Algumas crendices sobre as serpentes (continuação)
Faz alguns dias que este blog compartilhou o “Folclore das Cobras”. Como o assunto é vasto e instigante então dividi o material que tinha de imediato em duas postagens. Esta é a segunda parte, continuação do mostruário cultural que a serpente gera na cultura popular. As crenças e superstições recolhidas seguem com breves explicações, sem preocupação analítica, que foge por completo à pretensão deste texto.
Na linguagem popular a serpente
surge em várias expressões vulgares, tal como “merda de cobra”, com que
designavam em Natal/RN, pelos anos noventa, às pessoas consideradas inúteis.
Nas crenças, superstições, tabus, religiosidade, cantares, narrativas, etc.,
surge a serpente em mil possibilidades, algumas inusitadas. Lembro-me de, em
1995, ter visto um quiosque na Praia de Itapoã, Salvador/BA, vendendo entre suas
bebidas alcoólicas habituais e preparadas (aguardente com raízes e sementes), uma
cobra em infusão na cachaça. Como essa garrafa estava bem mais vazia que as
outras, deduzi a popularidade da dose da exótica mistura. O dono do
estabelecimento me confirmou que a beberagem era muito procurada porquanto
supostamente fortificante e afrodisíaca.
A
mítica das serpentes é enorme. Sensualmente, na gíria popular, ela é configurada
ao próprio membro viril humano, símbolo da fertilidade. Nos sertões do Brasil é
corrente entre os violeiros a crença de que se deve deixar uma cobra entre passar
pelos dedos como fórmula certeira para se aprender a tocar viola. Grandes e saudosos mestres violeiros como Zé Coco do Riachão e Nelson Jacó relataram este costume.
Waldemar de Almeida Barbosa registrou algumas curiosas práticas folclóricas acerca das serpentes. Diz por exemplo que quando se vê uma cobra no caminho, dá-se um nó na fralda da camisa ou saia (princípio do amarrilho mágico). Então a cobra fica imóvel até achar-se um porrete para matá-la (p.259). Escreveu sobre a pedra-de-índio:
"o chifre do veado-galheiro é cortado em pedacinhos, a que chamam pedras. Esses pedacinhos, são assados em forno; há uma técnica em assá-los, sem que fiquem extremamente torrados. Em seguida, são as pedras colocadas no leite. No caso de mordedura de cobra venenosa, coloca-se a pedra-de-índio no local da picada, passando, antes, saliva sobre a ferida. A pedra gruda-se na ferida, suga o veneno, e só cai depois de absorver todo o veneno. A pedra é, então, colocada dentro de vasilha com leite, onde fica uma hora. Tirada do leite e lavada, está pronta a ser novamente usada." (p.256)
Outras práticas registradas pelo autor:
"outra aplicação (do guizo crotálico) que, dizem, é de efeito infalível: nos casos de anúria, coloca-se um chocalho de cascavel amarrado na perna, mas em contato com a pele." (p.256) "pessoa mordida de cobra venenosa coloca, na entrada de sua casa, um galho de imbaúba" (p.257)
Encontramos na obra de BRANDÃO (2015), que a população interiorana usa o pau-de-leite ou tiborna (Himatanthus obovatus, (Mull.Arg) Woodson, Apocynaceae) e o pau-paraíba (Simarouba versicolor, A.St.-Hil., Simaroubaceae) como remédios contra acidentes ofídicos. Sobre o primeiro vegetal registrou Richard Burton (Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho, 1869) o uso das folhas; sobre o segundo, Saint-Hilaire anotando em 1824 sobre as Plantas Usuais dos Brasileiros disse que "os habitantes do certão consideram sua casca em infusão na cachaça um remédio específico para mordida de serpentes venenosas."
A cobra hipnotiza a vítima. Por isso
não se deve olhar em seus olhos. Assim ela faz com o sapo para comê-lo, pois
ele fica inerte, hipnotizado pelo magnetismo do olhar morteiro da serpente. Walt Disney explorou muito bem este detalhe no desenho animado “Mogli, o
Menino-Lobo” (Mowgli), quase vitimado
por Ká, a serpente píton.
Também é clássico o encantamento de
serpentes pelos tocadores de flauta no oriente, cena que contribuiu para
ambientar narrativas e filmes, compondo um vasto imaginário. Aliás, mundo afora
se acha decerto farto material sobre estes seres rastejantes, do qual os
exegetas bem comporiam muitas páginas.
