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Antoninho, vai pra escola,
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Antoninho
foi pra escola,
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Que
precisa aprender!
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Foi
chorando e soluçando
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Ô mamãe, não vou pra escola
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chegou
na porta da escola
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Que
eu sei que vou morrer!
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Ele
ainda estava soluçando
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Num sabe o que aconteceu,
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No dedo dele tinha
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Lá na zona do sertão:
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Ai, um anel tão grande!
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Mataram Dentin' de Ôro,
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Tinha um anel de ouro
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Era o rei dos valentão ...
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Com duas pintas de sangue...
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Rio Preto era um negro,
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A moça
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Cativo da insurreição,
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Ele haverá de levar
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Quando acabou alforria,
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Com espaço de quinze dias,
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Estudou pra valentão...
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Ele tornava entregar:
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Na cintura um bacamarte,
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_ ô meu sogro! Ô meu sogro!
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Na garupa um bom facão!
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Tá aqui a sua filha ...
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Rio Preto ia nas missas
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Quem tratou quinze anos
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Só pra ver moça casar;
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Pode tratar mais quinze dias...
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Ou a moça ou a madrinha
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_ Se eu não matar Rio Preto
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Ele havera de levar ...
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Não procuro mais família!
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Zezinho e Mariquinha,
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As tranças de seu cabelo
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Doze anos se amava,
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Na picada foi achando,
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Mas o velho pai da moça
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Na loca de uma pedra
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Com isso não conformava.
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A tigre tava lhe esperando.
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Pras carta que ele escrevia,
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Zezinho pegou seu revólver,
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Com tristeza ela clamava,
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Nessa hora ele falhou,
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Eu acho bom nós dois fugir
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Pegou o seu punhal,
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Que outro jeito não se achava.
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Com a fera ele lutou.
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Trataram de se encontrar,
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Mandei falar um recado,
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Na Mata do Trombador,
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Pra avisar os caçador;
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Maria saiu de casa
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Mandei falar com meus pais
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A má sorte acompanhou...
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Na minha terra eu mais não vou.
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Lá volta de um caminho,
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Maria morreu por mim,
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Onde a onça lhe pegou,
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Por ela eu devo vingar,
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Zezinho conheceu o xale
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Nesse mundo nós não casou,
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Na picada ele entrou.
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No céu nós vai morar...
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Santo Antônio fez milagre
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Ele então pediu:
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Quando estava rezando:
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Não deixeis enforcar!
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Foi levado por dois anjos
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Ele chamou a todos
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Pela ondas do mar...
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Foi na cova de quem morreu.
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_ Você corra, Antônio, você corra!
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Ele pediu o defunto
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Você corra continuamente!
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Que se alevantasse
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Vai socorrer seu pai
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Que contasse a verdade
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Que vai morrer inocente...
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Quem foi que lhe matou.
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Quando ele chegou,
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_ Levanta-te, corpo morto!
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Levantou uma bandeira,
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Me conta quem te matou...
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O homem estava na forca
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Se foi aquele senhor
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Ele era o seu pai.
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Que lá na forca se achou.
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Eu tinha uma vaca
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Vou matar esse boi
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Com o nome de Fortaleza
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Por uma grande necessidade;
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Mandei lá pro palácio
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A carne desse meu boi
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O leite da vaca nobreza.
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Sustenta sete cidade.
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A vaca fez um papel
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A cabeça desse meu boi,
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Que o paulista admirou:
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Vou dar pra uma velha comer;
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De noite teve um bezerro,
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Sete ano e sete mês
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De manhã ela enjeitou.
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A velha tem o que roer.
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O leite de sessenta vacas
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Do chifre do meu boi,
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Esse bezerro mamou,
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Eu mandei fazer buzina,
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Com espaço de doze horas
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Pra instumar meu cachorro
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O bezerro desesperou.
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Lá no campo da campina.
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Lá no campo da campina
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Dos olhos desse meu boi,
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Onde o meu boi deitou,
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Vou mandar fazer vidraça,
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Sete anos, sete mês,
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Pra espiar as moreninha
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O capim lá não brotou.
