Dizia-me que esse palavreado vinha de seus antepassados e nos tempos da escravidão era língua dos africanos, que conversavam entre si em modo dialetal, incompreensível aos brancos. Mesmo quando o regime da servidão havia acabado a tempos, algumas pessoas daquela cidade dos Campos das Vertentes conservaram estes fragmentos linguísticos banto.
Zé Carreiro, líder das manifestações folclóricas locais (congado, folia de Reis, calango, boi-de-caiado), puxando de sua excelente memória passou-me o seguinte glossário:
Zé Carreiro à frente de seu congado, num dia de Festa do Divino.
Foto: Cida Salles, 2011.
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Elas são elementos culturais muito importantes das tradições afro-brasileiras e enriquecedoras do nosso vocabulário. Outrora a mescla dessas palavras com o português coloquial era muito maior, gerando um modo próprio de falar, algo como um sotaque, misturando africanismos e corruptelas, criando o que se costuma chamar "português crioulo", expressão que nada tem a ver com discriminação. Pelo contrário, ela se firma em valores, indicando que foi nascido aqui no novo mundo, criação nossa. Da mesma sorte, no sul do Brasil existe uma referência de pecuária ao "gado crioulo", indicando brasilidade, identidade à nossa nação, criação brasileira.
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