Ulisses Passarelli
(Ofereço com grata admiração a José Cláudio Henriques e José do Carmo Silva, e in memorian a José Cândido de Salles e a Aluízio dos Santos)
"Açougue no Mercado – José Francisco Moura convida ao publico desta cidade, para visitar o seu estabelecimento. Sendo fazendeiro, pode fornecer gado de 1ª qualidade". [2]
Na vizinha cidade de Tiradentes ainda existe, inativa e um tanto abandonada, a original construção de pedras, coberta de telhas antigas, que serviu de abatedouro de reses, na Rua Custódio Gomes, perto da rodoviária. Informa Dora Nascimento, que a construção é de 1831 e foi tombada pelo município, art..4º, Ato das Disposições Transitórias, Lei Orgânica de 1990. No citado texto a autora clamava por uma boa utilização daquele espaço.
Em abril / 2003, o local estava cheio de lixo; o telhado, desabando ao centro; uma intervenção descaracterizadora com vigas de concreto armado fora feita. No todo estava desleixado. Ainda se podia admirar: a engenhoca tocada a manivela, cheia de engrenagens, que puxava a rês abatida, por meio de um correntão; as admiráveis colunas e arcos de pedra; o desgaste numa das pedras do piso, causado pelo repetitivo movimento de amolar facas, raspando o seu gume, gesto que os trabalhadores locais fizeram incontáveis vezes. O local, se bem tratado, poderia ser uma atração turística a mais para aquela cidade.
Em São João del-Rei já não há esta possibilidade, revela a história, contada por pesquisadores e pelos jornais desta cidade.
Geraldo Guimarães coligiu informações sobre o comércio de carne nos setecentos. Nos seus dizeres, O comércio de carne bovina não foi sempre exercido livremente, sendo, pelo menos em determinada época, exclusividade de uma só pessoa. Em 1718, é encontrado o seguinte registro “José Madeira arremata por 500 oitavas de ouro os cortes de gado, devendo suprir de boa carne os açougues da vila. Obrigava-se ‘a ter de reserva parte das melhores para distribuir aos ministros da justiça, oficiais da Câmara e mais nobreza’(Cintra, 1982, p.118).
Sebastião Cintra informou que a 08 de outubro de 1727, José Gomes Branquinho tira licença, no Senado da Câmara, para – “usar de seu corte de gado”; a 10 de janeiro de 1728, Apresentando o fiador Sebastião Ferreira Leitão, futuro padrinho de batismo do Alferes Tiradentes, Antônio João Palhares arremata por 892 oitavas de ouro a renda do subsídio das cabeças de gado; no ano seguinte, a 13 de janeiro o novo arrematante foi Francisco de Mendonça e Sá, por 880 oitavas, exigindo o Juiz Ordinário da ocasião, José Matol, que os três pagamentos se fizessem em ouro limpo; em 21/07/1740 a Câmara trata em vereança do problema da carne – ‘pois os marchantes da vila haviam feito entre si e assinado um termo de não venderem carne fiada ao povo. Parece que o assunto teve certa seriedade e repercussão indo dois marchantes presos por não acatarem as deliberações dos vereadores. A Câmara porém voltou atrás e os mandou soltar a 27 daquele mesmo mês e ano. A 9 de dezembro de 1741, a Câmara firma termo de quitação a favor de Antônio Pereira da Silva, que comprovou ter pago 1311 oitavas de ouro, na qualidade de arrematante da renda do subsídio das cabeças de gado ; em 1748 o arremate esteve a cargo de Custódio Pereira Brandão, por 1.123 oitavas, a 27 de janeiro; em 1749 o arrematante foi Domingos Leitão Coelho, a 26 de janeiro, a um valor de mil oitavas de ouro; 13 de novembro de 1808, “Atendendo a precisão que há de se fazer um curral ou coberta que sirva para uso e matança das reses”- a Câmara determina a lavratura de edital para arrematação da referida obra; a 05 de julho de 1820, a Câmara de São João del-Rei em vereança do problema da falta de carne verde, além do alto preço que alcançou “visto que o gado tem subido o dobro do preço porque dantes se vendia”(...) resolveu, ouvidos os marchantes, “se fizesse público por pregão lavrado por edital para qualquer pessoa que der lanço ao preço menor de novecentos e sessenta réis por libra, que é o preço que declaram os mesmos marchantes poder vender para salvar o seu principal e despesas, enquanto durar a carestia de gado.”; e a 25 de setembro de 1826 a Câmara convida por edital, clero, nobreza e povo para o estudo, em Câmara Geral, do problema da grande falta de carne na Vila de São João del-Rei. Tais arremates exigiam fiadores, cujos nomes o autor registra.
