Desde o dia de Corpus Christi até
este domingo, dia 29 de maio, aconteceu na cidade de Piedade do Rio Grande a
tradicional festividade que envolve fortemente a participação da comunidade
congadeira local, em honra a São Benedito, Nossa Senhora das Mercês e Nossa
Senhora do Rosário, festejados em dias subsequentes com extensa programação.
Cada dia conta com sua própria
solenidade, com missa e procissão, participação da guarda local que completa
seus noventa anos de existência e ainda algo bastante arraigado, a grande
fogueira que se arma no largo, em torno da qual dançam. Nos dois últimos dias a
banda de música cuida da alvorada festiva.
A guarda de Piedade como acontece
em cidades vizinhas, apresenta-se ou desdobra-se na congada e no moçambique.
Então dançam como congada, no sábado, à moda de um congo; no domingo, como
moçambique de varas (bate-paus).
No dia maior notamos a missa na Matriz
de Nossa Senhora da Piedade, extremamente concorrida, mantida a celebração
Inculturada, valorizando o elemento afro, oferta de produtos alimentares da
terra, cantorias alusivas, participação dos moçambiqueiros. Ao fim da missa os
alimentos são distribuídos como de praxe e na porta da igreja cumpre-se uma
tradição: a guarda entra em forma e o sacerdote asperge água benta nos
dançantes. Foi fácil perceber porque inconteste, que não ser trata de um gesto
mecânico ou de um item obrigatório numa programação, mas algo feito com entusiasmo
de parte a parte, com toda a massa de fieis aglomerada assistindo, muito embora
não lhes represente como novidade, mas ainda assim prestigia carinhosamente.
Este ano excepcionalmente houve a
participação em espírito fraternal do Moçambique Santa Efigênia, vindo de São João del-Rei, Bairro São Geraldo, que não interferiu na ritualística da guarda local, mas acompanhou
seu andamento e apresentou-se ao povo no largo, por sinal, lotado e movimentado
por barracas de comes e bebes e venda de utensílios.
O almoço como sói acontecer nos
festejos do rosário foi farto e saboroso, ocasião cordial de congraçamento e
união.
Pela tarde o moçambique da
Piedade saiu ao recolhimento do reinado, originalmente trazido à Igreja do
Rosário sob um pálio azul e a escolta dos guarda-coroa armados de espada. Sua
chegada ao destino reveste-se de sua pompa própria e reis e rainhas respondem à
chamada. Neste ínterim vai a novo recolhimento, desta feita de príncipes e
princesas.
Nota-se com bastante evidência
que em tudo e por tudo há um sentimento de apego à festividade, de amor à
congada e moçambique, bens preservados de seu patrimônio imaterial, com
participação espontânea da comunidade e forte presença de jovens, crianças e
adolescentes, a par da experiência dos mais maduros, e, sobretudo, o que parece
pujante são o respeito e dedicação do sacerdote à participação da cultura
popular, algo digno de louvores.
A todos as pessoas envolvidas
direta e indiretamente no sucesso desta festa este blog manifesta seu parabéns
e deseja que se mantenha preservada ao longo das gerações.
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Cartaz da festa. |
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Oferendas alimentares prestes a adentrar na matriz para o ofertório. |
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Devotos demonstram seu carinho com a imagem da Senhora do Rosário. |
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Moçambique de Piedade deixam a igreja matriz. |
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Moçambiqueiros perfilados. |
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Detalhe da percussão das manguaras. |
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Moçambique de Piedade do Rio Grande em coreografia. |
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Lenha cuidadosamente empilhada e protegida para a fogueira noturna. Ao fundo a Igreja do Rosário. |
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Alimentação farta e saborosa. |
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Crianças moçambiqueiras de Piedade: esperança de futuro. Detalhe das cores consagradas ao rosário - azul, branco e rosa - e detalhe do tradicional lenço atado sobre a cabeça por pequenos nós. |
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Reinado - coroas feitas com sementes de contas de lágrima - originalidade. |
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Moçambique em marcha. |
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O reinado escoltado sob o pálio. |
Notas e Créditos
*Texto e acervo: Ulisses
Passarelli
**Fotografias: Iago C.S.
Passarelli
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