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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Na minha terra se fala assim - parte 13

Barriga verde – principiante, inexperiente.

Bicho bom – gíria em processo de desuso, indicativa de pessoa bonita, atraente.

Boa praça – gente boa, de boa índole, prestativo, educado, gentil, bondoso.

Bofe – os pulmões.

Botar as unhas pra fora – revelar a verdadeira personalidade maldosa, antes oculta sob a falsa imagem de bondade.

Cacunda – africanismo: ombros, espáduas. “Carregar na cacunda”: literalmente, trazer o peso sobre os ombros, uma responsabilidade.

Cambota – 1- peça de madeira que compõe a roda do carro de bois, em forma de semi-círculo; 2- cambalhota; reviravolta.

Camelo – traste, tranqueira, bicicleta velha, motocicleta ruim, carro imprestável, pipa (papagaio, pandorga) de má qualidade. “Desceu o morro num camelo danado...” (numa bicicleta velha, por exemplo).

Caminho de São Tiago – a via-láctea; mancha esbranquiçada e alongada visível num céu aberto e sem luminosidade da lua. 

Cangote – pescoço e principalmente a nuca. 

Carretel – a ATM (articulação têmporo-mandibular); o côndilo da mandíbula em sua articulação com a fossa glenóide do osso temporal.

Casa do chapéu – local imaginário que simboliza algo muito longe, ermo.

Chapuleta – grande, volumoso.

Colondria – corja, canalhice.

Com cinco pedras na mão – com agressividade. Brutalmente.

Com um pé atrás – com desconfiança, com cisma. Diz-se da atitude de precaução.

Disgrama – eufemismo de desgraça; coisa muito ruim; tragédia; xingamento para ocasiões de grande contrariedade.

Do diabo pra trás – o pior possível, péssimo, horrível, muito ruim.

É mais fácil nascer cabelo no ovo – expressão usada para indicar algo impossível, que jamais acontecerá.

É mais fácil nascer dente na galinha – idem.

Empaçocado – embolado, denso, farináceo, ressequido.

Enguiço – sujeito de índole rixenta; pessoa que arranja confusão por qualquer coisa.

Enjirizado – “injirizado”, o que tem ojeriza; antipatia, raiva, nervosismo.

Esborrachou – arrebentou, estatelou.

Espigado – comprido, alongado, magro e longo. “Sujeito espigado”.

Está pensando na morte da bezerra (variante: “Esperando a morte da bezerra”) – indicativo de inércia, falta de atitude, ausência de pró-atividade.

Fazer tempestade em copo d’água – fazer confusão por coisa mínima; tumultuar por algo que pode ser resolvido diplomaticamente.

Fuleiro – ordinário, de pouco valor, de má qualidade, insignificante.

Fundo do baú – algo muito velho; lembrança de alguma coisa antiga; rememorar uma situação ou fato que a muito ninguém se lembrava: “tirar do fundo do baú”, expor do passado ao presente.

Guela – garganta, faringe. (A pronúcia é tremada: “güela”). “Pegar na guela”: estrangular, sufocar.

Levou quem trouxe ... – situação de azar, danação; expressão para indicar o momento exato que uma situação se vira para o descontrole.

Mais cacique do que índio – expressão indicativa de que muita gente quer mandar mas não quer ser mandada; local ou situação onde uma autoridade não se impõe e vários dão a diretriz, achando-se suficientes para isto. Serviço cheio de chefes.

Mais feio que o diabo dando cria – horroroso, medonho, muito feio.

Meio caminho andado – metade de uma questão resolvida. Situação encaminhada, em andamento, mas não concluída.

Mole-mole – a traqueia.

Morde e sopra -  aquele que ataca e a seguir presta socorro, como se não tivesse culpa. Dissimulado.

Muita galinha e pouco ovo – literalmente, muito trabalho para relativamente pouco retorno financeiro. Situação econômica desfavorável ante grandes responsabilidades.

Não dá o braço a torcer – aquele que mesmo estando errado e sabendo do erro, não o admite de forma alguma.

Papagaiada – falatório, falação, algaravia, conversa muito alta e confusa, muita gente falando ao mesmo tempo.

Passarinha – o baço.

Pegar no guatambu – trabalhar, iniciar um serviço. Expressão de origem rural: guatambu é uma madeira amarelada muito usada para fazer cabos de ferramentas, sobretudo enxadas, em razão de sua resistência. O mesmo que tambu.

Pegar o boi pelo chifre – enfrentar a situação de peito aberto, com vigor, despachadamente, encarando os riscos. Assumir uma demanda na linha de frente, sem intermediários.

Pipoco – estouro, explosão.

Rapa do tacho – o último, o resto, o caçula.

Rolo armado – confusão ou desentendimento prestes a acontecer; situação embaraçosa na iminência de se deflagrar.

Tem a boca maior que o estômago – Expressão aplicada a quem tem grande gula; diz-se de quem come demais, compulsivamente.

Tem o olho maior que a cara – tem enorme ambição. Expressão para indicar grande usura.

Tirambaço – disparo violento, tacada forte, pedrada, soco brutal.

Tiro no pé – erro crasso que atinge quem errou. Dar um tiro no pé é tomar uma atitude impensada que trará graves consequências para si próprio.

Trepar nas tamancas – ficar muito nervoso; descontrolar-se emocionalmente; xingar muito; gritar impropérios contra alguém.

Trocando de pato pra ganso – mudando de assunto; passando repentinamente de uma questão para outra.

Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli 

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