Bem vindo!

Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Transformações da Cultura Popular em São Gonçalo do Amarante

Considerações Iniciais * 


         A história e as tradições da pequena vila de São Gonçalo do Amarante, ex Caburu, que encabeça um distrito homônimo em São João del-Rei / MG, já há algum tempo, tem sido alvo de minha atenção [I]. De formação colonial, o aglomerado de casas circunscrevendo uma praça, tem num extremo o cruzeiro das almas e no outro a capela do santo português, datada de 1732, reformada em 2005** incluindo a reconstrução do campanário, baseado em antigas fotografias.

           Este texto visa identificar algumas mudanças sociais do lugar, sobretudo no que diz respeito à cultura popular, disparadas a partir da década de 1970 e acentuadas nos anos noventa. O texto termina enfocando tais transformações no âmbito da principal festividade do lugar, consagrada a Nossa Senhora do Rosário e sua relação com o congado local.

Silhueta das mudanças

           O mundo todo passou por severas alterações nos últimos tempos, ainda com maior intensidade a partir de 1990. Elas aliás, sempre existiram e impulsionaram o mundo. Algumas são boas, mas também é certo que no rastro das mudanças veio e vem uma vasta gama de aspectos negativos. Compete a essas linhas somente listar algumas alterações no modo de vida da comunidade rural em questão e não julgá-las.

     Os melhoramentos de infraestrutura chegaram vagarosos e estão ainda aquém das reais necessidades: iluminação, abastecimento d’água, calçamento, escola, telefonia, transporte etc. Entra e sai administração municipal e as carências prosseguem. Certo é que os meios de ganho alteraram drasticamente e com ele todos os aspectos sociais. A agropecuária de subsistência já não é o bastante. Aos poucos, nas fazendas de maior posse, o aspecto comercial vai tomando conta de tudo. O trator agrícola desempregou muita gente em nome da produção. Não há outros meios de ganho senão um modesto artesanato ou a venda de leite e queijo à porta de uma freguesia cativa em São João del-Rei, no diário e sofrível ir e vir. Não há estímulo para ficar como trabalhador diarista no árduo serviço de roça (retiro, capina, limpeza de pastos e regos, construção de cercas, muros de pedra, currais, retirada de lenha, servente): enquanto o autônomo na cidade custava ao contratante R$40,00 por dia de serviço braçal avulso, na roça não encontrava quem pagasse mais de R$25,00 segundo observação de janeiro de 2011.

        Quem não tem terras para delas arrancar o sustento termina por migrar para o subúrbio e ali trabalha como pode, em troca de minguado salário. Os jovens vão para a cidade prosseguir nos estudos e arrumar serviço. Dificilmente voltam para o pacato lugar após conhecerem os atrativos urbanos. Na sequência, famílias inteiras se vão. Suas casas ficam fechadas na vila. Só serão ocupadas nos dias festivos e eventualmente nalgum final de semana.

            Na fase seguinte são vendidas à gente estranha, alheia a tudo que há ali. Encaram as tradições locais como mera curiosidade. Em geral não tem comprometimento com o lugar.

            Como consequência sociocultural, os mecanismos de transmissão de saberes pela oralidade e pela demonstração prática, somente, seguem fragmentados. A falta de integração do estranho que chega, somada a ausência de tantos que se foram, deixou em cacos as bases de todo o sistema comunitário. Fragmentam-se os costumes e as técnicas da indústria caseira. 

            A antiga venda foi demolida. Nela o homem modesto ia prosear, escorado ao balcão de madeira. Agora há alguns bares, com mesinhas espalhadas à moda da cidade. A venda era algo mais: uma mistura de botequim, mercearia, ponto de conversação, centro de informações. O freguês chegava e primeiro conversava. Depois escolhia o que precisava. O crédito era usual, na caderneta. Existe agora um supermercado onde as mercadorias são lidas por sistema de código de barras. Isto não é crítica nem elogio; apenas informação.

            Muitas casas tiveram descaracterizada sua arquitetura rural, pois a crescente facilidade de acesso aos materiais das lojas de construção em São João del-Rei fez derrubar telhados e surgir lajes, trocar janelas por basculantes e o chão rude (concretado, ou com vermelhão, taco, tábua corrida), ganhou piso vitrificado, etc. A modernidade chegou e com ela os meios de comunicação de toda sorte. Os moradores enfim buscam para si o conforto. Para quem mora na cidade é bucólico ver as casinhas de roça, mas para quem mora nelas a mudança de aspecto e funcionalidade é muitas vezes um sonho antigo e uma necessidade.

            Os velhos fantasmas de nossa rica mitologia como a mula-sem-cabeça, o saci-pererê, o lobisomem, o caboclo d’água e outros foram banidos pelo progresso. A bruxa do halloween tem agora mais valor. Mas aqueles espectros tinham finalidade educativa e só assombravam os fracos de fé e os abusados, os que se atreviam a transpor os tabus que ditavam a regra da vida social.

