A cerca de 20 Km a noroeste de São
João del-Rei e ainda em sua área municipal, está a pequena vila de São Gonçalo
do Amarante. A igreja de seu patrono data de 1732 e tem estilo inusitado se
comparado aos demais templos coloniais do município. Seu primeiro nome foi São
Gonçalo do Brumado, alterado pela lei estadual nº 843, de 1923, para Caburu e
depois para o nome atual pela resolução nº 1.081 da Câmara Municipal em
28/06/1990 (*).
No primeiro semestre de 2007, tive acesso a
três antigos livros de atas dessa vila: dois são do Apostolado da Oração e Liga do Sagrado Coração de Jesus da Capela de
São Gonçalo do Brumado (nº2 / 1923 e
nº 3 / 1948-1962) e um da Conferência de
São Gonçalo do Amarante (nº1 / 1936-1938).
O
empréstimo e devolução após estudos só foi possível graças à intermediação do
festeiro do rosário e congadeiro daquela vila, Dorival Caim de Paula, junto a
pessoas da comunidade. Dorival é filho do atual Capitão do centenário Congo que
lá existe. A estas pessoas manifesto minha gratidão.
Antes de
detalhar o conteúdo das atas é mister lembrar que o catolicismo reinou
hegemônico por séculos em várias partes do mundo. Não é segredo o esforço da
Igreja em impor sua lei à custa de todo subterfúgio, aniquilando qualquer voz
que se ousasse contrária sob o pretexto de heresia, bruxaria, adoração ao
demônio. O passado é sombrio. Somente em tempos recentes foi dada abertura a
novas concepções religiosas. Não era sem tempo essa adequação a novas mentes,
mais tolerância e respeito às “diferenças”.
Contudo
pelo imenso interior brasileiro o catolicismo tradicional imperou incólume até
data recente. Participar de uma associação católica era uma honra
inquestionável para o fiel. Era um meio de se afirmar perante a comunidade. Na
engrenagem social do mundo rural, a Igreja surgia mais esporádica na visita,
apenas mensal, do capelão, mas nem por isso menos rígida. Os leigos, agenciados
em associações católicas, faziam até certa medida o papel de agentes
eclesiásticos.
Algumas
vezes, seu trabalho árduo e de fé mostrava-se útil na reversão de benefícios
aos seus conterrâneos sofridos; outras vezes, porém, apenas a Igreja lucrava,
numa via de mão única, numa filosofia de “venha a nós, o vosso reino nada”. Ao
devoto porém, essa visão era nebulosa, como que velada pela satisfação de estar
“servindo a Deus”. Não enxergava que sua servidão não era a Deus mas ao padre,
que usava em vão o nome do Senhor, para objetivar suas arrecadações
infindáveis.
Felizmente,
nos tempos hodiernos, embora a exploração religiosa seja ainda comum e
generalizada em várias religiões, contudo, os esclarecimentos possíveis pelos
meios de comunicação e a liberdade de expressão favoreceram a visão desta
problemática. Este aliás é o objetivo maior do presente texto, que em momento
algum visa desmerecer as pessoas que no passado deram tudo de si em favor
dessas obras religiosas. Pelo contrário sou obrigado a reconhecer a dignidade
dos fiéis, embora não possa dizer o mesmo de todos os sacerdotes coetâneos.
1-
Apostolado da Oração & Liga do
Sagrado Coração de Jesus
O livro nº 1 está desaparecido. O livro nº 2 só possui duas atas: nº 76
(completa) e nº 77 (fragmento). Está mutilado pois veio às minhas mãos já com
quase todas as páginas infelizmente, arrancadas.
Tal livro nos dá conta que, em agosto
de 1923, estava assim dirigida aquela instituição: Padre Frei Simeão van den
Akker (Diretor), sr. José Honório de Carvalho (Presidente), sra. Maria Estevan
de Carvalho (Vice-presidente), sr. Pedro Honório de Oliveira e sra. Rita
Sérvula dos Santos (Secretários). Além destes, havia vários zeladores e
associados .