Também de interesse as informações levantadas por Fábio Nelson Guimarães: a 17 de julho de 1869, a Câmara, tomando medidas de higiene em prol da cidade, determina que o local para enterramento de animais mortos seja as vargens do Quicumbi e do Faria; a 12 de setembro de 1885, uma determinação dos edis, por proposta do vereador Emerenciano Fioravantti, obriga que os marchantes não lancem no córrego os detritos das reses abatidas.
Comenta-se que matavam gado por detrás da Capela do Bonfim, havendo então o costume de fincar os crânios das reses abatidas nas pontas dos mourões para afugentar mau-olhado e de tantas que haviam, aquele lugar ganhou o nome de “Arraial das Cabeças” (Rua Antônio de Abreu). Segundo a oralidade não se confirmaria assim, a especulação desse nome ter surgido por causa de cabeças humanas decapitadas, de condenados ao cadafalso naquele Morro da Forca, que seriam jogadas pelo declive afora, à fome dos urubus. Por outro lado pode o curioso topônimo ser uma lembrança dos enterramentos determinados pela Câmara na Vargem do Faria que é contígua ao Arraial das Cabeças quase se confundindo.
No ano de 1877, Francisco Ferreira da Silva, arrematante do imposto sobre o gado, prevenia num jornal a todas as pessoas que se achavam em débito, que pagassem para evitar medidas legais de cobrança [3].
Outros sinais da atividade pastoril são o antigo nome do trecho inicial da Rua Mal. Deodoro (entre a Praça Dr. Severiano de Resende e os Quatro Cantos), que se chamava Rua do Curral (no séc. XVIII) e o Curral do Conselho, que ficava até 1893 onde hoje está o fórum, informa Antônio Gaio Sobrinho. Notórias também nas suas altas platibandas, uma série de cabeças bovinas, simbolizando a riqueza municipal da época da sua construção, como também se refere o mesmo autor ao prédio da prefeitura.
Houve um matadouro antigo que ficava no Pau d’Angá (atual Rua Carvalho Resende, Centro), defrontando a ladeira e dando fundos para a Praia, esclarece Fábio Nelson Guimarães. É possível que seja este o matadouro citado no edital de 1808 da Câmara.
Mais tarde, no século XIX, foi transferido para o Matola, onde anos depois viu surgir à sua frente a estação ferroviária e oficinas da E.F.O.M. (Estrada de Ferro Oeste de Minas). O autor supra diz sobre ele: vizinho ao córrego da Tabatinga, nas imediações da antiga caieira dos Mourões. Não é conhecida a localização exata deste matadouro, mas por esta referência, aliada às informações orais de antigos moradores das cercanias, que ainda alcançaram uns velhos currais abandonados e em ruínas na entrada do atual Bairro São Judas Tadeu, se pode localizar aproximadamente junto ao quarteirão formado pelas ruas Professor Mário Mourão Filho, Henrique Benfenatti e Antônio Lombelo Rocha (“Mestiço”), junto ao Córrego da Tabatinga, no qual lançavam o sangue e demais detritos da matança.
As condições sanitárias não eram das melhores. A imprensa reclamava [4]: Chama-se a attenção do sr. fiscal para as rezes tisicas que ultimamente se tem abatido no matadouro desta cidade. Olho vivo senhor fiscal: o zé-povinho já anda cansado de tanto sofrer.
Em 1898 o matadouro foi reformado com o concerto das porteiras e cimentação do pátio, obra do prefeito Dr. J.D. Leite de Castro, que custou aos cofres públicos 96$520 (noventa e seis mil e quinhentos e vinte réis), conforme lançamento no relatório de contas apresentado à Câmara Municipal pelo dito prefeito [5].