            A atividade musical nesta vila não parece ter sido tão intensa, em comparação a outros distritos são-joanenses (a exemplo de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno e São Miguel do Cajuru). É o que se visualiza parcialmente até este ponto da pesquisa. Mas é sabido que houve ali uma corporação musical. 

            Na religião muita coisa mudou e não faltam relatos neste sentido. A ruptura do sistema tradicional de vida e a abertura de novas possibilidades de existência trouxeram outras interpretações do sagrado e a sua antiga concepção é hoje razão de um conflito de gerações, onde se opõe a saudade dos idosos e o questionamento dos jovens. Agora, por exemplo, existe espaço para uma igreja evangélica. A dedicação dos católicos às obras da Igreja já não é a mesma embora, no todo, o povo do lugar seja ainda de muito mais respeito e religião que aqui na cidade. Subsiste uma Irmandade do Santíssimo Sacramento.

            Quanto aos festejos, pode-se apurar pela oralidade, que a festa do padroeiro surgiu aproximadamente de uns sessenta e poucos anos para cá (ocorre em julho, co-festejado com o Sagrado Coração de Jesus). Não tem nada em si que chame a atenção e se mostra desligada da cultura local. Parece ter sido enxertada ali e não uma criação dos naturais do lugar. Seu padrão é o mesmo de tantas outras que ocorrem, seja nos distritos são-joanenses seja nos de cidades vizinhas, o que direciona o pensamento para um modelo único implantado pela Igreja ao tempo da romanização, expurgando as tradições populares. É aquilo que na cidade chama-se de uma forma ambígua de “festinha de roça”. Mas vendo-a com outros direcionamentos enxergamos a programação repisando atrações ordinárias: na fase preparatória uma novena, tocada quase sempre por livre iniciativa dos fiéis, sem padre presente. Por vezes em vez de novena se faz apenas tríduo. Consta de reza de terço e cantos religiosos tradicionais. A seguir movimentação nas barraquinhas de comes-e-bebes e alguma música. No dia maior ocorre a alvorada (com fogos e sinos – as cinco ou seis horas), missa festiva, procissão (às vezes acompanhada de banda), leilões, quermesse. Só muda o santo festejado, no mais as festas rurais são muito semelhantes. Com pouca exceção o que surge de diferente não é por característica própria, mas por esforço pessoal de algum festeiro mais empolgado ou de maiores recursos. Dentro desta regra a Festa de São Gonçalo não consegue atingir o status de festa principal do lugar, muito embora venerando o próprio padroeiro. Reúne o povo da vila e cercanias, mas está longe de ter o carisma da Festa do Rosário. Consta que na década de 1960 houve uma Folia de São Gonçalo do Amarante, no povoado do Brumado de Cima, a cargo do folião “Geraldo Teixeira”, que girando nas cercanias recolhia donativos para reverter a essa festa. Mas não era de fato uma atração dela, pois sua ação se dava mais nas localidades e caminhos visitando os sítios e fazendas.

            São Gonçalo do Amarante no folclore brasileiro é patrono das mulheres que em idade madura não arranjaram casamento, em confrontação a Santo Antônio de Pádua, casamenteiro das moças. Protege também as viúvas (tal como São Pedro), os flagelados por enchentes, os violeiros (dizem que foi exímio tocador de viola) e as prostitutas (tocava para elas com maestria e assim as entretendo afastava-as da noitada de sexo). Contudo na vila ao que parece nada disto é tributado ao santo amarantino senão o favorecimento em aspectos de saúde contra problemas de pele, patologias ósseas, disfunções ortopédicas e semelhantes. Isto remonta à origem de seu culto em Portugal, em cuja cidade de Amarante corre em geral a ideia de que é o patrono dos ossos e protege contra cravos e calos [II]

“A Estrela do Oriente é do tempo dos judeus...”

            Neste verso adotado como intertítulo, transparece o lado lendário acerca da antiguidade dos costumes folieiros, que seriam “do tempo dos antigos” ou “do começo do mundo”...

A folia é um conjunto de uma dezena de homens, pouco mais ou menos, que, com instrumentos musicais populares e tendo na dianteira uma bandeira com estampa de um santo, visita as casas na época determinada, onde, mediante um ritual simples, com música e cantoria de caráter religioso, recolhem donativos para uma festa ou para obra de caridade, sempre em nome daquela bandeira, alvo de grande respeito devocional por parte dos fiéis. As folias são queridíssimas nos meios rurais e subúrbios e houve diversas neste distrito, ora reduzidas a uma, que sobrevive graças à dedicação do Mestre Vavá.