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Na janela quando passa.
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Lá no campo da campina,
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Dos dente desse meu boi,
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Onde o meu boi urinou,
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Vou mandar fazer um pente,
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Lá formou uma lagoa,
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Pra pentear o cabelo
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Que nunca mais secou.
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Do major e presidente.
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Eu chamei um carapina,
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Do couro desse meu boi
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Por nome de serrador,
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Eu vou mandar fazer canoa,
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Que é pra fazer um curral
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Pra passar as moreninha
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Pra prender meu Boi Lolô.
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De França para Lisboa.
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No ponto do meio-dia,
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O rabo desse meu boi,
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O carapina chegou;
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Mandei fazer espanador,
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Ferramenta não estava pronta
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Pra abanar os mosquitos
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Ele foi na tenda e amolou.
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Na quinta do meu avô.
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Sete esteio de braúna
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A barrigada desse meu boi,
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Esse carapina fincou;
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Eu fiz uma panelada,
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Sete corrente de aço,
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Que o povo todo comeu
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Esse carapina amarrou.
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Sobrou pra rapaziada.
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Eu botei meu boi pra dentro
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Os ossos desse meu boi,
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Com quarenta tocador
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Mandei dar pros camarada
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Meu boi lançou um berro
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Joguei pra rua afora
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Que todos quarenta voltou.
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Ainda sobrou pra cachorrada.
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Vinha descendo a rua,
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As pata desse meu boi
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Sinhá-moça me chamou:
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Eu mandei fazer botina,
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_ Esse boi se é de venda,
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... ?
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Um conto de réis eu dou.
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... ?
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_ Não é de venda, não senhora,
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O estrume desse meu boi,
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Fico muito obrigado (agradecido)
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Mandei juntar num balaio
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Senhora pode ficar sabendo,
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Pra levar pra horta,
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Mais que isso tenho enjeitado.
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... ?
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_ Moço para a nossa filha,
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_ Mas tu lá vê, atende,
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Nesse reino aqui não há;
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Atenda isso primeiro:
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Tem o Conde Alemanha,
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Deixa dar mamá meu filho,
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Mas casado já está.
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Esse leite derradeiro!
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_ Ai, minha filha,
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Mama, meu filhinho, mama!
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Esse gosto eu vou te dar,
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Essas gotas derradeira;
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A criança você cria,
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Tu arranja outra mãe,
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A condessa eu mando matar.
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Mas não é como a primeira!
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Mandarei chamar o conde,
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Mamais, meu filhinho, mamais,
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Por uma criada que tinha;
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Mamais de bom coração,
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Vosso rei mandou chamar
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Que amanhã por essas horas
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Por mandado da rainha.
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Sua mãe está debaixo do chão...
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O conde mandei chamar,
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Respondeu filhinho do peito,
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Com toda delicadeza,
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Que nem falar não sabia:
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Para matar a condessa
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_ morreu a filha do rei,
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Casar minha filha princesa.
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Que a morte merecia!
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Vê tu lá se o rei concorda
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Ela se desesperou,
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Isso não pode ser,
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Escorregou, caiu no chão,
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A condessa ainda está nova
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E perdeu a sua vida
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Pra morte merecer.
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Por causa de um coração.
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Lá em vem o conde triste
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Sino da matriz bateu,
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Meu deus, o quê que seria?
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Quem seria que morreu?
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Ai, senhor rei,
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Infância (Infanta) Dona Maria,
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Quê que aconteceria?
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Filha do senhor rei.
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Conde não fala nada,
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Sino da matriz bateu,
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Que com rei não se porfia!
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Meu Deus, o que seria?
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Eu quero a cabeça dela
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Descasar um bem casado
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Nessa formosa bacia ...
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Coisa que Deus não queria.
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_ O vosso rei mandou chamar,
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O sino da sé bateu
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Pra casar com vossa filha,
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Carregado de paixão!
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Mandou qu’eu levasse sua cabeça
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Se não matou a condessa
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Nessa malvada bacia...
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Não precisa matar mais não.
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