Mas não vou tão longe. Voltar-me-ei
à minha aldeia, em cujo terreiro ouvi ...
- A vingança da
cobra:
se uma serpente for ferida e não morrer, pior para o homem que a machucou, pois
é um ser vingativo. Pacientemente aguarda a hora da revanche, entremeada às
moitas do caminho, oculta por detrás das pedras, vigiando com atenção o lugar
onde o ofensor costuma passar, na espera do momento certeiro de seu bote fatal.
Ela revida também quando lhe fulminam a companheira, pois andam aos casais.
Quando se mata uma serpente a outra está sempre por perto, pronta para o bote.
- Tempo de
mastiá:
é o verão, sobretudo fevereiro e março. É quando as cobras estão muito agitadas
e agressivas, correndo campo com o calor à procura de machos para o
acasalamento. Mastiá ou machiar é o nome do período de namoro das serpentes.
Assim me alertaram no povoado do Brumado de Cima (São João del-Rei/MG), neste
ano, que tomasse muito cuidado em minhas andanças pelo mato.
- Comer um boi: uma crença
muito arraigada diz que as grandes serpentes da família boidae, jiboia (Boa
constrictor) e sucuri (Eunectes
murinus), tem a capacidade de engolir um boi inteiro, deixando de fora só
os chifres. Passa então por lento repasto, até que os chifres apodreçam e caiam
de sua boca. O fato não procede, posto que exagerado. Elas têm o poder de
engolir grandes presas e passar por longo período digestivo, com atividade letárgica,
mas não chegam ao ponto de devorar um touro. O povo as teme muito, posto que se alguém for atacado cai em sua constricção até a asfixia e morte. O jornal O Repórter, de São João del-Rei, edições nº9, de 01/04/1906 e nº10, de 08/04/1906, publicados em São João del-Rei, dão uma notícia sob o título de "Horroroso" do ataque de uma cobra gigante a um sitiante no povoado do Caxambu, que quase o vitimou. A descrição é dramática (*).
- Urutu: Bothrops alternatus (crotalinae), réptil
viperídeo temido, pois acredita-se que quando não mata pelo veneno inoculado,
sua ação muito forte deixa uma sequela irreversível, donde o ditado, “urutu
quando não mata aleija”, tantas vezes ouvido. Para prová-lo, meus parentes
maternos, dão o exemplo do “Tio Antoninho”, um Paiva em 2º grau, que foi picado
pelo urutu na roça, na paragem da Água Limpa. Foi socorrido e viveu, mas perdeu
a visão com o veneno. A cegueira lhe custou pouco depois a morte por
atropelamento na BR-265, próximo ao Trevo do Elói, na retaguarda de Matosinhos,
em São João del-Rei, devido a um caminhão em alta velocidade. Fatos como este,
reforçam a crença popular:
Ou eu mato, ou eu aléjo.”
(Trova popular,
São João del-Rei, 2010)
- O rastejo: Cascudo , baseado
em Serpa Pinto (Como atravessei a África,
I, 236), informou um canto africano de marcha dos carregadores de Banguela:
A cobra não
tem braços,
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E não subimos
nós,
|
Não tem
pernas,
|
Que temos
braços,
|
Não tem mãos,
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Temos pernas,
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E não tem pés;
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Temos mãos,
|
Como sobe ela?
|
E temos pés?
|
A ideia central
da primeira parte se ajusta muito bem ao teor de um canto infantil brasileiro,
que ouvi em São João del-Rei, por volta de 2007, mostrando sobejamente “a universalidade dos temas e mesmo de
muitas soluções psicológicas” (Cascudo, op.cit., p.146). No canto abaixo o
limão só entrou na história para dar rima:
- Cachorro ou
gato emagrecendo:
quando estes animais domésticos principiam um emagrecimento súbito, sem causa
aparente, é sinal que comeram uma cobra.