A Festa de São Sebastião (em janeiro) foi criada numa ocasião na qual necessitavam obter verbas para a reforma da igreja, diga-se de passagem, malfadada, pois há relatos de que o forro tinha pinturas, então ocultas sob um branco corrido. As folias trabalharam muito por esta festa. Do Natal a seis de janeiro como Folia de Reis e daí a vinte de janeiro como Folia de São Sebastião. A arrecadação se soma à reversão em valores dos leilões de prendas e gado. Essa festa agrega melhor os valores do mundo rural que a do padroeiro, certamente porque a expressão devocional a São Sebastião é muito mais ampla, também por lhe ser creditada a proteção sobre roçados e criações, contra as doenças, as pestes. Por conseguinte seus leilões são sempre concorridos, pois não faltam doações de mantimentos e víveres, como ação de graças e como meio de assegurar as benesses do “Santo Mártir Guerreiro”. Seu padroado é muito expressivo: protetor contra fome, peste e guerra. Ecoa fácil na alma devota.

           Houve noutros tempos a Folia do Divino, mas não se tem notícia da festa correspondente. Uma das mais antigas relatadas, das primeiras décadas do século XX foi a de “Zé Franguinho”, célebre folião que também saía para Reis e São Sebastião. Segundo Sr. Vavá, atual folião do lugar, Zé Franguinho vinha com a folia das bandas do Caxambu e fazia passagem por São Gonçalo do Amarante. Anos mais tarde mudou-se para São João del-Rei. 

            Mas aconteceu um fato com a bandeira do Divino que mostra de forma inequívoca a seriedade atribuída às folias. Seu grupo era muito íntegro e passando pelo largo gramado ao centro da vila, um carneiro ali pastava calmamente. Ao ouvir a cantoria chegou perto da bandeira e deitou-se ante ela, dobrando os joelhos. Daí por diante, na jornada daquele dia não os deixou mais, andando lado a lado à bandeira e deitava-se diante de cada casa que cantavam até encerrarem a jornada. O fato foi tido como um sinal sagrado e naturalmente a fama da força espiritual do folião correu por toda parte [III].
      
           Anos mais tarde houve a Folia do Divino do “Antônio Bombom” e “Zé Lucas” e ainda uma terceira, na década de 1960, por promessa, do “Geraldo Teixeira” (Geraldo Marcelino da Silva, + 2005), no Brumado de Cima. A arrecadação das Folias do Divino locais se revertia para caridade e obras religiosas, já que não havia Festa do Espírito Santo. Vavá, nascido em 41, começou na folia do “Geraldo Teixeira” (Geraldo Marcelino da Silva), por volta de 1968 e nela andou por uns sete anos. Bandeira de São Gonçalo do Amarante. A seguir houve a folia de “João Candinho” (bandeira de São Sebastião), que também foi festeiro do rosário. Depois a do “Miguel Gambá” e “Miguel Pacífico”, que vinha do Palmital, no Caxambu. A seguir surgiu a folia do “Faixa Preta”, “Francisco Teodoro”, “Zé do Miguelzinho” (também bandeira de São Sebastião). A seguir a de Santa Luzia, da comunidade da Boa Vista, cujo primeiro folião foi “Antônio Mariano”, carvoeiro, morador da Colônia. Depois Vavá a assumiu e ficou por dois anos. Grande incentivador era “Dinho do Zé Coqueiro”. Esta folia parou. A seguir Vavá montou uma folia de São Sebastião em São Gonçalo do Amarante e mais tarde começou a sair para Santos Reis e por fim para o Divino, a pedido do “Sininho”.

Em 2005, à maneira do que ocorrera em São João del-Rei, a Folia de Reis passou também a sair no tempo entre a Páscoa e Pentecostes para o Espírito Santo, como Folia do Divino, igualmente sob a organização do conhecido “Vavá” (Lourival Amâncio de Paula). Chegaram a levantar nesse ano uma Festa do Espírito Santo, da qual participou assim como várias outras folias são-joanenses; mas no ano seguinte já andou fraca, pelo que, de 2007 em diante não houve mais, muito embora a folia ainda saía às ruas com a bandeira do Paráclito, revertendo ofertas para obras locais: a construção de uma gruta votiva ao Divino Espírito Santo e de um cruzeiro na Pedra Ramalhuda, de equipamentos de cozinha para a Festa do Rosário e de um barracão comunitário para servir aos festejos. 

            Por outro lado já não sai a Folia de Santa Luzia, de dezembro, que recolhia donativos para a Capela de Santa Luzia, no povoado da Boa Vista.