Como
não havia, e ainda não há, padre residente na vila e a sua vinda era para
celebrar a missa de cada mês, fica claro que as reuniões eram mensais, após
cada celebração, pois invariavelmente se faziam sob a sua presença e direção,
indicando um controle eclesiástico rígido, bem ao estilo pregado pelos
processos romanizadores então em voga.
O livro
3 está completo, exceto pela folha nº 4 que alguém extirpou. Suas atas são
sempre curtas e tem uma formatação padronizada: abertura com datação, chamada
dos presentes, intenções das preces, prestação de contas das esmolas angariadas
pelos zeladores, exposição do número de comunhões e encerramento.
Perpassando
sucessivas atas, observa-se sua monotonia ao repisar num roteiro convencional,
cuja rotina assim se pode resumir: o padre comunicava a normalidade com que
tinha acontecido a missa e frisava o número de comunhões, separando-as
numericamente entre homens e mulheres. Os zeladores prestavam ao mesmo contas
das coletas realizadas ao longo do mês sob a dianteira de seu presidente. Antes
de encerrar lia-se a aprovava-se a ata da sessão anterior.
Para
exemplificar o que pretendo demonstrar destaco as intenções das preces, ditadas
a cada reunião pelo sacerdote, no prazo de cerca de um ano:
nº da ata/data
|
1ª
intenção
|
2ª
intenção
|
5
(14/11/48)
|
Para
que a Igreja atraia cada vez maior multidão de operários
|
Para
que na África os direitos dos operários sejam reivindicados de modo cristão
|
8
(20/02/49)
|
Luta
contra o ateísmo moderno
|
A
Igreja no Congo Belga
|
9
(20/03/49)
|
Sumo
Pontífice
|
Cristãos
da Mandchúria e Coréia
|
10
(24/04/49)
|
Vocações
sacerdotais e religiosas
|
Missões
da Birmânia e Ceilão
|
11
(13/06/49)
|
Cinqüentenário
da consagração do gênero humano ao Sagrado Coração
|
Neófitos
do Japão
|
12
(17/07/49)
|
Consciência
das próprias obrigações
|
Ensino
superior e universalidade das missões
|
13
(21/08/49)
|
Amor
fraterno entre os homens
|
Caridade
entre as nações na grande imprensa
|
14
(03/10/49)
|
O
apostolado pelo rádio
|
Propaganda
missionária na grande imprensa
|
15
(20/11/49)
|
Instruções
religiosas mais profundas entre católicos
|
Paz
e concórdia em Madagascar
|
16
(08/12/49)
|
Orações
quotidianas na família
|
Os
países dominados pelo islã
|
Ao
longo dessas e outras atas vão surgindo os nomes de vários padres que por ali
passaram dando sua “orientação espiritual”. Pediram preces para Uganda e Kênia
Tanganika , Índia , Palestina , Austrália , etc. Rogaram as sinceras ave-marias
dos participantes em favor do desenvolvimento da Igreja entre os negros na
América , a santificação do clero indígena e
a conversão dos ateus e protestantes , “para que o sudeste da Ásia se veja livre do perigo comunista” , “pelas missões entre índios e negros na América do Sul ” , etc.
Não há
notícias do emprego das ofertas ou de preces em favor do sacrificado povo do
lugar que assim se tornava fonte de arrecadação e serviço voluntário em nome de
Deus sem nenhuma reversão prática em seu favor. As intenções para as preces dos
fiéis desfilavam entre reuniões abordando países os mais distantes, pouco
imaginados pelos naturais da pequenina vila e igualmente o povo daquelas nações
jamais poderiam imaginar a existência do nosso distrito.
Em
junho de 1949 surge a notícia da realização de um leilão e depois aconteceram
outros esporádicos, como mais uma via de arrecadação para a Igreja além das
coletas convencionais.
