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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




sábado, 8 de junho de 2024

14º Encontro da Cultura Popular do Caquende

No extremo sudoeste do município de São João del-Rei, junto à represa de Camargos, que armazena as águas do Rio Grande, está o povoado do Caquende, junto ao antigo ponto de travessia do atalho do Caminho Velho, por onde passaram sertanistas e povoadores no início do século XVIII, em pleno Ciclo do Ouro. 

Caquende celebra sua identidade cultural e o valor do homem do campo através do Encontro da Cultura Popular. O evento como em geral toda área cultural, foi impactado pela pandemia de COVID 19, estando sua ocorrência comprometida por algum tempo. Ora retomada a sua plenitude, já está na décima quarta edição, acontecida de 25 a 28 de abril de 2024. Como de costume, a cada ano homenageia um renomado escritor (a). Desta vez a escolhida foi a escritora Conceição Evaristo. A programação foi bastante diversificada e digna de atenção. 

                                       

                                        

                                       

                                       

                                       

Como novidade as apresentações das danças rurais foram transferidas para o sábado, deixando o domingo mais livre para as congadas e folias.

O café da manhã comunitário contou como de costume com as quitandas tradicionais, um café muito saboroso e de fartura, seguido a partir das 10 horas pelas atividades do grupo Artes das Gerais, vindo de São João del-Rei, que trouxeram exímias apresentações de capoeira e maculelê. 

Também notável foi a participação do grupo de jomba de roça local, centrado nos lavradores, fazendo a percussão de suas ferramentas, quais sejam enxadas, machado, serra, em movimentos coreográficos e cantorias até a roça de milho, onde transcorreu a representação da colheita do milho. Como sempre, à colheita e quebra do milho se segue a típica distribuição de alimentos: angu doce, na panela de ferro, e as broas, nas peneiras de taquara. O almoço traz o sabor da comida mineira e a união ao redor do alimento, como momento de convívio social, congraçamento, reencontro de amigos e troca de experiências. 

As congadas e folias participaram do cortejo no largo do povoado e na sequência fizeram apresentações individuais na tenda armada ao centro. Fechando a tarde, houve o concerto de encerramento com a Banda de Música Aquiles Rios, de São Sebastião da Vitória. 

O Encontro da Cultura Popular continua sendo um evento da maior significação por valorizar fortemente o homem do campo, ao revelar as manifestações culturais de alguma forma vinculadas à vida do lavrador tradicional. Seja pelas danças, pelo uso de artefatos típicos da agricultura familiar de raiz como carro de bois, monjolo, serra, engenhoca, seja pela própria ambientação e figuração das atividades. Está nítido que se enaltece a cultura caipira, tantas vezes tratada com opróbrio, mas nesse encontro elevada ao patamar de protagonista. Ao mesmo tempo, o Encontro traz um releitura do mundo rural em sua tipicidade, hoje de espaço muito restrito em razão das mudanças da sociedade,  com o êxodo do campo e o crescimento do agronegócio, dando uma nova configuração ao trabalho e espaço rurais. 

É um evento de grande significação, que merece um alto nível de atenção, apoio, suporte, para que possa continuar acontecendo da melhor forma possível, com toda autenticidade que lhe é característica.  Funciona como se fosse um mutirão de cultura, onde os grupos não são apenas meras atrações, mas de fato partícipes inseridos numa ambiência de tradição. O Encontro da Cultura Popular do Caquende oportuniza uma vivência do patrimônio cultural imaterial em sua essência. 

Bandeira da Folia de Reis de Carrancas - pintura dos Reis Magos do Oriente.

Catirina segura a bandeira da folia de Carrancas. 

Folia de São Sebastião "Cláudio Bento", Lagoa Dourada. 

Os tradicionais bonecos do grupo Pilão de Nhá, Caquende. 

Pilão, Caquende. 


Mastro usado para a dança das fitas, pelo grupo cultural de Brasilinha (Madre de Deus de Minas). 

Monjolo, Caquende. 

Maculelê, pelo grupo Artes das Gerais, São João del-Rei. 

Jomba de roça, pelos lavradores, Caquende. 

Colheita do milho, Caquende. 

Folia de São Sebastião, de Coqueiros (Nazareno). 

 Represa de Camargos, Caquende. 

Placa de Sinalização Turística próximo à margem da represa. 

Engenhoca Quebra-peito, Caquende. 

A importância de uma árvore: espaço para convívio social no largo do povoado. 

Capela de Nossa Senhora do Carmo, Caquende. 

Cruzeiro no largo do Caquende. 

Congo de Carrancas. 

Marujos de Dores de Campos. 

Demonstração de manejo da serra de desdobrar. 

Folia das Mulheres, Jardim São José, Bairro Tijuco, São João del-Rei

Folia do Divino "Embaixada Santa", Bairro Araçá, São João del-Rei.

Créditos: 

Texto e fotos - Ulisses Passarelli