Vou plantar um alecrim
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Jurei sol, jurei lua,
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Na linha de Deus, amém!
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Jurei Estrela do Norte,
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Se esse alecrim pegar
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Jurei te amar, menino,
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Nosso amor pega também.
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até a hora da minha morte.
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Alecrim na beira d’água
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Enquanto o limão adoçar,
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Chora a terra que nasceu,
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Enquanto o açúcar amargar,
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Eu também vivo chorando
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Quando Deus descer a Terra
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Um amor que já foi meu.
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Deixarei de te amar.
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Alecrim na beira d’água
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Travessei o mar a nado
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Pode estar quarenta dia,
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No fundo de uma bacia,
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Eu longe do meu amor
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Fui riscando[1]
minha vida,
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Não posso estar nenhum dia.
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Pro seu respeito, Maria...
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No tempo que eu te amei
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Eu queria ser uma formiga,
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Não amava mais ninguém;
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Daquelas que fura o chão,
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Amava noventa e nove
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Queria furar seu peito
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Com você inteirou cem...
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Para ver seu coração.
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O tempo que eu te amei
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Borboleta pintadinha,
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Foi um tempo desperdiçado:
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Encosta o peito no meu;
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Se eu amasse um canarinho
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Desengana esse rapaz
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Era mais aproveitado.
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Quem namora[2]
ele sou eu.
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Borboleta pintadinha,
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Borboleta pintadinha,
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Que entrou pro mar adentro,
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Pinta aqui, pinta acolá;
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Eu me chamo vira-folha
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Pinta a casa do meu sogro
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Quem me ama perde tempo.
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Que domingo eu vou lá [3].
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Cravo branco na janela
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Menina acha esse lenço
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É sinal de casamento;
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E não conta quem te deu.
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Tira o branco, põe o roxo,
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No lenço vai um retrato,
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Pra casar tem muito tempo.
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Atrás do lenço vou eu.
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Menino toma esse lenço
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Menino do terno preto,
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Partido em quatro pedaços,
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Com lenço, paletó,
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Quando abrir esse lenço,
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Se você gosta de mim,
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Tem um beijo e um abraço.
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Tenha pena tenha dó.
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Sá Moreninha,
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Moreno lindo,
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Seu lenço caiu,
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Com lenço no pescoço,
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No meio de tanta gente,
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Se você gosta de mim,
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Eu apanhei você não viu.
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Deixa eu beijar seu rosto.
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Não quero a sua camisa,
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Abre a porta do jardim
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Nem o seu botão do peito,
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Quero apanhar uma rosa,
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Quero só que vós me dê
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Três brancas, três amarelas,
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Sua linda mão direita.
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E quatro encarnada formosa[4].
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Meu amor vestiu de preto
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O funcho é vencimento,
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Para me fazer pirraça,
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Eu já me acho vencida.
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O preto pra mim é luxo,
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Não tome amor com outra,
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O branco pra mim é graça.
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Que eu por ti já fui nascida.
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O sol prometeu à lua
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Seus olhos bem pretinhos,
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Uma fita e dois laço;
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Que brilham à luz do luar,
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Eu prometo a você
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São dois assassinos
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Um beijo e um abraço.
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Que me matam devagar.
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O sol vai dobrando,
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A rosa branca espalha,
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Vermelhinho como fogo,
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Perfume por toda cidade,
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Eu ainda tenho esperança,
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Você longe de mim,
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De chamar seu pai de sogro.
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Só espalha saudade.
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Vou mandar fazer um barquinho
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A folha da bananeira,
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Todo cheinho de rosa,
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De tão verde amarelou,
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Para passear com você,
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A boca do meu amor,
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No meio das invejosas.
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De tão doce açucarou.
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Se você me ama de verdade
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Sei que você gosta de mim,
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Me diga por favor,
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Embora diga que não,
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Pois idade não importa,
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A boca nem sempre diz,
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O que importa é o amor.
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O que sente o coração.
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Menina se tu soubesse
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Menina, minha menina,
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Como eu te tenho amor,
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Quem te fez tão bonitinha?
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Tu caía em meus braços,
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Foi o sol, foi a lua,
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Como o sereno caiu na flor[5].
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As estrelas miudinha...
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Da roseira nasce espinho,
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O suspiro mais a saudade,
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E nasce também a flor;
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São os dois amor que eu tenho;
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Do seu orgulho, carinho,
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O suspiro é quando eu vou,
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Do seu desprezo a dor.
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A saudade é quando eu venho.
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Tanto tempo eu procurei,
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Não quero sentir na vida,
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Alguém que soubesse amar,
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A dor que um dia passei.
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Pois em você encontrei
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Por isso sigo sozinha,
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Tudo que estive a procurar.
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Não levo aquele que amei.
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Do céu caiu um cravo,
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Sonho com a esperança,
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No chão nasceu um jardim,
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Do dia de você chegar.
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Bendita seja sua mãe,
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Sonhando com novas flores
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Que criou você pra mim.
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Novos amores devo encontrar.
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Fui no livro do destino
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Menino da boca doce,
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Minha sorte procurar,
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Lábios de porcelana,
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Em suas páginas encontrei,
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Um beijo de sua boca,
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Que nasci pra te amar.
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Me sustenta uma semana.
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Meu grande amor é você,
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Eu queria ser a rola,
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Isso não posso negar,
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A rolinha do sertão,
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Pois quanto mais eu te beijo
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Queria fazer um ninho
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Mais eu quero beijar.
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Dentro do seu coração.
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Voa passarinho
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Nem todo menino é moço,
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Não me venha aborrecer,
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Nem toda lágrima é dor,
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Não me venha trazer notícias
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Nem todo sorriso é alegria,
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De quem eu quero esquecer.
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Nem todo beijo é amor.
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Queria ser uma flor,
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Se o meu coração partisse,
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Para viver no deserto,
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Eu te dava um pedacinho,
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Eu amo você de longe,
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Mas como ele não parte,
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Porque não posso amar de perto.
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Te dou ele inteirinho.
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Tu disseste que sou culpada
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Roseira que dá rosa,
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De querer-te para mim,
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Craveiro me dá um botão,
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Culpados são seus pais,
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Amor, me dá um beijo,
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Que o fizeram lindo assim.
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Que eu te dou meu coração.
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A primeira vez que te vi,
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Sei que você gosta de mim,
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Meu primeiro olhar lancei
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Embora diga que não.
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E fez nascer um amor
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A boca nem sempre diz,
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E por ti me apaixonei.
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O que senti o coração.
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* Texto: Ulisses Passarelli
*** Agradecimentos especiais a Cida Salles, pela inestimável ajuda na coleta das quadras.
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