O
cenário segue assim sombrio até que na ata nº85, sem data, assume a direção do
Apostolado & Liga o muito conhecido Padre Pedro Teixeira Pereira,
felizmente ainda vivo e ativo religioso nesta cidade (**), sendo muito respeitado
pela qualidade de seu sacerdócio. Padre Pedro, ora citado como vigário, ora
como capelão, imprime uma mudança no andamento desta instituição, tornando-a
mais humanitária. As atas mudam de estilo e entram novas zeladoras. As
comunhões são ressaltadas como tesouro espiritual. A postura é mais humilde: “o sacerdote na missa é apenas instrumento
para pronunciar as palavras do sacrifício” . Mas a doutrina então vigente não
deixava de ser anunciada : “Quando a um católico fosse oferecida a Biblia por algum protestante,
devemos repelir com horror, e lançá-la ao fogo ou entregá-la ao vigario”,
visão natural para o contexto de meio século passado.
Contudo
no geral sua direção foi repleta de êxito e marcou tanto por ser positiva, que
na ata que registra a entrada de um sacerdote substituto, há esta homenagem a
Padre Pedro : “O povo e as crianças terão sempre em seu coração o seu nome Padre Pedro
Teixeira Pereira. Os caburuenses, jamais, esquecerá deste verdadeiro discipulo
do Divino Mestre, está alma magnifica, consoladora. Que leva sempre nas horas
certas da nossa vida, uma palavra de consolo e conforto espiritual. Aos pés do
nosso Patrono S.Gonçalo a figura inesquecível do querido Padre Pedro Teixeira
Pereira. (sic)”
Após
a sua saída volta o estilo antigo com muito pouca exceção (por exemplo, auxílio
financeiro a uma zeladora doente por determinação da presidente da mesa ).
Questões
político-econômicas vieram à tona orientando-se os fiéis pela técnica da
imposição do medo : “para que todos pressintam e detestem as perversidades e os perigos das
doutrinas marxistas”.
Na
mesma ata surge uma notícia de ajuda de Cr$100,00 por parte da prefeitura para
uma determinada festa. Na ata seguinte
se fica sabendo que esta festividade fora dedicada a Santo Antônio. (Atualmente
não há mais esta festa em São Gonçalo do Amarante).
Por
fim destaco os números da atividade das zeladoras, expresso com o nome de
“Tesouro do Coração de Jesus”, referente aos meses de fevereiro, março, abril e
maio de 1962, que mostram os agigantados atos de fé dos associados : “missas = 233; comunhões = 133; terços = 2003; visitas ao
Santíssimo = 183; atos de zelo = 294; atos de caridade = 310; mortificações =
400; jaculatórias = 6.133.”
2 –
Conferência de São Gonçalo do Amarante
Seu
primeiro livro de atas está muito bem conservado e foi redigido com letra
impecável. Consta como data de sua fundação 10 de maio de 1936.
O vigário era o Padre Francisco Tortoriello; o delegado representante do
Conselho Central Diocesano, o sr. Christovam Teixeira; na presidência estava
sr. Leopoldo Rodrigues Ferreira (por aclamação), tendo por vice sr. José
Honório de Carvalho; a secretaria estava a cargo do sr. Albino Lopes de Oliveira e a tesouraria era
responsabilidade do sr. Flávio Cândido Alves. Por razões históricas registro os
demais mesários da sua primeira administração: srs. Modesto Estevam dos Santos,
Rozalino Freitas de Oliveira, Alípio Rodrigues Ferreira, João Ferreira de
Andrade, José Baptista de Carvalho, Miguel Marcos do Nascimento, José Elias da
Silva, Antônio da Silva Reis, José Coelho de Gouvêa, José Pedro de Oliveira.
Membros honorários: Carlos Augusto Alves, Antônio Emydio de Resende, Francisco
José dos Santos, Arthur Maximiano de Souza, Geraldo Magella de Carvalho, José
Joaquim Machado, Antônio Balbino de Souza.
As reuniões eram aos domingos, às 12
horas, na capela local. Em cada dia de reunião o presidente indicava dois
confrades para exercer ajuda material (e oportunamente outro tipo de ajuda) a
um necessitado.
Numa das atas é apresentado o nome de Antônio
Cipriano de Andrade. Rozalino pede correção de seu nome: Rozalino Augusto
Freire de Rezende. Apresentado para sindicância os nomes de Carolina Izidora de
Paula, Rosa Mathias e Daniel Galiano. Para cada indicado dois vicentinos
visitavam para ver suas reais condições de vida e, portanto, as necessidades de
fato.