Certa feita, malfeitores juiz-foranos, de passagem pela cidade, planejaram roubos causando um black-out. Para provocar o curto-circuito, jogaram na fiação elétrica do matadouro do Matola uma barra de ferro e assim a noite de 11 para 12 de março de 1902 foi de escuridão para os são-joanenses [6]: Em frente ao Matadouro, individuos de mau gosto, depois que a luz estava accesa, atiraram sobre os fios, fechando o circuito entre as duas phases, um pedaço de limalha de tôrno, das officinas da Oeste, de mais de metro de comprimento ...
Bem antes disso porém, a municipalidade planejara transferir o matadouro do Matola para Matosinhos. O assunto causou grande polêmica. Depois de muita discussão foi aprovada a transferência por proposta do vereador Augusto Müller [7], ainda no século XIX. Porém tal decisão emperrou e de fato só foi efetivada em 1910 [8]: o Major Antonio Gonçalvez Coelho, Presidente da Camara em exercicio, pretende estabelecer um novo matadouro, nos suburbios d’esta cidade, em terreno excellente, junto á linha da E. F. Oeste, fasendo o transporte de carne pela estrada de ferro até a estação. O terreno tem espaço para pastagens de gado que se destina á matança.
O mesmo jornal noticiou ainda [9]: Já foram iniciados os serviços do novo Matadouro modelo, que a patriotica Camara Municipal pretende construir. É um melhoramento que se fasia sentir entre nós, que salientamos, pelos muitos beneficios que proporcionará á população desta cidade. Com o matadouro modelo o serviço de matança, de accordo com o plano e planta das obras obedecerá aos principios exigidos pela hygiene, e, tambem com esse melhoramento, a Camara regularisará o seu serviço de arrecadação desse imposto, o que até aqui, não tem conseguido fazer. O local escolhido pelo Presidente da Camara é o que melhor adapte-se aos interesses dos marchantes e da Camara. Ainda em tempo, esclareça-se que marchantes eram os boiadeiros que traziam o gado de corte.
A mudança não ocorreu sem polêmica [10]: confirma-se a revoltante noticia da transferencia do actual matadouro para a parte de cima das pontes de Mattosinhos sobre o Agua Limpa (...) ponto ainda mais prejudicial do que aquelle em que actualmente está estabelecido (...) as emanações infusas irão produzir o descredito e o abandono de um arrabalde até agora procurado por aquelles que precisam de ar puro. É que Matosinhos, cheio de verde das chácaras, pomares e jardins, além da água pura que tinha, era procurado por doentes para repouso e tratamento. Daí a razão deste protesto.
Feita a mudança o local onde antes funcionara ficou conhecido como “Rua do Matadouro Velho”.
Também a imprensa [11] numa crônica retrospectiva, que evoca o período anterior à chegada da ferrovia (1881), escreveu: Nesse tempo ia-se [ a Matosinhos ] pelo Matola, passava-se perto do Matadouro Velho em plena capoeira, (...) . Em 1923 a Rua do Matadouro Velho ganhou a designação atual de Rua Padre Sacramento, assegura Fábio Nelson Guimarães. Contudo, um anúncio do ano seguinte mostra (como sói acontecer), que o nome anterior prosseguiu em uso [12]: Vendem-se 2 chalets, sendo um nesta cidade á rua Matadouro Velho com jardins na frente, construcção nova, e outro em Aguas Santas.
Funcionou o matadouro muitos anos em Matosinhos, na confluência das ruas Elói Reis e Amaral Gurgel, junto ao pontilhão do trem. Tinha técnicas primitivas e precária higiene, o que aliás, vinha de longo tempo. A carne era transportada no carroção, que ficou assim registrado [13]: Há dias que a carne destinada ao consumo da população está sendo transportada em uma carroça de lixo. Vem immunda, segundo informou-nos um dos açougueiros. Immunda diz elle e prejudicial á saude publica dizemos nós.
