Este não é um blog dedicado à historiografia. Mas como toda tradição passa pela história ou, em outras palavras, a história é a espinha dorsal das tradições, é preciso perpassar por certos aspectos enriquecedores do contexto cultural proposto.
Nos velhos jornais de São João del-Rei se encontram muitas informações preciosas sobre nossa cultura, história e aspectos sócio-religiosos. A Biblioteca Municipal Baptista Caetano de Almeida, disponibiliza em seu site foto-digitalizações muito úteis à pesquisa e preservação dos exemplares originais. Seu rico acervo é a fonte desta consulta.
A Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM) tem um passado riquíssimo. As pesquisas históricas nos brindam com algumas notícias extraordinárias, reveladoras do potencial que esta empresa atingiu outrora. Além da Cia. Agrícola e Industrial Oeste de Minas que geria vários tipos de negócios, houve também o grande hotel da empresa; e ainda, a navegação fluvial no Rio Grande com barcos a vapor. Teve outrossim uma banda de música organizada por funcionários, que ficou conhecida por "Banda da Oeste" e até mesmo uma farmácia para os funcionários, cujo anúncio se pode ver no recorte abaixo:
Deixou-nos também obras públicas que ainda usamos, a exemplo da Ponte da Estação, de suporte de trilhos e passarela de tábuas (hoje de concreto) e quem diria, a Ponte do Teatro, afrancesada em estilo elegante, compondo com o Teatro Municipal um importante conjunto arquitetônico. O texto abaixo demonstra bem a multiplicidade dessas ações: "mandada reconstruir pela administração da Oeste de Minas", diz claramente, em 1917.
É notável o movimento imenso de trens que havia, inimaginável aos olhos atuais, como a notícia a seguir, um relatório de passagens vendidas no citado ano, paras as festas anuais de Matosinhos (Divino, Bom Jesus e Senhora da Lapa), com um total de 154 trens especiais rodando para o grande bairro, com mais de 21.000 passageiros! Uma cifra admirável, prova do valor daquele festejo tradicionalíssimo e da eficiência ferroviária.
E por falar em Matosinhos, quem vê hoje a Estação de Chagas Dória em ocaso naquele bairro, não imagina o vigor que ela teve no passado. A título de exemplo serve esta citação de 1938 do Diário do Comércio (*):
"O bairro de Matozinhos é, de tempos a essa parte, um verdadeiro parque industrial. Lá estão localizadas algumas das mais importantes organizações industriais da cidade. (...) Acontece porem, que as dependencias da Estação de Chagas Doria já não comportam o volume dos despachos, pois não é dotada de uma armazém para depósito." (Etc.)
Diante dessa pujança fica-nos a nostalgia e o alerta, a necessidade de mais pesquisas e de preservação, e, pairando sobre tudo isto o chamado à reflexão.
Notas e Créditos
* Diário do Comércio, n.59, 14/05/1938.
*** Texto, pesquisa, foto-montagens: Ulisses Passarelli, maio/2013.
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