Era possível a transferência de
pobres para assistência noutra instituição quando a necessidade requeria.
Exemplos: 1 - José Affonso Calçavara, representante da Conferência do Sagrado
Coração de Jesus, da Colônia do José Teodoro, trouxe uma carta do presidente da
mesma, pedindo aceitação pela Conferência de São Gonçalo dos pobres Augusta
Machado, José dos Passos e Chrispim Ribeiro. Aceitaram ; 2- “Como se achava enferma a nossa pobre socorrida Augusta Machado, a
reunião rezolveu interna-la no Albergue em S.João del-Rey a qual foi muito bem
acolhida, graças ao nosso Revmo. Vigario Francisco Tortoriello, que
não poupou esforços para este fim, foi tirado da caixa da conferencia a
importancia de 4:000 para dispesas de carregadores de Augusta Machado, então os
confrades que não puderam acompanha-la, resolveram a indenisar a caixa desta
conferencia importancia recebida 7:000” .
Os novos membros eram apresentados
como “sócios aspirantes” e depois de um tempo e treino se efetivavam como
“sócios ativos” .
Continuam as atas aceitando novos
confrades como aspirantes, outros sendo promovidos a efetivos, expedindo
sindicâncias para socorrer mais gente.
Registravam cada doação em espécie,
objetos, roupas, etc.: 1- Daniel Galiano recebeu uma calça e Carolina Izidora
um vestido; 2- Augusta Machado ganhou um
colchão – ocasião que visitou aos vicentinos
o Padre Tortoriello; 3- com oferta de tecidos: “foi entregue pela conferencia, a pobre Emilia Silveira, 4 metros de
riscado, 2 metros de algodão e um carretel de linha, na importancia de 7$400”
; 4- “foi dado pela conferencia um vestido a pobre de nome Maria Antonia,
residente em Caxambú no valor de 6300” .
Quando havia necessidade, e era possível, as ajudas
habituais eram acrescidas. Um aumento dos óbolos é anunciado, bem como
enaltecido o nome da benfeitora Dona Francisca Clara de Jesus
.
Na ata nº 14 registrou-se a visita de
Atanásio de Paulo representando a Conferência de Nossa Senhora do Pilar e José
Fellipe de Azevedo a do Senhor dos Montes, ambas da cidade de São João del-Rei . Vicentinos de São Gonçalo logo
também os visitaram e então se tornaram comuns estas visitas mútuas entre
conferências, fosse por iniciativa própria ou por retribuição: de Santo Antônio
(Rio das Mortes – nº17), do Rosário (São João del-Rei – nº 18), de São Geraldo
(idem – nº 19), do Senhor do Bonfim (ibidem – nº 20), de N.S. das Mercês, ainda
da mesma cidade (nº 65), Piedade do Rio Grande (nº63), Coronel Xavier Chaves
(nº 64), da Matriz de Tiradentes (nº92).
Para maior clareza dos recursos
angariados em favor da pobreza, foi tomada uma resolução em 30/08/1936, conforme
registra a ata nº17: as coletas então se processavam de duas formas: a do dia e
a da bolsa. Ficou resolvido o fim da bolsa, substituída por caderneta, onde
cada vicentino anotaria suas coletas a fim de prestar contas mensalmente. Isto
denota a honestidade dos integrantes.
Outras vias eventuais de arrecadação
de fundos podem ser detectadas: 1- “foi
entregue a esta conferencia, a importancia de 7600, encontrado no cofre da
ex-conferencia de Ibitutinga” . 2- oferta por uma graça alcançada
31.000 . 3- idem, 1.000 . 4- ibidem, 7.000 ; 4- doação de 10.000 por promessa ; 5- realização de leilões .
Mudanças de status ou transferência de uma para outra conferência aconteciam.
Vemos na ata nº 27 que “passa a pertencer
a esta conferencia transferido da conferencia de S.Antonio de S.João del-Rey, o
confrade honorario Snr. João Baptista Sandim.” Na nº 96 consta a exoneração
do 2º secretário que foi passado à categoria de honorário.