- Amuletos: é muito
freqüente nos meios populares o uso de chocalho de cascavel ou presas de
inoculação de veneno como amuleto, conferindo proteção contra todo mau augúrio,
quebranto, espíritos perversos. Geralmente vem condicionados num saquinho de
pano ou couro, o patuá, conservado na carteira, no bolso da calça, no bojo da
viola, impedindo que desafine. Nas caixas de congado confere o som firme e
impede a quebra da estabilidade espiritual do grupo. Ouvi de um velho capitão
conterrâneo que se colocar uma presa de cascavel fincada na ponta do bastão de
comando, a firmeza deste capitão se torna imensa. Se, porém, o dente riscar o
mais leve arranhão em alguém, por acidente ou intenção, abrirá uma ferida
incurável na sua pele.
|
Passos/MG. |
- Cobras no
bastão:
alguns capitães de congado usam dos volteios naturais do cipó (planta
trepadeira) para compor bastões de reger seus grupos folclóricos. A morfologia
serpentiforme evoca a força das florestas, os espíritos da mata, capazes de
conferir fortalecimento à sua função de comando. Assim os vi por exemplo em
Contagem, Belo Horizonte, Resende Costa, São João del-Rei ... Escutei nesta
última cidade e também em Passos, a narrativa de um encontro tenso entre dois
congados inimigos no tempo da escravidão. Os capitães tinham no passado uma
força espiritual muito grande, como africanos, idosos, “negros-velhos”,
sabedores dos mistérios espirituais: um capitão jogou em direção ao outro o seu
bastão de comando que de imediato se transformou em cobra, armando botes contra
o inimigo. Aquele por sua vez, tirou o chapéu da cabeça e jogou para cima. No
ar o chapéu virou um gavião que em voo rasante e de garras em riste levou a
cobra embora. Estas estórias de transmutação me lembram uma passagem bíblica
entre Deus e Moisés: “O Senhor disse-lhe:
“O que tens na mão?” _ “Uma vara”. _ “Joga-a por terra”. Ele jogou-a por terra;
e a vara transformou-se numa serpente, de modo que Moisés recuou.” (Ex: 4,
2-3) ou a que é narrada no capítulo 7 do mesmo livro, versículos 8 a 12, com a
transformação em cobra das varas de Aarão e dos sábios da corte do faraó, com a
vitória hebraica. A ilustração abaixo mostra dois bastões de capitães de congo:
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Gritador (Prados/MG). |
- Curador de
cobra:
meu sogro, José Cândido de Salles (1918-2001) contou-me o caso de um benzedor
extraordinário que havia em Antônio Carlos/MG conhecido pelo curioso nome de
“Tio Pai Tudo”, um raizeiro, herdeiro da escravidão, que era capaz de curar
qualquer mal com suas rezas fortes e mezinhas. O benzedor era “turmeiro” (espécie
de empreiteiro de uma turma de trabalhadores rurais) e vigiava o trabalho a
cavalo, andando de um lado para outro. Certa vez, num mutirão que estava, gritaram
no canavial: “acode, gente, o cascavel ofendeu um aqui...” Correu Tio Pai Tudo
ao local e o bicho já estava morto pela pancada de outros trabalhadores. Desceu
do cavalo, abriu sua capanga,
tomou de um cuité,
onde colocou alguns pós que trazia em vidrinhos tampados com sabugo de milho. Diluiu
o preparo e deu a beber à vítima da serpente. Recomendou: “não para de
trabalhar, que se o seu sangue esfriar, num tem jeito, você morre”. Assim fez,
meio tonto e com dor, mas aos poucos foi se sentindo melhor e curou. A exemplo
desta, as narrativas em torno dos “curadores de cobra” são muito comuns. Seriam
pessoas dotadas do dom sobrenatural ou do conhecimento de certos preparos
homeopáticos, capazes de neutralizar o veneno da serpente sem necessidade de
soro anti-ofídico. É necessário desaconselhar semelhante prática à luz da
ciência, mas ela goza ou gozava de grande prestígio popular. Ouvi falar de
vários curadores, em São Gonçalo do Amarante, Coronel Xavier Chaves, Lagoa Dourada e trevo de
Resende Costa. Há ainda benzedores com habilidades diversas, uns, conhecedores
de velhas rezas sertanejas capazes de afastar as cobras, muito requisitados por
fazendeiros e sitiantes para limpar os pastos com suas orações, pois as
serpentes trazem prejuízos com perdas para o rebanho; outros há que benzem com
fio de crina de cavalo, raspando a pele da pessoa em forma de cruz para retirar
espinho de cobra (vide “Folclore das Cobras”, parte 1), única forma possível,
se já não for tarde, ou seja, se não tiver se aprofundado muito pelo corpo (***).
