A cultura como ferramenta de transformação social
A cultura é um fio de esperança para o futuro melhor. Decerto não é o único caminho, mas indubitavelmente é uma estrada significativa. Por toda parte é possível, direcionar o olhar atento às atividades culturais mais diversas, populares ou eruditas, folclóricas ou não, e observar o seu papel construtivo na formação do ser humano.
A bem da verdade a dinâmica cultural é inexorável ... A cada tempo ela vitimiza certas expressões ou manifestações e eleva em voga outras mais; entre esta morte e vida elementos do passado revivescem sob novas cores e interesses, readequam-se e se apresentam sob nova roupagem. Neste processo de adaptação e evolução, a criança e o jovem em geral tem um papel fundamental para revivescer a cultura e dar-lhe novo alento ou impulso.
Cada adolescente que vemos como partícipe interessando e perseverante numa escola de teatro, entremeio uma folia de reis ou congado, integrado a uma banda de música e dando vazão à sua veia artística, enchemos de esperança e alegria. Não é para menos. Diariamente se observa a enxurrada massificante de cultura inútil, gerando legiões de alienados. O jovem atraído pelos saberes e artes se posta além da maioria, tem consigo um diferencial, se encontra em si mesmo, abre possibilidades de crescimento intelectual e equilíbrio interior. Antes ser adotado pela cultura, que arregimentado pelos vícios e criminalidade, como acontece aos milhares!
Diante destas considerações como preâmbulo é indizível a satisfação de ver crianças e adolescentes em empolgadíssima participação nas orquestras presentes no evento "Orquestrando o Sábado" (III Vivências Musicais), realizado neste sábado, 25 de maio na Escola Municipal Professora Luzia Ferreira, em Santa Cruz de Minas. Consta na programação a participação das seguintes corporações musicais: Orquestra Jovem Música Viva (a anfitriã), Orquestra Municipal Fazendo Arte (Jeceaba), Orquestra Ramalho (Tiradentes), Orquestra do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier (São João del-Rei) e Oficina de Cordas do Conservatório de Alfenas (que apesar de constar na programação não compareceu).
De entrada (a partir das 8 horas), uma recepção com café solidário, seguido da realização de ensaios de naipes com a obra "Ode à Alegria", tema da nona sinfonia de Beethoven. O almoço foi por volta das 12:30 horas, seguido das apresentações individuais às 14 horas. Por fim formou-se um "orquestrão", ao estilo dos "bandões" dos encontros de bandas de música - os grupos se uniram como um só, executando a música ensaiada pela manhã.
Havia público externo e de parentes e familiares dos jovens músicos, mas de fato, o maior público eram os próprios músicos. Efetivamente foi um evento de vivência e porque não dizer com mais propriedade, de convivência. Ali vimos partilha, troca de experiências, aprendizado em via de mão dupla, observação mútua, aprimoramento de técnica, desafio à evolução. O encontro das jovens orquestras em Santa Cruz de Minas, contribuiu para o fortalecimento da música regional e a formação técnica e humana daquelas crianças.
Na observação atenta, via-se o olhar de orgulho de cada um pela participação; a admiração da família ao contemplar a capacidade dos filhos. Tal era o clima de envolvimento e positividade, que não havia como não refletir o quanto a cultura é um dos grandes caminhos para um mundo melhor. Pessoas que preenchem assim sua alma dificilmente serão seduzidas pelo mal. Em outras palavras, a cultura gera cidadãos de bem, eleva a autoestima, contribui imensamente para ampliar e fortalecer o sentimento de identidade e pertencimento a uma comunidade. Cultura tem papel social sobretudo. Investir na cultura é gerar melhoria da qualidade de vida, sobretudo nesses tempos difíceis.
* Fotografias (25/05/2019) e texto: Ulisses Passarelli
** Revisão: 06/02/2024
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