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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quarta-feira, 10 de abril de 2013

Maria Fumaça na Estação de Nazareno

Para matar a saudade de muitos e registrar cenas da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de Minas) quando ainda estava em plena atividade, posto a seguir quatro fotos de álbum familiar, transmitidas por meu pai, David Passarelli, tiradas na estação ferroviária de Nazareno / MG em 1976.


As locomotivas cortavam toda a região das Vertentes e cercanias. Acompanhavam o vale do Rio das Mortes, levando e trazendo produtos e passageiros, cultura, emprego, notícias, esperança, num serpenteio entre paisagens estupendas das vargens fluviais.


O jeito de apitar era uma característica de cada maquinista e o tom característico de cada locomotiva gerava um código sonoro de sinais legitimamente folclórico, posto que passava de geração em geração informalmente e sujeito à criatividade do trabalhador. O povo da beira da linha conhecia muito bem esses sons, interpretava o seu significado e até identificava qual maquinista vinha chegando. Folk-comunicação? Certamente.


Os moços do trolley envergavam varas flexíveis que impulsionavam o rude veículo carregador de fardos, ferramentas, marmitas. Beira-linha os conservas aguardavam. Nos trens iam referências do progresso que a máquina a vapor tinha trazido para os sertões; na fumaça esvaía-se a saudade, de cumpadres e familiares que chegavam para visitas e festas. Nas estações se trabalhava pelo pão de cada dia. Sitiantes plantavam e criavam, despachando sua produção no trenzinho. Ele movia a economia.


Mas o Chefe da Estação não acena mais suas bandeiras. O sino da plataforma calou-se. O apito sumiu nas agruras do tempo. Os trilhos foram erradicados. As estações se arruinaram em sua maioria. Agora é só asfalto onde os acidentes se multiplicam. A Maria Fumaça, que tem a cara de Minas Gerais (ou é o contrário?) é uma saudade contínua... que gera um protesto eterno contra a lamentável degradação dos trilhos. A desgraça só não é maior porque sobrou-nos um trecho até Tiradentes. Fica a lição da história e o lamento de tantos e tantos que entendem e sentem o que significava o "trem de ferro".


Notas e Créditos

* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: David Passarelli
*** Leia mais sobre a Estrada de Ferro Oeste de Minas clicando nos seguintes links:
Ferrovias 
A Chegada da Maria Fumaça

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