- Feitiço com
couro de cobra:
as “mandingas” feitas com um pedaço do meio do corpo da cobra (torete), ou
apenas com sua pele (couro), seriam muito poderosas no fazer o mal ao inimigo,
ou ao menos no neutralizar suas forças contrárias. Basta jogar no caminho que a
pessoa passa: se pisar ou ultrapassar é o suficiente para ser afetado e daí por
diante sua vida toda se desequilibra. Presenciei numa Festa do Rosário em 1996,
no Bairro São Dimas, São João del-Rei, um terno de congado visitante, cuja
identificação me abstenho, atirar à espreita, um feitiço desse na ladeira, por
onde vinha subindo pouco abaixo o catupé do Capitão Luís Santana, que ficou nervoso,
cantando com vigor antes de ultrapassar o obstáculo temido:
Dentre outras
cantorias, fez a coreografia de meia-lua, cruzou algumas vezes o bastão por
cima, cobriu o pedaço de cobra com seu tamborim e depois, descobriu e chutou o
feitiço com o pé esquerdo para a sarjeta da rua, limpando seu caminho. E saiu
vitorioso rumo à capelinha, entoando uma alusão da traição humana ao
semelhante:
- A cobra e a
mulher:
consumado o pecado original, Deus disse à serpente e a Eva: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre
a tua descendência e a dela.” (Gen: 3, 15). Sob influência dessa passagem
bíblica, crendices se desenvolveram no seio popular, dentre as quais as ligadas
à gravidez e a menstruação, tão bem estudadas por Cascudo .
Nestas circunstâncias se a mulher cruzar o caminho com a cobra, a serpente
morrerá, da mesma sorte se nela esbarrar. Noutra vertente, está uma lenda dos
índios maués, sobre a origem do guaraná, descrita na Literatura Oral no Brasil,
no qual a virgem engravidou “por ter sido
tocada na perna por uma cobrinha”. (Cascudo, op.cit.p.100).
- Expressões
populares:
o palavreado regional se recheia de deliciosas formas de expressar, verdadeira
riqueza cultural. Envolvendo as cobras é de se citar algumas por aqui
correntes: “agora que a cobra vai fumar”
(sentido: agora que começa a vingança, a virada, a mudança real de situação), “cobra!” (sentido: xingamento contra uma
pessoa falsa; traidora!), “ninho de
cobras” (sentido: espaço de convívio social ou trabalho onde se reúnem
muitas pessoas dissimuladas); “cobrão”
(sentido: pessoa sabida, sagaz); “cobra
criada” (sentido: indivíduo que conhece muito sobre um certo assunto;
experiente); “cascavel de quatro ventas”
(sentido: pejorativo, pessoa com nariz muito largo, alusão a um cascavel com as
fossetas loreais muito próximas das narinas); “cobra que não anda, não engole sapo” (sentido: quem não se esforça
não alcança os objetivos). Deste último registro eis uma cantoria congadeira
dos catupés de Santa Cruz de Minas e São João del-Rei, ainda hoje entoada:
Que a cobra que não anda,
- Cobras e
santos:
a mitologia das cobras se reforça na iconografia de alguns santos que figuram
serpentes, traiçoeiras ou fugidias, tais como Nossa Senhora da Conceição e
Nossa Senhora das Graças, que pisa sobre uma serpente e Nossa Senhora da Penha,
que livra um homem de ser picado (algumas estampas que vi substituem a cobra
pelo jacaré prestes a morder). Porém é em São Bento que se encontra a expressão
maior de devoção protetiva contra as serpentes. Antes de entrar no mato se deve
pedir licença (respeito às forças mateiras) e rezar a São Bento para se livrar
das cobras e em geral qualquer bicho ofensivo por picada. Existem várias fórmulas
de chamá-lo, como ensalmos, mas em geral, se ver a cobra basta gritar pelo nome
de São Bento que ela ficará misteriosamente imobilizada. No sincretismo
religioso afro-brasileiro, São Bento foi aproximado ao orixá Odé, patrono dos
animais perigosos da floresta. Odé é considerado como forma idosa de Oxóssi,
este, sempre jovial, agitado; Odé, ao contrário, velho, austero, rigoroso na
doutrina. Ambos comandam os trabalhos dos caboclos (almas dos índios), segundo
os preceitos umbandistas. Eis um canto de Moçambique, gravado de um grupo que houve
na Rua do Ouro, aqui na tricentenária São João del-Rei, em 1997:
_ No caminho da Cachoeira,
_ Eu vi a cobra caninana ...
