No distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, município de São João del-Rei, realizou-se mais uma celebração do padroeiro, Santo Antônio de Pádua (*), com a animação e fé costumeira. A bem da verdade, uma ligeira queda da concorrência de devotos e visitantes foi relatada por alguns populares, atribuída à chuva intermitente e muito gelada. Não obstante este fato natural, as festividades transcorreram com força e tradição.
Aconteceram as habituais atividades de largo, com presença de parque de diversões e barracas de comes e bebes, tenda para apresentações musicais e socialização na praça.
Merece amplo destaque a programação religiosa e notavelmente a missa solene, celebrada pelo Padre Vinícius Campos. Inicialmente a centenária corporação musical do distrito (Lira do Oriente Santa Cecília, de 1895), que se desdobra em banda e orquestra, chegou de sua sede em formação de banda, sob a regência de Márcio dos Reis, tocando um dobrado pelas ruas, com forte personalidade. Diante da igreja, concluída a peça musical, os músicos entraram em silêncio e se postaram no coro para a função orquestral, sob a mesma regência. A celebração transcorreu com a igreja lotada de fiéis e contou com eloquente sermão do pároco, admoestando ao seguimento dos valores cristãos à luz do evangelho e o tributo da palavra deixado pela ação indelével de Santo Antônio de Pádua.
Finda a Santa Missa, a procissão saiu à rua e bastante gente a seguiu em prece apesar da chuva miúda. A sequência de guarda-chuvas abertos deu uma nota de pitoresco, mas, acima disto, revelou a determinação da fé daquele povo. A banda seguiu alternando marchas e a chegada foi empolgante, não faltando fogos de artifício variados, além dos tradicionais cascata e quadro.
A significação social desta comemoração é imensurável para o distrito. O padroeiro é a referência mais sólida, a âncora mais segura; sua igreja é o marco maior e a festividade a oportunidade de render ação de graças, se reequilibrar a relação com o sagrado, reencontrar os amigos, conhecidos, parentes. Festa rompe o cotidiano, a rotina estafante e abre perspectivas iluminadas para a sequência da vida.
Notas e Créditos
* Santo Antônio de Pádua ou Santo Antônio de Lisboa é um dos santos mais populares no Brasil e em Portugal, queridíssimo, com incontáveis devotos, gerando em seu redor um folclore de grande riqueza. Seu nome era Fernando de Bulhões, herdeiro de grande riqueza, que abandonou para ingressar na vida religiosa. Na Igreja, iniciou-se como dominicano e depois se firmou como franciscano, com o nome religioso de Frei Antônio. É festejado a 13 de junho. Sua véspera é animadíssima. Em São João del-Rei tem uma igreja setecentista em sua honra na rua que leva seu nome, no Bairro Tijuco, uma capela. Na Paróquia de Dom Bosco, existe a Capela do Albergue Santo Antônio e ainda uma capela rural ligada à mesma paróquia, na Colônia do Bengo; outra ainda no povoado do Carvoeiro, Paróquia de Matosinhos; tanto mais, um Salão Comunitário, na mesma paróquia, à Vila santo Antônio. Nasceu em Lisboa (Portugal, 1195) e faleceu em Pádua (Itália, 1231), daí o designarem pelos dois nomes. Alguns jornais antigos de São João del-Rei, do acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida registraram algumas festas, cuja notícia hoje assume um caráter histórico: durante a festa deste santo na Matriz de São João Bosco deu-se a bênção na imagem de Santa Gemma Galgani e à tarde procissão solene da santa (O Correio, n.862, 22/05/1941). Noutra festa, na Capela de Santo Antônio do Tijuco, durante as trezenas, houve animados leilões, abrilhantados pelo Jazz Continental, sob a regência do festejado Maestro Milton Couto (O Correio, n.2111, 15/06/1947). “As festas de Santo Antonio, que terminaram a 13 do corrente, estiveram muito boas, havendo sempre grande concurrencia de povo nas trezenas e leilões de prendas.” (A Pátria Mineira, n.58, 19/06/1890). Em São João del-Rei houve grande festividade por ocasião da passagem das suas relíquias em 1999 (Gazeta de São João del-Rei, n.67, 30/10/1999). A capela do distrito da Lage, em Madre de Deus de Minas, foi restaurada em 2006. A missa festiva e bênção das novas instalações deu-se durante a festa de Santo Antônio, que incluiu cavalgada, leilões (de gado e de prendas), concurso de marcha e prova de tambor, procissão luminosa seguida de bênção dos namorados, desfile das princesinhas, quadrilha e forró (Gazeta de São João del-Rei, n.406, 10/06/2006).
** Texto e fotografias (13/06/2017): Ulisses Passarelli
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