Os caminhos sinuosos da Festa do Rosário

Vicente Fagundes, Geraldo Fagundes, Antônio Fagundes, Raimundo Fausto de Paula ("Raimundo Sabino", pai do capitão Juca), Valdemar Fagundes, Inácio Fagundes, José Francisco Sales ("Faixa Preta" ou "Zé Virgínio"), José Leonardo de Paula ("Juca") e agora Lourival Amâncio de Paula ("Vavá"). Diversos capitães estiveram na dianteira do congo antigo. Eventualmente nos períodos que por motivo de força maior perigava a tradição, substitutos eventuais deram sua força na dianteira do centenário congado: João Basílio, Saturnino, Luís Santana, Léo. 

            Um sintoma das mudanças foi a criação de mais uma guarda ou terno de congado no final de 2006, a partir de uma dissidência da antiga, pelo Capitão Domingos Sávio dos Passos. Com o nome “Congada Azul e Branca de Nossa Senhora Aparecida” é um grupo com dominância feminina e de jovens e em tudo discerne da secular guarda de congo que ali existe. Popularmente ficou conhecida como “Congado das Mulheres”. Com características mistas, aproxima-se mais dos catupés da cidade que do congo da roça, segundo o modelo regional. O congo nunca aceitou mulheres, senão na qualidade de rainha e cozinheira. O novo terno abriu espaço para elas, até então excluídas por força de uma tradição ancestral. Ambos tem tido uma vivência razoável, com algumas rusgas iniciais e camaradagens atuais rastreáveis.

            A questão identitária se abateu sobre o grupo antigo. Antes, quando não saía à parte alguma só festejando ali mesmo, era simplesmente nomeado “congo” ou, por extensão, “reinado”. No momento que começou suas saídas, se confrontou com outras formas de congado. Aí surgiu a necessidade de se auto identificar, para o discernimento ante os demais (moçambiques, marujos, etc.). É quando apareceu ou pelo menos se notabilizou a designação “congo-cacique Nossa Senhora do Rosário” e ainda “congo-vilão Nossa Senhora do Rosário” embora a rigor não tenha elementos de guardas de caboclo ou de vilão.

            Aliás, o nome mais tradicional de todos está em ocaso: reinado, que alude bem a importância da realeza na festa, hoje apenas figurativa.

            No aspecto propriamente do repertório vê-se pouca mudança. Muito embora alguns cantos estejam em ocaso, versos novos introduzidos tem ainda pouca aceitação. Entre um capitão e outro pode haver pequenas mudanças de letra, ligadas à pronúncia ou interpretação pessoal. Quanto à música me relatou uma senhora sexagenária que os conhece desde a infância que seu ritmo está visivelmente acelerado. Era mais marcial, como se pode depreender de sua explicação. O modo de repicar a caixa por caixeiros mais velhos é mais variado de motivos que a forma hoje dominante. Confirmei isto a partir de informação oral, através de avaliação ao vivo e por gravação.

            No que tange ao festejo consagrado a Nossa Senhora do Rosário, o que se pode dizer, sem sombra de dúvida, é que, esta é a festa mais importante do lugar e certamente a mais antiga. É a ocasião em que o congo dança pelas ruas, com seus homens tocando sanfonas, violões, caixas, pandeiros, reco-recos, trajados de branco, com saiotes multicores e cabeça encobertas por capacetes floridos donde esvoaçam fitas. Tradicionalmente não tem sentido fora do contexto da festa. É ela que climatiza seu universo mítico, que sintoniza os devotos dançantes ao padroado da Virgem do Rosário. A recíproca é verdadeira, pois também a Festa do Rosário sem o congo se torna vazia de seu ícone mais expressivo, seu item mais genuíno, identificador, que a torna legítima. Não há ferrovia de um só trilho. Congo e festa são os dois trilhos da mesma estrada da fé, que o escravo construiu para expressar sua devoção. Não podem se excluir. São como o anel e o dedo, a roda e o eixo. Um sem o outro se torna neutro, insosso. Tanto é verdade que congadeiros e moradores antigos, não conseguem traçar os comentários isoladamente de um ou de outro. Misturam-se como um só. A circunscrição não é clara [IV].

            A tradição oral informa a existência dessa festa e de seu congo desde “o tempo do cativeiro”, mas não localizei documentação escrita a respeito. O homem negro era seu agente único no passado. Não faltam testemunhos disso. Escravo ou forro, da costa ou crioulo, era feito pela gente do lugar. Mas é certo que com o passar dos anos foram se esvaindo de alguns elementos constitutivos. Eis como ocorrem hoje.

            É nítido, por exemplo, o “branqueamento” do grupo. O processo ora se intensifica, mas seu início não é recente. A questão étnica se revela no bem-vindo trabalho antirracismo e anti-discriminação, que prega a igualdade, conduzindo negros, pardos e brancos a fazerem parte indistintamente do congo num espírito de irmandade, como vem sendo, embora no todo ainda seja reconhecido na linguagem popular como “dança de negro”. Mas na mesma visão popular há o indicativo do congo com poucos negros como sendo descaracterizado, o que denota uma ambiguidade.