Outra fonte [14]: Um carroção immundo, pesado, asqueroso, parecendo os vehiculos usados pelos ciganos, todos os dias, envolto numa densa nuvem de poeira, puxado por duas parelhas de bestas magras, seguido de uma canzoada esqueletica e faminta, offerece à nossa terra um espectaculo patusco. E numa algazarra dos condutores, num bimbalhar infernal de campainha e guizos, num rangido de eixos e correntes, lá vem o carroção, numa corrida desenfreada, trazendo a carne que teremos de comer no dia seguinte.
Com tantas reclamações adquiriu-se um automóvel utilitário para transporte da carne verde na década de vinte. Após conviver um tempo com o carroção, acabou por substituí-lo completamente.
Em 1929 aparece o nome do responsável pelo estabelecimento, Francisco Ribeiro da Silva, sob o cargo de Encarregado. Dois anos depois ainda era o chefe local, como Administrador.
Matosinhos assistia desde então a profundas mudanças, com uma onda de demolições e surgimento de novos prédios. Em 1932 cogitava-se urbanizar o bairro afetando a disposição bucólica que tanto lhe dera celebridade. Um hebdomadário comentou [15]: remodelar o quieto suburbio, o pittoresco arrabalde das jaboticabas famosas, deitar abaixo aquelles muros enegrecidos e aquelle aggregado de casinhas baixas, seria roubar o encanto natural que fez daquelle sitio o logar preferido (...) nova remodelação de Mattosinhos que, segundo foi dito, passaria por uma radical transformação que lhe haveria de alinhar as ruas em torno do grande jardim plantado ao centro. Etc. O cunho progressista não condizia com o atrasado matadouro.
Em 1936, a lei municipal nº 9, de 10 de dezembro, autorizava o prefeito a por em concorrência pública a exploração dos serviços de transporte de carne e do lixo [16].
Idealizou-se abrir um grande abatedouro-frigorífico. A empresa MONTOR (Montreal Organização Industrial e Economia S/A), apresentou a respeito um notável levantamento da economia da cidade, as perspectivas de crescimento, estudo mercadológico, social e de matéria-prima, visando o abate e o beneficiamento em larga escala, para a produção de carne verde, carne resfriada, charque, farinha de osso, farinha de sangue, sebo industrial, couro e outros subprodutos com capacidade da ordem de 15.000 cabeças bovinas e 5.000 cabeças suínas por ano [17]. O grande projeto não foi adiante.
Passou então por sucessivas reformas. Uma delas em 1977, na administração Lourival Gonçalves de Andrade, ainda está marcada numa placa comemorativa afixada na parede externa frontal, dando inclusive o nome do prédio: “Matadouro Municipal João Mansur”.
Nova reforma ocorreu na administração do Dr. Gerardo de Castro Cid Valério, com a compra de novos equipamentos e planos de arrendamento para uma empresa especializada de Juiz de Fora [18].
Ainda houve outra melhoria, desta vez pelo prefeito Rômulo Viegas [19].
Essas reformas foram importantes e ajudaram, mas não resolveram a raiz do problema. O antiquado estabelecimento era ainda alvo de críticas e protestos [20]: o matadouro municipal já não pode continuar no mesmo local. Tornou-se obsoleto e está prejudicando dezenas de residências e casas comerciais.
Para apurar denúncias de irregularidades no seu funcionamento, constituiu-se uma comissão que estudou solucionar o caso com as opções de interdição, restauração e ainda construção de um novo prédio [21].
De madrugada os berros dos animais infernizavam os moradores das cercanias, e ainda, o ir e vir de caminhões, o mau cheiro, a proliferação de moscas, cães vadios e urubus. O sangue era derramado no leito do “Água Limpa”. Além disso a má higiene dos processos de beneficiamento da carne punha em risco a saúde pública. Os moradores iniciaram um grande movimento popular para retirá-lo dali, encabeçados pelo sr. José do Carmo Silva (justiça lhe seja feita), além do esforço de muitos outros cidadãos nesta árdua tarefa.
Enfim, numa feliz iniciativa foi dada uma ordem judicial pela MM. sra. Juíza de Direito da 2º Vara Cível de São João del-Rei, dra. Sônia Marlene Rocha Duarte, na audiência pública de 20/08/1998. Dava prazo para fechamento do matadouro até 31 de dezembro daquele ano e exigia acertadamente vigorosas medidas de higiene, como condição para continuar funcionando até o fim daquele prazo [22].
