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Bem vindo!Esta página está sendo criada para retransmitir as muitas informações que ao longo de anos de pesquisas coletei nesta Mesorregião Campo da Vertentes, do centro-sul mineiro, sobretudo na Microrregião de São João del-Rei, minha terra natal, um polo cultural. A cultura popular será o guia deste blog, que não tem finalidades político-partidárias nem lucrativas. Eventualmente temas da história, ecologia e ferrovias serão abordados. Espero que seu conteúdo possa ser útil como documentário das tradições a quantos queiram beber desta fonte e sirva de homenagem e reconhecimento aos nossos mestres do saber, que com grande esforço conservam seus grupos folclóricos, parte significativa de nosso patrimônio imaterial. No rodapé da página inseri link's muito importantes cuja leitura recomendo como essencial: a SALVAGUARDA DO FOLCLORE (da Unesco) e a CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO (da Comissão Nacional de Folclore). Este dois documentos são relevantes orientadores da folclorística. O material de textos, fotos e áudio-visuais que compõe este blog pertencem ao meu acervo, salvo indicação contrária. Ao utilizá-lo para pesquisas, favor respeitar as fontes autorais.


ULISSES PASSARELLI




quinta-feira, 13 de junho de 2013

Superstições

Uma pequena coletânea 

Por todo o mundo o homem criou em sua relação com o elemento natural um imenso misticismo, um complexo sistema de crenças ditando regras para o convívio. As superstições são como restrições que freiam certos atos sob a ameaça de algo dar errado. Elas são como guias diante de algumas circunstâncias pouco convencionais.
Esta postagem enumera uma pequena coleção de superstições coligidas em São João del-Rei e na contígua Santa Cruz de Minas, centro-sul mineiro, Campos das Vertentes, durante a década de 1990.

01- Anel, pulseira, colar, brinco ou aliança de ouro escurece quando o usuário está triste;
02- anel com pedra preta é bom contra mal olhado e melancolia;
03- se achar um diamante no ato da garimpagem deve-se batizá-lo com sangue para quebrar seu encanto senão ele desaparece misteriosamente. Dá-se um pequenino furo ou talho na pele e deixa-se pingar uma gota sobre a pedra preciosa;
04- faz mal socar um pilão vazio. Sem conteúdo, espiritualmente, soca-se a família;
05- matar o pássaro chamado lavadeira (Fluvicola nengeta, tiranidae) dá azar pois é bento. Diz o povo que a lavadeira é uma ave que lavou a roupa de Nossa Senhora;
06- matar a ave anu (gêneros Guira e Crotophaga, cuculidae) dá azar;
07- matar o pássaro garrincha (Troglodytes musculus, trogloditidae) dá azar. Quem o fizer leva um coice de cavalo e se for criança “toma bomba” na escola (é reprovado, torna-se repetente);
08- joaninha (inseto coleóptero, coccinellidae) pousando sobre a roupa é sinal que a pessoa vai ganhar uma roupa nova;
09- coruja (aves estringiformes) cantando perto de casa dá azar para os moradores. Se cantar em cima da casa é prenúncio de morte de um morador. Previne-se o agouro dizendo quando ela canta: “vai pra missa”;
10- não é bom varrer casa com gente dormindo dentro;
11- patuá (amuleto) feito com couro de lobo previne contra picada de cobras;
12- ter um galo ou galinha pretos no terreiro da casa previne coisa ruim;
13- ter três galos no terreiro afasta a pessoa dos inimigos;
14- só segurar faca quando necessário. Segurar uma faca na mão sem necessidade o diabo atenta e a pessoa pode cometer um ato involuntário com a arma branca;
15- apontar para uma estrela dá verruga no dedo;
16- apontar para uma fruta na árvore ou abóbora no pé, faz com que ela seque, apodreça, caia;
17- andorinha (ave hirundinídea) voando baixo é sinal de chuva;
18- quando um beija-flor do rabo branco (troquilidae) entra em casa é prenúncio de uma visita ou carta chegando;
19- joão-bobo (capitonidae, Nystalus chacuru) cantando é indicativo certo de mudança no tempo: se aberto, vira para chuva;
20- formiga de correição (taoca) andando no terreiro indica que em até três dias vai chover. Para que não entrem em casa se risca a carvão cruzes no passeio;
21- gato ou cachorro emagrecendo é porque comeu cobra ou sapo, ou porque está dormindo sobre cinzas;
22- não se deve falar enquanto passa uma estrela cadente (meteorito), senão a pessoa fica linguaruda (maldizente). Para curar deve-se beijar o pano do altar;
23- calo doendo: indicativo de chuva;
24- osso que já quebrou um dia doendo: indica mudança da fase da lua;
25- lugar que cai muito raio é porque tem ouro enterrado. O ouro atrai os relâmpagos;
26- quando se varre uma casa não deve deixar o cisco parado pois acontecem desgraças. O demônio pediu a Deus licença para assentar sobre três coisas: a dança da quadrilha, o jogo e o lixo;
27- criança que morrer pagã vira anjo do mau;
28- não pode ir no chiqueiro ou galinheiro depois da meia-noite (zero hora), pois são lugares frequentados por espíritos imundos. O porco sai três vezes para comer a horas mortas e então come tudo o que vê pela frente, até o próprio dono. 


Notas e Créditos

*Texto: Ulisses Passarelli

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