educacionais, culturais, ecológicas, arqueológicas... etc. Seria muito bem vindo um bom projeto para o lugar.
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Igreja de São Sebastião, Palmital (Nazareno). |
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Grupo de Inculturação Afro-descendentes Raízes da Terra, de São João del-Rei. |
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Plantação de mandioca e uma casa no Palmital. |
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Para chegar à festa, o povo vem à cavalo, ou de motocicleta... |
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... mas também vem ao festejo a pé. |
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Festa é ocasião de reencontro, bate-papo, confraternização. |
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Entrada da comunidade quilombola. |
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Membros da Folia de Coqueiros. |
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Passagem de um rally. |
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Capoeira. |
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Largo em festa: moçambique, folia, capoeira, inculturação. |
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Todos os grupos culturais, visitantes e moradores se irmanam dançando e cantando em redor da grande árvore seca, símbolo do lugar. |
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Córrego do Palmital junto ao povoado e tubulação de água.
Afluente da margem esquerda do Rio das Mortes. |
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 20/11/2016
*** Leia também:
JAGUARA... QUE NOME É ESTE?
Referências na internet
Içara (palmeira). Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/I%C3%A7ara_(palmeira)
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