Cada paróquia festeja seus santos. Alguns nem tão populares tem um círculo mais restrito de fiéis e ou só encontra comemoração numa ou noutra capela. Outros, como São Sebastião, por exemplo, ou Nossa Senhora do Rosário, tem festa esparramada por toda redondeza, mas feliz mesmo é o devoto de Santo Antônio, que ontem pode se dar ao luxo de escolher onde acompanhar a festa do taumaturgo.
|
Capela de Santo Antônio do Canjica. Tiradentes / MG, 17/07/2004. |
Em Tiradentes é padroeiro, com belíssima igreja setecentista, e tem ainda a Igreja do Canjica, de que é orago em singela localidade histórica dos primórdios da mineração aurífera. Em Conceição da Barra de Minas tem também importante templo colonial. É queridíssimo em Lagoa Dourada e Itutinga, de ambas padroeiro. Sem contar outros pontos de festejos nas comunidades rurais.
Cá em São João del-Rei, Santo Antônio goza de festejos variados. Mastros, distribuição de pães bentos, bênçãos, missas, música, procissões, trezenas, novenas, tríduos, quermesse, leilão. São alguns elementos. Quiçá o mais tradicional seja o da antiga Rua Santo Antônio, no Bairro Tijuco, onde a histórica capelinha do século XVIII, como uma joia incrustada no casario, sedia as comemorações concorridas, graças aos esforços da Venerável Irmandade de Santo Antônio (de 1939) e a participação intensiva da comunidade, muito unida e participativa. É de se ver com gosto como as fachadas, a beira dos passeios, os postes, são todos ornados com esmero para passagem da procissão. As barraquinhas de víspora, comes e bebes são aí muito procuradas. Várias irmandades mandaram representantes, participndo com suas opas características. O sermão do Padre Geraldo Magela foi de uma eloquência esplêndida, enaltecendo os valores deixados pelo santo querido na consolidação da fé cristã. A centenária Banda Theodoro de Faria, com toda experiência, deu sua nota de arte em clave de som maior. Nas fotos abaixo, de 13/06/2014, vê-se a capela iluminada e o santo no andor em seu dia maior.
|
Banda Theodoro de Faria durante a Festa de Santo Antônio.
São João del-Rei/MG, 13/06/2014. |
Para quem preferiu outra festa, pode andar só alguns quarteirões, atravessando a Ponte do Rosário, "Rua da Prata" (Padre José Maria Xavier) e na Igreja de Lourdes, no Largo de São Francisco, encontrou um animadíssimo movimento de devoção ao santo lisboeta. Nesta igreja aliás, o ano todo, há um intenso movimento de devotos deste santo franciscano e seu velário vive cheio de lumes acesos. Não faz muito, fizeram no jardim fronteiriço uma pequenina ermida para abrigar sua imagem, amplamente visitada.
Uma capela também o festeja, donde é patrono, em comemorações bastante tradicionais, no Albergue Santo Antônio, Bairro das Fábricas. A instituição data de 1912 e prossegue em franca e respeitada atividade.
Matosinhos, o bairro gigante, não ficaria de fora. Ainda mais tendo um segmento chamado Vila Santo Antônio. Ali, no Salão Comunitário deste santo, na beira da linha férrea, as festas correm com grande animação e já se fixa no calendário de eventos deste bairro tão festeiro. Usa-se fincar um mastro para o santo e em alguns anos registrei apresentações de grupos folclóricos. É mister lembrar que a grande Paróquia do Senhor Bom Jesus de Matosinhos possui na zona rural uma capela consagrada a Santo Antônio, no povoado do Carvoeiro, cujos festejos acontecerão no mês vindouro.
Na Colônia do Marçal, Igreja da Imaculada Conceição, a festa de Santo Antônio assume dimensão ampla, o que é praticamente uma redundância considerando as dimensões do lugar. Não era para menos. O povo devotissimo da Colônia acorre para os eventos litúrgicos em peso e depois de concorrida procissão, se confraterniza no adro e barracão de festas. Também não falta um bem enfeitado mastro em honra a este santo. Registre-se o zelo de seu pároco tão dedicado, a quem nutrimos franca admiração pelo dom sacerdotal levado muito a sério, Padre Antônio Claret Albino.
Noutra colônia, a do Bengo, no alto de uma colina, desde 1905, a Capela de Santo Antônio, obra do insigne sr. "Emídio do Bengo" (Emygdio Apollinario dos Passos Moraes) sedia uma tradicional festa que reúne a população rural das cercanias, chegando à pé, a cavalo, de moto, bicicleta, carro. A trinta anos, na tardinha ou boca da noite, ainda víamos romeiros em grupos vindo em caminhada pela beira da linha do Trem do Sertão desde a Avenida Leite de Castro rumo a esta capelinha para os festejos.
|
Em vista póstero-lateral tomada em fevereiro de 2004, a Capela de Santo Antônio do Bengo, São João del-Rei. |
E por fim não poderia deixar de mencionar ainda que brevemente a tradicionalíssima festa do distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, donde é padroeiro e movimenta toda a população local e ainda congrega os moradores dos povoados vizinhos. É festa queridíssima e agora ganha a partir de 2014, mais um acréscimo importante: hoje, 14 de junho, é o dia consagrado à Beata Nhá Chica (Francisca de Paula de Jesus), gloriosa filha daquela terra. Um duplo padroado, comemorado em dias subsequentes!
Santo Antônio de Pádua é o santo mais popular do catolicismo no Brasil. Seu dom extraordinário de missionário pregador, cultura de largo alcance, a humildade imensa e os milagres incontestes e inumeráveis, levando-o a uma canonização quase imediata ao falecimento, transformaram-no num modelo de santidade e sabedoria. Em torno de Santo Antônio um rico folclore se edificou.
|
Programa da Festa de Santo Antônio. Impresso em papel-jornal, 21,5 x 31,5cm. Joaquim Murtinho (Congonhas/MG), 1992. |
Notas e Créditos
* Texto e fotografias: Ulisses Passarelli
** Leia também as seguintes postagens:
A PRIMEIRA FESTA DE SANTO ANTÔNIO EM MATOSINHOSAS FESTAS JUNINAS E OS TRÊS SANTOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário