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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




terça-feira, 13 de setembro de 2016

Festa do Rosário no São Dimas, 2016

Segundo informações orais, desde 1958, o Bairro São Dimas (antigo Lava-pés), em São João del-Rei, festeja com congados o rosário de Maria no segundo semestre do ano, setembro ou outubro. Ora aconteceu a referida comemoração no último domingo, dia 11, com a animação de costume, em torno da Capela de Nossa Senhora do Rosário. 

No mesmo formato dos anos anteriores e desses eventos em geral, transcorreu a festa de 2016 com a presença dos dois ternos do bairro, que foram anfitriões de visitantes de longe: um congo de Machado e outro de Itaguara, um vilão de Perdões, o catupé da vizinha Resende Costa e ainda o conterrâneo "Moçambique Santa Efigênia". 

Ao alvorecer, como de praxe se realiza, girândolas de fogos de artifício espoucaram para anunciar o dia festivo e trazer-lhe bons augúrios. 

No começo da manhã começaram a chegar os dançantes e pouco a pouco encheram o largo da igrejinha, que se encontrava aberta e enfeitada, tal como o cruzeiro que a ladeia. No interior, previamente montado e ornado, o andor de Nossa Senhora do Rosário e outro de São Benedito, estavam expostos à veneração dos fieis. 

Os dois congados locais logo trataram de erguer seus respectivos mastros e ainda por respeitosa deferência mais um mastro em memória do Capitão Raimundo Camilo, que tinha sob seu comando outra guarda no bairro, mas que o Criador já chamou de volta. A atitude, muito simbólica e eloquente é como se dissesse a todos que ele e sua obra ainda vivem e não podem ser esquecidos. O memorial também se fez notar na residência da Capitã (*) Maria Auxiliadora Mártir, que expôs bem à frente da sua casa o vestido e a coroa da memorável Rainha Conga do lugar, Sra. Maria da Glória, sua progenitora e também o pandeiro do fiel congadeiro Mauro, com fitas pretas de luto. O carinho e o respeito a quem deixou sua marca e legado. Todos o viram posto que os congados que chegavam visitavam sua residência. 

Uma barraca de comes-e-bebes ao fundo da capela arrecadava em benefício da festa; o palanque armado adrede, com sonorização, estava pronto para a missa campal. 

A alimentação dos dançantes como de outros anos, transcorreu no Centro Comunitário Dom Bosco. Registre-se a fartura, higiene e bom tempero, aliados ao prazer em servir aos congadeiros. 

No calor da tarde, castigando de fato, no sobe e desce de ladeiras, tambores e gungas zoaram e tiniram pelas ruas à escolta do reinado. Alguns príncipes e princesas deixam na assistência a esperança de continuidade, crendo que no futuro tornar-se-ão reis e rainhas do rosário. 

De chegada foram entregues na capela como manda a tradição; houve celebração da Santa Missa e logo mais procissão. Os congados são-joanenses desceram os mastros. Todos se despediram, com o cansaço físico mas o espírito renovado na fé. Não há muito tempo para descansar: quinta-feira é preciso levantar mastros no Bairro São Geraldo pois já no próximo domingo é dia maior do rosário naquele bairro vizinho. Esta é a luta e a missão do congadeiro. 

Capitã Maria Auxiliadora e Capitão Danilo carregam um mastro. 
Capitã e festeira Maria Auxiliadora conduz o ritual de levantamento de um mastro.

Levantamento do mastro do terno do Capitão Moacir Santana. 
Terno do bairro, sob o comando do Capitão Moacir canta no interior da capela. 

Capitã de Itaguara entoa seus louvores. 

A guarda de Machado enche a via de imponência. 

O vilão de Perdões pelas ruas com sua movimentação agitada e colorida. 

Jovens congadeiros (as) de Resende Costa. 

Moçambique Santa Efigênia subindo a ladeira da capela. 

Capela do Rosário com os mastros fincados no adro e cruzeiro ao lado enfeitado. 

Moçambiqueiros tocando ganzá, caixa e pantagome. 

Notas e Créditos

* Capitã: no dizer popular a forma correta é capitua ou capitoa
** Texto: Ulisses Passarelli
*** Fotografias: Iago C.S. Passarelli, 11/09/2016

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