            Está hoje ausente a figura do “meirinho”. Era o congadeiro auxiliar do capitão, intermediário entre ele, o festeiro e os demais dançantes. No passado ficaram famosos pelas orações fortes que conheciam. Sabiam benzer e eram muito respeitados como “curadores”. A memória popular ressalta os nomes de “Candinho, o Velho” (pai dos famosos folieiros da família Cândido Gonçalves, a conhecida “folia dos Candinho”) e Antônio Inocêncio da Caridade (avô paterno de Luís Santana, conhecido capitão e folião de São João del-Rei. Antônio foi meirinho ao tempo do capitão Vicente Fagundes). O último meirinho foi Geraldo Elói de Lacerda. Atuou durante a capitania de Faixa-preta e Juca, até 1999. Desde então o cargo está vago.

            Havia no começo do século XX em São Gonçalo do Amarante, uma rezinga de mouros e cristãos. Era representada na hora que iam recolher os reis e rainhas. Um homem todo de vermelho, o “mouro”, com uma espada em punho, tentava tirar com sua arma a coroa da cabeça da majestade, pelo que era impedido pelo “cercador”, trajado de azul e também de espada em punho. Os dois esgrimavam enquanto o congo seguia cantando [V]. Mouro era irmão do capitão Inácio Fagundes: Israel do Carmo Fagundes. O Defensor era Gonçalo Severo, forasteiro. Isso foi no tempo do capitão Antônio Fagundes e festeiro dessa época era João Candinho, também renomado folião.  Este episódio desapareceu por completo faz muitas décadas, mas persiste intacto no vizinho congo de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, no mesmo município.

            Por aquela época havia uma parceria entre esses dois congos. Muito parecidos entre si. As informações orais apontam para a irmandade de ambos e uma possível contemporaneidade. Segundo se diz, quando a festa era no Rio das Mortes, os congadeiros de São Gonçalo iam para lá dar um reforço e vice-versa. A tradição oral diz mesmo que antes da família Fagundes assumir o Congo o responsável era o Capitão Cristóvão do Rio das Mortes, que capitaneava os dois grupos. Uma velha notícia jornalística de 1936 informa a presença de diversos congados na festa do Rio das Mortes [VI]. Ocorre que atualmente e desde longa data apenas o congo do Rio das Mortes faz parte da Festa do Rosário naquela vila. Os dançantes da atual geração chegam a dizer que foi sempre assim. A velha cooperação acabou. Qual o porquê? O que houve no passado capaz de gerar este afastamento? Não consegui elucidar esta questão. O certo é que ambos os congos se isolaram, cada qual em sua vila respectiva de tal sorte que em suas festas apenas eles próprios se apresentam.

Assim persistiu por décadas. Em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno o congo ainda se mantém isolado, mas já direciona rumo a um rompimento como foi visto em janeiro de 2007 com sua presença no cortejo comemorativo da instalação do título de “Capital Brasileira da Cultura”, conferido a São João del-Rei, quando se misturaram a outros congados e folias e mais recentemente, em maio de 2008 e 2009, e em 2015, estiveram presente no dia maior do Jubileu do Divino no bairro de Matosinhos, junto com vários outros congados. Mas em São Gonçalo do Amarante o cenário caminhou mais rápido para uma nova realidade.

Na década de 1980, por dois anos consecutivos houve uma Festa do Rosário no povoado do Fé, no mesmo distrito, a cargo do congo de São Gonçalo do Amarante.

Em 1992 dificuldades moveram a festa para o fim de outubro.

 No ano seguinte, após grande insistência do festeiro do Bairro São Geraldo, em São João del-Rei, para lá rumou o congo. Contudo a experiência não parece ter sido positiva, devido a uma tensão surgida na presença de um certo moçambique. Em razão disto o terno de novo se recolheu.   

          O atual festeiro, Dorival Caim de Paula, em entrevista a mim concedida em 07/03/2007, trouxe muitos esclarecimentos sobre as mudanças. Dorival completara 36 anos no mês anterior à nossa conversa. É filho do atual capitão, Lourival Amâncio de Paula. Começou aos oito anos acompanhando-o nas folias, tocando pelas roças a noite inteira, pandeiro ou reco-reco. Tocou até os treze anos de idade. Gostava do congo, mas não participava. Aos dezesseis começou no congo e não saiu mais nas folias. O festeiro de então era seu primo, Valdomiro Geraldo de Paula e o então capitão José Francisco Sales, o “Faixa-preta”. Com a morte de Valdomiro em 1994, Dorival assumiu a festa em 1996, já que em 95 não houve festejo.