Nessa ocasião já se idealizava a construção de uma nova unidade. A APROCARNE (Associação de Proprietários de Casas de Carnes e Açougues de São João del-Rei), negociava um terreno, junto à BR-494, na Colônia do Bengo, bem defronte a Igreja de Santo Antônio, com destino a tal finalidade [23].
Por esse tempo começara no Córrego, em Santa Cruz de Minas, a construção de outro abatedouro, o “Frigorífico Santa Cruz”, de propriedade do empresário Nelson Resende (substituía um anterior naquele município, também precário, que situava-se à confluência das ruas João Batista da Silva e Sete de Setembro e que igualmente foi alvo de protestos populares). Esse frigorífico ficou pronto primeiro e por um tempo sediou todo o abate. Grande e moderno, possui 3 currais: 1 para chegada, 1 de inspeção veterinária e 1 de abate, onde se empregará 15 a 20 funcionários; possuirá 2 caminhões baús, técnicos para distribuição do produto [24]. A mesma fonte informa que a inauguração estava marcada para o dia 23 de janeiro de 1999, atuando o estabelecimento com asseio e modernidade. Hoje sob nova administração, chama-se “Frigovita” e conserva a qualidade desejada em seus produtos, que incluem também embutidos e defumados.
O matadouro de Matosinhos persistiu ainda aberto, apesar de esgotado o prazo determinado para o fechamento. No dia dez do mês seguinte à data limite, a já citada autoridade judicial, dava ordem para o efetivo encerramento das atividades do velho matadouro [25].
A inauguração do matadouro da Colônia do Bengo, intitulado “Frigorífico São João del-Rei”, deu-se no dia 18 de agosto de 1999, com missa campestre. A imprensa destacou as técnicas modernas e a higiene total do estabelecimento, condizentes com as exigências legais [26]. Estas condições foram satisfeitas com base em rigorosos estudos prévios.
Desde então o prédio público de Matosinhos encontra-se sem uso ideal e aguarda obras. Internamente iniciou-se a construção de salas que se destinariam a consultas de saúde mas a obra foi paralisada. Cogitou-se dividir o terreno entre várias entidades culturais mas não deu certo. Eventualmente seu terreno serviu para guardar animais apreendidos. Do lado externo junto ao muro voltado para a Rua Amaral Gurgel, funciona desde 1995 a gráfica da ASPD (Associação dos Portadores de Deficiência).
O destino do matadouro gerou muita polêmica e discussões políticas, refletindo-se no boca a boca das ruas, na imprensa falada e escrita locais. Surgiram várias propostas de utilização, inclusive a de sediar uma sub-prefeitura, ou de espaço cultural, etc. O historiador José Cláudio Henriques defende, que a construção de um novo prédio, poderia ter como fachada uma réplica do frontispício do antigo Pavilhão do Bicentenário, monumento do bairro, demolido em 1938, ocupando-se o interior com atividades úteis ao bairro-cidade (esta ideia é um dos vértices do projeto chamado “Triângulo Histórico-Monumental de Matosinhos” que visa também construir um réplica da igreja do Sr. Bom Jesus de Matosinhos lastimavelmente demolida em 1970 e restaurar a estação Ferroviária de Chagas Dória)
O “Jornal de Minas” traz uma foto mostrando rapazes se divertindo no pátio da construção que servira por anos ao abate e diz: Enquanto não se decide o que fazer com o ex-matadouro municipal, jovens aproveitam e fazem do local, área para praticar o futvôlei, com direito a platéia. [27].
Também “O Grande Matosinhos” estampa um retrato no editorial e na legenda clama para aproveitar-se o matadouro municipal para a construção de um pronto socorro [28].
Em 04/05/2003 foi nele realizado um leilão de gado em prol da Festa do Divino de Matosinhos, organizado pelos festeiros.
