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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Festa das Mercês e o barroquismo são-joanense

A fé e a cultura são como uma janela que se abre para o mundo ... Na força do barroquismo a devoção católica são-joanense se construiu. Foi consolidada de pouco em pouco, em cada repetição anual.  Foi assim que as festas religiosas ganharam prestígio e solidez. 

É nas festas que vemos claramente a delicadíssima inter-relação de todo o patrimônio: material e imaterial, que se traduzem num só, como obra humana. É nestas ocasiões que se percebe como a ocupação do espaço urbano foi em certa medida sacralizada pela disposição estratégica de igrejas, cruzeiros e passinhos. Quando passa uma procissão serpenteia pela rua é como se uma linha imaginária unisse esses pontos, tal como aqueles jogos de traçar desenhos unindo pontinhos entre riscos. Uma vez unidos, a conexão do profano cotidiano com o sagrado festivo se firma em aliança. Então o povo de Deus se sente rejubilado e com energia para voltar à labuta que a vida impõe na aurora seguinte. 

A alma da cidade é barroca, pelo menos a do Centro Histórico... São João del-Rei ainda é do ouro. Seu reflexo ainda reluz do passado ao presente apontando que o futuro deve preservar essas tradições. A identidade do Centro Histórico é esta, plenamente funcional. 

Para entender é preciso vivenciar. De longe só se imagina. De perto, só se vê. Necessita entrar de fato e sentir com todos os sentidos. Ver a habilidade dos sineiros e ouvir o eco do bronze lá na torre; é mister observar os gestos dos devotos estendendo mãos, persignando-se, fechando os olhos na hora da prece; o cheiro de incenso no ar; fogos de artifício; opas e hábitos de irmãos de vários sodalícios; música de banda e orquestra; velas acesas; multidão conglomerada por um objetivo comum: a fé motriz. 

Numa festa do porte dessa das Mercês todos os elementos constitutivos se somam e mesclam exacerbando com muita beleza a tradição religiosa da cidade. 

1- Andor de Nossa Senhora das Mercês em São João del-Rei:
uma cascata de flores cai de seu buquê.

2- Na primitiva Rua Direita, tendo a majestosa Igreja do Carmo como
plano de fundo, o andor marcha entre lanternas perfiladas.

3- Na chegada ao templo mercedário, um chuva de papel picado
saúda o andor que traz a imagem da Mãe querida. 

4- O andor de São Pedro Nolasco galga a escadaria. 

5- Um espetáculo pirotécnico rico e muito bem sincronizado ilumina
o céu são-joanense e impressiona os devotos. 

6- A multidão de fiéis acorre à festividade e lota o largo.

7- O incenso rescende; velas bruxuleam; lábios balbuciam preces.

8- São Raimundo Nonato em seu andor. 

9- A fé e a cultura são como uma janela que se abre para o mundo. 

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotos: 1, 2, 8 - Ulisses Passarelli; 3, 4, 5, 6, 7, 9 - Iago C.S. Passarelli 

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