- O tabu da
coral:
as belas cobras que mesclam as cores vivas vermelho, preto e branco, de que
existem várias espécies, com e sem veneno (elapidae
e colubridae, respectivamente),
chamadas coletivamente “cobra-coral”, não devem nunca serem mortas. São votivas
dos caboclos, guias espirituais da mata, espíritos indígenas da umbanda que
voltam à Terra para cumprir afazeres espirituais benéficos. A coral é do caboclo,
como revela o ponto de terreiro abaixo, muito difundido. Avistá-la é bom sinal. Quer dizer que
um caboclo está por perto ajudando. Reza-se a ele, pedindo que leve o mal e
traga o bem, a saúde, a fartura, a proteção. Assim a cobra leva e traz,
configurando a ambiguidade deste ser exotérico.
A coral é sua
cinta, {BIS}
|
Não me mate
essa cobra {BIS}
|
A jibóia é sua
laça,
|
Não machuque a
coral
|
Que zoa, que
zoa, que zoa-êh! {BIS}
|
Que zoa, que
zoa, que zoa-êh! {BIS}
|
Caboclo mora
nas matas!
|
Caboclo mora
nas matas!”
|
Eis uma pequena parcela do universo das serpentes, que tendo passado por diversas mitologias chegou aos nossos dias, nas figurações do Caduceu de Mercúrio, do Bordão de Asclépio, chegando aos símbolos da medicina e da odontologia; nas crenças atuais da cultura popular, aqui brevemente pinceladas; na cobra de ferro símbolo de Oxumaré; no mito indígena da boiúna e do boitatá, e pelo imenso setentrião brasileiro, nas estórias da cobra-norato.
Quando mergulhamos em seu estudo o sistema se inverte: a cobra é que nos toca a flauta e nós nos tornamos encantados pela serpente.
* Fonte: acervo da Biblioteca Municipal Baptista Caetano d'Almeida. Esta notícia já fora transcrita pelo emérito Professor Antônio Gaio Sobrinho em seu livro Conceição da Barra de Minas: minha terra natal. 2001. p.32-33.
*Texto e fotografias (1997): Ulisses Passarelli
*** Capitães citados: Passos - Jerônimo dos Santos; Gritador - Canuto Nascimento.
**** Além do curador de cobra, que cuida de quem foi ofendido por serpente, existe o "curado de cobra". O conceito não se confunde, porque curado é aquele que às custas fórmulas mágicas e orações, previne a picada em si mesmo. Auguste de Saint-Hilaire registrou no século XIX sobre a cultura popular: "disseram-me que havia na província de Minas e na de São Paulo pessoas que pretendem possuir segredos para preservar da mordedura das cobras mais perigosas, o que se chama curar." (Viagem às nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goiás. Rio de Janeiro: Nacional, 1944. 343p. p.96-7.) Raimundo José da Cunha Matos também na primeira metade dos oitocentos registrou o curado de cobra, dizendo-os alvo de estórias extraordinárias às quais não dava crédito: "os índios e muitos brasileiros conhecem vegetais e substâncias animais e minerais que, segundo dizem, são poderosos contra venenos. Várias pessoas fazem uma espécie de inoculação do veneno de cobras e a isso chamam "cura"." (Corografia histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1981.v.2. 337p. p.111.).
***** Obs.: não deixe de ler a primeira parte deste texto:
FOLCLORE DAS COBRAS - parte 1
Referências Bibliográficas
BARBOSA, Waldemar de Almeida.
A decadência das minas e a fuga da mineração. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1971. 264p.
BRANDÃO, Maria das Graças Lins. Plantas úteis de Minas Gerais e Goiás na obra dos naturalistas. Belo Horizonte: Museu de História Natural e Jardim Botânico / Universidade Federal de Minas Gerais, 2015. 110p.il. p.81-82.
Ulisses,
ResponderExcluirimportantíssima produção, tratando de um tema inédito de estudos da religiosidade e da cultura popular de São João del-Rei.