            Noutros tempos a cada ano havia um festeiro. Depois, por falta de substitutos o tempo foi dilatando para dois ou três anos de “mandato”. Chegava há ter um ano ou mais sem haver festa por falta de festeiro. Valdomiro ficou sete anos no cargo e Dorival permanece desde 1996. 

          Manteve a princípio a estrutura recebida, mas logo idealizou mudá-la. Conforme já esclarecido, no modelo festivo no decurso do século XX, apenas o terno local participava da festa, conforme me asseguraram e cheguei a presenciar. E ele não saía para outra festa, salvo as exceções já apontadas. Em 1998, Dorival levou a guarda a Conceição da Barra de Minas, ocasião em que se formou o congado daquela cidade (catupé). No ano de 1999, em maio, o congo foi ao Bairro de Matosinhos, em São João del-Rei, participar da Festa do Divino, momento em que se confraternizou com muitas outras guardas de congado e recebeu como homenagem uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário, pois a deles há muito já estava ausente. O então capitão recebeu o título de capitão-mor daquele ano. Esta saída deu sem dúvidas um grande impulso à nova fase que se esboçava para eles e já então ingressaram cada vez mais nesse esquema. No mesmo ano viajaram para Barbacena e a sua Festa do Rosário teve a presença de dois catupés visitantes, o de Conceição da Barra de Minas e o da Içara (São Tiago). Daí por diante não parou mais, fazendo muitas viagens e recebendo grupos visitantes. Em 2007, por exemplo, compareceram 11 congados, além de 3 folias (a local, comandada também por Vavá e duas da cidade - a do Geraldo Elói, das Águas Férreas, e a do “Didinho”, do Bom Pastor). Houve Missa Inculturada (Afro), que foi muito concorrida, celebrada pelo padre Antônio Luciano (de Lavras), coordenador da Pastoral Afro-brasileira da Diocese de São João del-Rei. Pela primeira vez fincaram dois mastros, um para cada guarda do lugar.

A festa ganhou uma nova dimensão e passou a receber turistas e também barraqueiros da cidade vendendo comes-e-bebes e quinquilharias, situação que antes não acontecia, pois agregava apenas os naturais do lugar, parentes que moravam na cidade e gente das fazendas vizinhas.

O congo desde então admite outras festas e apresentações, ou seja, tocar fora do contexto da festa para efeito de filmagens, encontros, festivais, etc [VII].

O festeiro Dorival promoveu ainda o registro em cartório do terno de congo e no seu ver, alcançou respeito para o mesmo, frente à comunidade e aos outros ternos. Agora existe uma associação – ASCONGO – formalmente organizada, promotora dos festejos.

A festa era no passado bastante conhecida e esperada e não carecia de divulgação. Sempre em outubro já contava com a concorrência natural. O correr dos anos e da nova realidade exigiu o uso de estratégias para atrair o povo do lugar que se mudou para a cidade na peleja do regime assalariado. Avisos ao fim das missas, anúncios pela emissora de rádio e um programa impresso, que se distribui e afixa em lugares visíveis ao público, na vila e na cidade, cuidam de atrair assistência. O programa impresso mudou bastante ultimamente, com melhoria da qualidade do papel e da arte gráfica, além de uma maior dimensão, melhorando sua visualização[VIII]. Surgiram também notícias jornalísticas [IX]

            O rei e a rainha bancavam a festa. Com a morte dos antigos, os coroados atuais apenas contribuem com espórtulas que não são suficientes para arcar com todas as despesas. Não há mais nenhuma rainha da geração antiga e o rei mais velho, tio de Dorival (irmão de seu avô paterno), Sr. Antônio Alves de Paula Filho[X], faleceu há pouco. A bem da verdade, a maior parte do reinado atual vive na cidade e vem apenas para o dia maior. Outros vivem esparramados pela vila e suas cercanias, a exemplo da saudosa senhora Conceição Matutina da Costa, do povoado da Boa Vista e da empolgada Maria José da Silva e seu esposo José Marcos de Oliveira, moradores do Brumado de Cima. Além dos adultos há as crianças, que ocupam cargos de príncipe e princesa.

            Acerca dos capitães sabe-se que eram todos negros, invariavelmente da família Fagundes. Em estudo anterior já apontei sua cronologia. O último deles foi o Sr. José Leonardo de Paula, o popular “Juca”, que assumiu em 1999 e o deixou em 2001, por problemas de saúde, nas mãos do Sr. Altamiro Domingos Costa, tio de Dorival, que já era dançante. Em outubro do mesmo ano Juca reassumiu e se manteve à frente até 2005, quando lamentavelmente faleceu a cinco de dezembro deixando-nos uma triste nota de saudade. Era filho do antigo capitão Raimundo Sabino. Assumiu aquele que já era 2º capitão desde a década anterior, o Vavá. Carismático, diplomático e educado, não descende dos Fagundes, embora sua família esteja envolvida com o congo há muito tempo e é hoje uma das maiores responsáveis pela preservação das tradições locais. Ele próprio já soma 55 anos de participação no congo (jan./2010). Em 2009 questões de saúde puseram Vavá em repouso e, na Festa do Divino, o congo foi capitaneado pelo jovem “Léo” (Leonardo José de Paula), filho de Juca. Seus gestos com o bastão de comando rememoram o estilo do pai e do avô. 