A
conferência arcou com as despesas do funeral do socorrido Daniel Galiano . Outra morte foi anunciada : “a pobre Carolina Izidora socorrida desta conferencia residente em
Mama-Rosa.”
A
preocupação com a moral dos socorridos era grande, como se pode constatar
destas notícias: “deu alta de seu socorro
o snr. Joaquim Mendes por já se achar em estado de trabalhar, foi aumentado os
socorros de Maria de Aguiar com mais 1:000 por se achar adoentada.” ; “foi abolido os socorros desta conferencia do pobre Chrispim por não
estar mais em condições de socorro e se achar forte em condições de trabalho”
; “foi aprovada em sessão suspender os socorros da pobre Roza Mathias por
ter em sua companhia a sua filha de má vida, isto temporariamente ate que possa
corrigi-la” . Sobre este último caso, curioso aos
olhos atuais, diz a ata subsequente que a ex-socorrida conseguira reatar a
filha ao marido e assim a conferência encaminhou um confrade em missão de
sindicância para verificar a verdade do fato. Na outra reunião resolveram os
vicentinos retornar com a ajuda por ser fato verídico.
A
central era repassada certa importância: valor de 5.000, por exemplo , ou “offerecido ao conselho central os 10 % 10.000” ; “foi remettido desta conferencia para o snr. prezidente do conselho
central em S.João del-Rey, Dr. Paulo Lustosa a importancia de 105,00, destinado
ao santuario de S. Vicente de Paulo em Belo Horizonte” .
2-
Comentários finais
As fontes pesquisadas indicam de
forma clara o contraste entre o papel do leigo e o do agente eclesiástico numa
comunidade rural, de vida tradicionalmente vinculada sobretudo à pecuária
extensiva de gado leiteiro e à agricultura familiar de subsistência, durante
parte do período de vigência da ideologia romanizadora da Igreja Católica. Pela
forma como o vimos, neste contexto específico, os papéis se inverteram e o fiel é que dava exemplo aos
doutrinadores.
Em si não vemos em ponto algum
qualquer tendência a valorizar os elementos da cultura local, muito menos os da
religiosidade popular, riquíssima fonte evangelizadora.
A orientação no Apostolado & Liga
era para questões internacionais, admoestando sempre para os interesses
universais da Igreja e as obrigações locais dos fiéis, numa relação muito
nítida de submissão. O fiel se tornou servo e não povo de Deus. Não se podia
usufruir nem dos benefícios espirituais teoricamente oferecidos pela Igreja.
Uma notícia a propósito é esta: “esse mês
não houve missa do ‘contrato’ e por isso nem a do Apostolado”. Na mesma linhagem é este gasto: “Retiramos Cr$100,00 para duas missas, uma
pela intenção do Apostolado, outra por alma de Ana Maria de Jesus” . É admirável o grau de exploração da
boa vontade e boa fé destas pessoas por parte da Igreja, que, mesmo com tanto
trabalho em seu exclusivo favor, tinham que pagar pelas missas!
A realidade da conferência era até
certa medida semelhante, contudo, favorecida pela maior liberdade de ação. A
linha de conduta caritativa voltava-se de forma muito útil para os anseios do
próprio lugar, beneficiando os necessitados dali mesmo, fazendo na prática um
cristianismo muito verdadeiro.
Ambos, porém, dentro de suas respectivas diretrizes
tiveram plena dignidade, um mérito extraordinário de dedicação, na certeza de
estarem exercendo a sua fé, vencendo as lutas contínuas dos trabalhos
infindáveis da vida rural a despeito do desamparo da Igreja. Fazendo um
paralelo com a famosa parábola bíblica, no caso aqui exposto, no
contexto da época abordada, o fiel era o trigo e a Igreja, o joio.
|
Vista noturna da Igreja de São Gonçalo do Amarante, abril/2009. |
|
Vista diurna da Igreja de São Gonçalo do Amarante, outubro/2011.
|
Notas e Créditos
* Texto publicado em 14/08/2012. Para acessar a publicação original clique no link:
*** Texto e fotografia: Ulisses Passarelli
**** Agradecimentos especiais a Dorival Caim de Paula.
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