Como contribuição, reproduzo aqui uma oração que minha avó, Francisca Maria da Conceição (1898 -1999), rezava antes de entrar nos trilhos da Serra do Lenheiro e da Serra de São José, nas Águas Santas, pedindo proteção contra cobras e bichos peçonhentos. Diz o seguinte:
"São Bento, água benta / Jesus Cristo no altar.
Afasta-te bicho mau / deixa filho de Deus passar!"
Grande abraço.
Emilio.
Nosso povo é devotíssimo de São Bento. Sua contribuição, Emílio é muito importante. Tenho tentado mostrar que o folclore não é algo distante, mas sim parte de nosso cotidiano. Sem muito esforço vamos logo lembrar de uma prescrição da vovó, uma reza de mãe, uma receita da tia, um canto do pai, etc. O folclore é parte de nós. Através da cultura popular nós escrevemos diariamente uma página da história humana. É como penso. Abç.Ulisses.
ResponderExcluirAssunto: AMOR VOLTAR RAPIDO
ResponderExcluirORAÇÃO NEGRA INFALÍVEL AMARRAÇÃO - ORAÇÃO FORTE E DEFINITIVA PARA AMARRAÇÃO REALIZADA AS
13 ENTIDADES. ATENÇÃO: QUANTO MAIS ESTA ORAÇÃO FOR REALIZADA, MAIS FORTE ELA FICARÁ PARA
MIM E PARA QUEM REZAR. ALÉM DISSO APOS PUBLICA-LA VOCE NÃO PODERA VOLTAR ATRÁS NO SEU
PEDIDO.
A RAINHA MARIA PADILHA (POMBA GIRA)
AO SÃO CIPRIANO
A MARIA MULANBO (POMBA GIRA)
AO EXU DUAS FACAS MUSIFIM
AO EXU CAVEIRA
A MARIA ARREPIADA (POMBA GIRA)
A CIGANA IRIS (EM NOME DE TODO POVO CIGANO)
A POMBA GIRA DAS CALUNGA
A POMBA GIRA DAS ALMAS
A RAINHA YEMANJÁ
A ROSA CAVEIRA (POMBA GIRA)
AO EXU MARAMBO
AS 13 ALMAS
QUERO QUE (MVCS) NESSE MOMENTO PENSE EM MIM (GAR)QUERENDO A TODO CUSTO ME VER, FICAR COMIGO PARA SEMPRE. OUVIR MINHA VOZ, ME ABRAÇAR, E ME BEIJAR. QUE SUA BOCA SINTA MUITA VONTADE DE ME BEIJAR. E QUE SUA MENTE SÓ TENHA MINHA PRESENÇA. QUE (MVCS) SÓ TENHA PENSAMENTOS, OLHOS, CORAÇÃO, AMOR, DESEJO, TESÃO, EREÇÃO, PRAZER, REALIZAÇÃO SEXUAL SÓ COMIGO(GAR) QUE (MVCS) ME , PROCURE AINDA HOJE E DECLARE SEU AMOR POR MIM (GAR) E ME PEÇA, PARA CONTINUAR A SER SUA NAMORADA E DEPOIS SUA COMPANHEIRA PARA O RESTO DA SUA VIDA,QUE SEJA O SEU AMOR ETERNO. QUE (MVCS)ME PROCURE DESESPERADAMENTE HOJE, QUE (MVCS)VENHA ME VER E ME PEÇA PARA NUNCA O DEIXAR. QUE TODAS AS ENTIDADES INVOCADAS POSSAM VISITAR AGORA (MVCS)SOPRANDO MEU NOME(GAR)NO OUVIDO DELE, FAZENDO COM QUE ELE FIQUE AGORA COM MUITO MEDO DE ME PERDER E FAÇAM COM QUE ELE (MVCS) SINTA UMA SAUDADE DE DOER NO PEITO. QUE (MVCS) SINTA MINHA FALTA.. E NÃO RESISTA, QUE (MVCS)ME QUEIRA HOJE. QUE (MVCS)SINTA UM CIUME ABSURDO DE MIM, E TENHA MUITO MEDO! DE ME PERDER. QUE ELE (WNPA)ME PROCURE HOJE A NOITE. QUE PASSE TODOS OS DIAS A DESEJAR- ME E A QUERER ESTAR