            Uma questão delicada é que os congadeiros já não moram apenas na vila. O grupo novo tem uns três componentes que moram na cidade, mas o antigo, com cerca de trinta e cinco dançantes, tem pelo menos metade morando na zona urbana. Isto criou dificuldades de ordem prática como a impossibilidade de se fazer ensaios com todos os congadeiros presentes, pelo que já não dançam algumas velhas coreografias. Nas saídas da vila o ônibus vem de lá trazendo metade dos congadeiros enquanto a outra parte aguarda na Praça dos Ferroviários, em São João del-Rei. Na cidade, fora do contexto sociocultural da pacata vila, alguns dançantes migrados vãos aos poucos desviando sua linha de interesse e devoção e se afastam do congo. Por outro lado, gente que não é natural de lá ingressa no congo por gosto ou curiosidade e acaba em parte tampando a lacuna dos que se ausentaram. Outro aspecto é que nesse emaranhado de novidades, alguns dançantes mais tradicionalistas se desgostaram e saíram do grupo porque a seu ver ele já não preenche os quesitos funcionais que esperavam.

         Houve também mudanças temporais. O prazo habitual deixou de ser uma regra. As dificuldades encurtaram o tempo das preces preparatórias, de nove dias (novena) para três (tríduo). Com o mastro, outrossim, ocorreu algo semelhante: não fica mais um mês no largo – 15 dias antes e outro tanto após a festa. A condicionante é a possibilidade de uma saída para outra festa, ocasião propícia, já que reunida uma parcela dos dançantes, aproveita para erguê-lo ou descê-lo, no tempo que der.

         A peleja para angariar fundos é gigantesca. Em junho de 2009,por exemplo, o festeiro promoveu uma quadrilha pela data de Santo Antônio para arrecadar fundos para a edificação de um barracão para a Festa do Rosário, junto ao campo de futebol. O festeiro queixou-se que do lado da Igreja não conta com nenhum apoio, mas muita cobrança. Semelhante reclamação ouvi de congadeiros de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, sujeitos à mesma paróquia.

As transformações comunitárias em São Gonçalo do Amarante poderiam ser observadas sob outros ângulos e revelariam sutilezas que escaparam ao viés deste texto.

No tempo e no espaço as mudanças vividas nesta vila se assemelham de forma surpreendente àquelas tão bem estudadas em Pinhões (distrito de Santa Luzia / MG), pelo professor José Moreira de Souza, cuja leitura é fundamental [XI]. Várias de suas observações e conclusões podem ser facilmente transpostas para São Gonçalo, guardadas as devidas proporções de lá ser território satélite de uma área metropolitana.

Outras alterações no contexto social poderiam ser vislumbradas. Todavia as que foram aqui apresentadas talvez sejam suficientes, por oras, para embasar a demonstração do esquema festivo do passado comparado ao atual.

             Alguma mudança ocorreu de “forma natural”, como mera consequência dos “novos tempos”, da era tecnológica, digital e capitalista. Outra parte, entretanto, foi providência arrojada do atual festeiro para alcançar valorização e horas extras às manifestações culturais do lugar. Uma e outra acabam sujeitas à balança do julgamento.

         A visão tradicionalista ou puritana condena o modelo atual como distorcido, o que de fato é, em certa medida, uma verdade. Mas sob outro ponto de vista, do lado oposto da moeda, está a real necessidade de se adaptar a festa às atuais condições que regem a vida da comunidade envolvida. E o festeiro mais que ninguém sabe a fundo a verdadeira luta que é a cada ano para manter a comemoração do Rosário. Ele entende o que tem de fazer para driblar as dificuldades colossais, sobretudo na obtenção de recursos financeiros para prosperidade da festa. É mesmo de se pensar em qual situação ela estaria sem essas transformações. Pelo que não vai aqui crítica ou defesa, mas apenas exposição das diferentes nuances que envolvem este momento crítico do lugar, onde as profundas alterações vivenciadas por seus naturais agem diretamente contra o seu modo secular de vida, convertendo seu saber a novas formatações que reproduzem apenas parcialmente a profundidade de seu universo mágico, cuja força motriz mitológica e devocional está fragmentada.