Hoje nele funciona a Defesa Civil e se cogitou fazer um núcleo de saúde mental. Pelo visto tal projeto anda emperrado. Air de Souza Resende em sua coluna “Umas e Outras Francamente”, comentou a notícia [29]: Fala-se, que é pensamento do prefeito, vender parte dos terrenos do antigo Matadouro Municipal, localizado no início da rua Amaral Gurgel, no Bairro de Matosinhos. O local foi entregue à Secretaria Municipal de Saúde para a construção do CAPS (Centro de Apoio Psico-Social), destinado a tratamento de doentes mentais e construção de um pronto socorro. O CAPS foi para um sítio alugado na Colônia do Marçal e o pronto socorro ficará como mais uma vã promessa, que serviu para ludibriar eleitores em vésperas de campanhas eleitorais.
Sua história pelo visto, ainda não acabou e terá decerto, páginas futuras. Oxalá sejam boas...
Referências Bibliográficas
BARBOSA, José Victor, (Org.). A actualidade sanjoannense: ensaios estatisticos sobre o municipio de São João d’El-Rey. São João del-Rei: Commercial, 1929.
CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. 2.ed. Belo Horizonte: Imprensa Oficial,1982. 2v.
CINTRA, Sebastião de Oliveira. Nomenclatura de Ruas de São João del-Rei. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n.6, 1988.
GAIO SOBRINHO, Antônio. Visita à Colonial Cidade de São João del-Rei. S.J. del-Rei: FUNREI, 2001
GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. São João del-Rei: FAPEC, 1994.
GUIMARÃES, Geraldo. São João del-Rei: século XVIII – história sumária. São João del-Rei: [s.n.], 1996.
JORNAIS da cidade de São João del-Rei (diversos - referenciados nas notas de roda-pé).
NASCIMENTO, Dora. Matadouro Público. Outras Palavras. Tiradentes, nº3, set./2001.
SINOPSE ESTATÍSTICA DE S. JOÃO D’EL-REY. São João del-Rei: Casa Assis, 1931. Edição Comemorativa do cinquentenário da EFOM.
Veículo usado outrora no transporte de carne em São João del-Rei. Autor e data não identificados. Fonte: Foto 1000Ton. |
[1] - Texto publicado originalmente em: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n. 11, 2005.
[2]- A Opinião, n.92, 11/06/1910
[3] - Arauto de Minas, n.12, 26/05/1877.
[4] - Tribuna do Povo, n.6, 16/06/1882.
[5] - S. João d’El-Rey, n.2, 18/02/1899 e ss.
[6] - O Combate, n.157, 12/03/1902.
[7] - Arauto de Minas, n.12, 05/06/1887.
[8] - A Opinião, n.103, 20/07/1910.
[9] - A Opinião, n.3, 03/08/1910.
[10] - O Repórter, n.142, 31/07/1910.
[11] - O Dia, n.65, 23/05/1912.
[12] - A Tribuna n.548, 01/06/1924.
[13] - Reforma, n.2, 13/01/1916.
[14] - A Nota, n.14, 18/05/1917.
[15] - Folha Nova, n.10, 03/03/1932.
[16] - Prefeitura Municipal – Leis & Resoluções – 1936-1937. (Coletânea de recortes de jornais da Biblioteca Municipal de São João del-Rei).
[17] - A Comunidade, n.21, abril/1970.
[18] - Jornal de São João del-Rey, n.25, 22-28/02/1986.
[19] - Nossa Terra, s.n., dez./1991.
[20] - Gazeta de Matozinhos, n.2, mar./1993
[21] - ACI del-Rei, n.16, abr./1996.
[22] - Gazeta de São João del-Rei, n.8, 05/09/1998 e Tribuna Sanjoanense, n.944, 04/08/1998.
[23] - Tribuna Sanjoanense, n.977, 27/04/1999.
[24] - Tribuna Sanjoanense, n.966, 12/01/1999.
[25] - Gazeta de São João del-Rei. n.25, 09/01/1999 e n.30, 13/02/1999.
[26] - Tribuna Sanjoanense, n.989, 03/08/1999 e Gazeta de São João del-Rei, n.52, 17/07/1999.
[27] - Jornal de Minas, n.19, maio/2003.
[28] - O Grande Matosinhos, n.46, ag./2003.
[29] - O Grande Matosinhos, n.49, dez./2003.
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