COMIGO TODOS OS MINUTOS DA VIDA DELE, QUE ME ASSUMA DE VEZ EM SEU CORAÇÃO , QUE O PRIMEIRO NOME A SAIR DA BOCA DELE SEMPRE SEJA O MEU (GAR) MINHAS ENTIDADES AMADAS, EM QUEM CONFIO E CREIO TOTALMENTE, TRAGAM (MVCS)PRA MIM, PRA SEMPRE. INJETEM CORAGEM !NAS VEIAS DELE, QUE ELE
ME PEÇA PARA FICAR COM ELE O MAIS RAPIDO POSSIVEL, QUE ELE (MVCS)SE REVOLTE E NAO CONSIGA MAIS ESSA SITUAÇÃO DE FICAR LONGE DE MIM (GAR) E QUE ME QUEIRA COM URGENCIA. E O FAÇAM DETESTAR E TER NOJO PROFUNDO DE TODAS AS OUTRAS MULHERES, DIVULGAREI ESTA ORAÇÃO E VOSSOS NOMES, E
TERÃO SEMPRE A MINHA GRATIDÃO. ME DÊEM UM SINAL.. ASSIM JÁ É. SEREI GRATA, MINHAS ENTIDADES TENHO MUITO TEMOR, RESPEITO POR CADA UMA DE VÓS, ME ATENDAM, VOS SUPLICO, SEI QUE DOMINAM TUDO E QUALQUER PESSOA, AMARREM ESTE AMADO HOMEM PARA MIM, (GAR).QUE ELE RASTEJE ATRÁS DE
MIM ETERNAMENTE, SOPREM MEU NOME (GAR)EM SEU OUVIDO ATÉ O LEVAR A LOUCURA, PARA SEMPRE. ASSIM ESTÁ FEITO , ASSIM SEJA, ASSIM SERÁ PELO PODER DAS 13 ENTIDADES INVOCADAS. QUE TENHA SONHOS COMIGO FAZENDO ASSIM COM QUE ME AME A CADA DIA MAIS. SE ESTIVER TRABALHANDO QUE PARE COM SAUDADES DE MIM QUE SINTA PRAZER. SOMENTE EM OUVIR A MINHA VOZ SENTIRÁ UM DESEJO FORA DO NORMAL COMO NUNCA SENTIU POR NINGUÉM E QUE NUNCA SENTIRÁ. SALVE SETE SAIAS. MINHA BOA E GLORIOSA PRINCESA PELAS SETE SAIAS QUE ACOMPANHE SEUS PASSOS, ROGO E SUPLICO QUE
AMARRE (MVCS)NOS SETE NÓS DE SUA SAIA E SETE GUIZOS DE SUA ROUPA PARA MIM. AGRADEÇO POR ESTAR TRABALHANDO AO MEU FAVOR. VOU DIVULGAR O SEU NOME EM TROCA DESSE PEDIDO DE TRAZER (MVCS) SEMPRE COMIGO PARA QUE SE TORNE MEU E LARGUE OUTRAS PARA SEMPRE E FIQUE SÓ COMIGO(GAR) E AINDA HOJE PENSE EM MIM E ME LIGUE E RETORNE LOGO POR NÃO CONSEGUIR FICAR LONGE DE MIM. POIS TERÁ MEDO DE ME PERDER QUE VENHA DIZENDO QUE ME QUER SEMPRE JUNTO DELE. ASSIM SEJA E ASSIM SERÁ. E ASSIM ESTÁ FEITO. CONFIO NAS FALANGES DA POMBA GIRA RAINHA DAS SETE ENCRUZILHADAS. CADA VEZ QUE FOR FEITA ESSA ORAÇÃO MAIS FORTE ELA SE FARÁ. POR ISSO VOU MANDAR PARA OS
QUATRO!CANTOS DO MUNDO PEDINDO A MÃE QUE ME CONCEDA O PEDIDO DE ESTAR COM (MVCS).QUE OS ESPÍRITOS DAS FALANGES DA POMBA GIRA JÁ ESTÃO SOPRANDO AO SEU OUVIDO O MEU NOME(GAR) DE DIA E DE NOITE. ELE DAQUI MAIS UM POUCO NÃO VAI COMER NEM DORMIR, NEM FAZER COISA ALGUMA A NÃO !
SER SE ESTIVER COMIGO. CONFIO NO PODER DAS SETE ENCRUZILHADAS !
Que máximo! Muito bom!
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