           Está óbvio, que todas as mudanças impressas na vida socioeconômica dessa vila fazem já parte de sua caminhada histórica. A intensidade foi capaz de afetar as manifestações culturais do lugar. Apenas aquelas com maior poder adaptativo puderam resistir, ainda que fragmentadas em seu conteúdo simbólico.

         Enfim, poder-se-ia esticar este assunto a perder de vista e diferentes estudiosos o abordariam sob outros prismas e dificilmente se poderiam contemplar todas as suas vertentes.
                         
Congo em marcha pelas ruas da vila. 25/10/1992. 

Congo dança no largo. 25/10/1992. 

A caminho da igreja. 25/10/1992. 
Dançando no largo. 25/10/1992.
Capitão José Francisco Sales e a Sra. Maria Idalina. 25/10/1992.
Congadeiros visitam a Sra. Maria Idalina e tomam a bênção. 25/10/1992. 
Moradores assistem a passagem do congo. 25/10/1992. 

Dançando ao redor do mastro. 25/10/1992. 

Detalhe dos congadeiros. 25/10/1992. 

Capacetes reformados para os congadeiros usarem.
11/10/1998. 

Gerações ... 11/10/1998. 

Notas e Créditos

* Para acessar a publicação original deste texto em agosto de 2012 clique no link: TRANSFORMAÇÕES
** Sobre a reforma da igreja conferir em jornais de São João del-Rei, por exemplo, Folha das Vertentes, n.45, jan./2006 e Jornal de Minas, n.49, 30/11/2004.
*** Texto e fotografias: Ulisses Passarelli



[I]  - PASSARELLI, Ulisses. São Gonçalo do Amarante. Gazeta de São João del-Rei, n.366, 03/09/2005.
[II] - Cf. DIAMANTINO, Dêniston F. A vida e a dança de São Gonçalo. Belo Horizonte: Opará Vídeos, 2001. Documentário VHS, 27 min.
[III]  - Informante: Luís Santana, São João del-Rei, nov. / 1998.
[IV] - Para maiores detalhes sobre o congo e sua festa ver: PASSARELLI, Ulisses. Notas sobre o distrito de São Gonçalo do Amarante. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, v.10, 2002. 180p.il. p.87-125.
[V]  - Cf. PASSARELLI, Ulisses. Mouros & Cercadores. Carranca, Belo Horizonte, ag. / 1999. n.46, p.6.
[VI] - Cf. PASSARELLI, Ulisses. Dez antigas notícias sobre o antigo o folclore são-joanense. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n.11, 2005.
[VII]  - Em agosto de 2006 este congo foi o único grupo convidado a um reinado promovido nas Águas Gerais, Bairro Tijuco, São João del-Rei, na Capela de Santa Rosa de Lima. A festa foi em formatação próxima à do Rosário de São Gonçalo do Amarante, mas o mastro foi de Santa Rosa. No ano seguinte participou de filmagens diante da Catedral do Pilar e no armazém ferroviário, relacionadas à divulgação do título são-joanense de “Capital Brasileira da Cultura – 2007”, para exibição no Discovery Channel. No fim do mesmo ano tocou na praça de São Gonçalo no contexto do mesmo evento, com a outra guarda do lugar e da folia local, além da banda municipal.
[VIII]  - Em 1992 o programa foi impresso em papel-jornal, no formato 21,5 x 31,5 cm, em cor amarela, com escritos em azul escuro, sem ilustrações; em 1998 o programa saiu em papel-sulfite, tamanho 21,5 x 33 cm, branco, escritos em preto, com figura em silhueta da imagem de Nossa Senhora do Rosário da sua igreja em São João del-Rei; em 2007, usou-se o papel-couché, formatação de cartaz, 32,5 x 47,5 cm, branco com aplicação de cor azul nos escritos e em três fotografias: de Nossa Senhora do Rosário, da igreja e do congo, todos do próprio lugar, com efeito de envelhecimento. A disposição dos elementos pouco mudou: cabeçalho no alto, anunciando o título da festa, local e data; programação ao centro; logo abaixo horários dos ônibus para a vila; no rodapé, quadrículas comerciais para patrocinadores. Nas laterais fotos; no contorno geral, vinheta.
[IX]  - A título de exemplo ver: GAZETA DE SÃO JOÃO DEL-REI, n.475,06/10/2007.
[X] - Sr. Antônio era o mais tradicional e entusiasmado rei de São João del-Rei. Faleceu ao completar 70 anos de reinado. Sua última participação foi na Festa do Divino de 2008, da qual se tornara uma figura emblemática.

[XI] - SOUZA, José Moreira de. Pinhões: mito e folclorização. Revista da Comissão Mineira de Folclore, Belo Horizonte, n.24, dez.2004. 161 p.il. p.85-109.

  

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