Uma forma rara de reisado...
Folia de Pastorinhos de Ribeirão de Santo Antônio (Resende Costa/MG), vendo-se ao centro o personagem "Fabrício", com seu cajado, ladeado pelos pastores e reis magos. Foto: Lenice Fátima Carvalho Santos, 23/05/1999.
Forma rara e pouco conhecida de Folia de Reis, que vive paralelamente à típica, na microrregião Campos das Vertentes de Minas Gerais: São João del-Rei, Ribeirão de Santo Antônio (Resende Costa), Cajuru (Resende Costa). Fora desta área identifiquei um grupo em Congonhas, bastante autêntico e em plena atividade no ano de 2004.
Esta folia tem Foliões (músicos-cantores), Três Reis Magos, Pastores (geralmente representados por meninos, donde provém o nome do folguedo religioso), Fabristo ou Fabrício (homem; chefe dos Pastores) e Anjo Gabriel.
Em São João del-Rei houve um único grupo, extinto em 1993. Era do saudoso
Mestre Dinho (José Orlando da Silva), situado no Arraial das Cabeças (Rua Antônio de Abreu), Bairro Bonfim. Incluía o Palhaço. Basicamente é uma Folia de Reis. Porém, na parte de adoração do presépio, tem uma representação dramática, com extensa versalhada laudatória, onde os personagens se apresentam recitando a partir do convite do Fabrício. Há declamações. Pastores portam cajados estilizados, com chapinhas idiofônicas presas no extremo superior, feitas de tampinhas de garrafas de refrigerantes amassadas. O Fabristo puxa o canto. O Anjo traz na mão uma estrela alegórica ou um caixotinho adornado, dentro do qual vem a imagem do Menino Jesus. Pode ou não ter bandeira.
Em Congonhas e Ribeirão de Santo Antônio desenvolvem uma coreografia em círculo, com os reis e mais pastores girando ao redor do pastor chefe e no refrão, batendo os pés, se defrontam vis-a-vis no círculo, ora com um, ora com outro, até girarem de novo no canto solista. Visita casas. Tipicamente natalino e profundamente religioso. A convite se apresenta noutras festas: do Divino Espírito Santo (São João del-Rei, 1999), Festival de Congado (Conselheiro Lafaiete, 1992), I Encontro de Folias de Reis (Resende Costa, 2010), etc. O grupo do Ribeirão é bem típico e preservado.
No encontro com uma folia típica, cabe a esta a obrigação de saudar em especial, segundo esta regra: um verso para o primeiro pastor, um para o primeiro rei; depois, um para o segundo pastor e um para o segundo rei e assim com o terceiro. Por fim, 18 versos reservados para a “vara” (cajado) do Fabrício. Se a folia tiver Palhaço ele deve se ajoelhar diante dos pastorinhos e tirar a máscara enquanto durar a cantoria. Se permanecer mascarado deve então se esconder dos pastores.
Folia de Pastorinhos, do Mestre Dinho (com sanfona vermelha), Bonfim, São João del-Rei. Destaque para os pastores (meninos), palhaço e reis magos. Foto: Dimas, data não identificada.
Notas e Créditos
* Texto: Ulisses Passarelli.
Meus tios, originários da região de Entre Rios de Minas, participavam de uma folia deste tipo, na década de 70 no bairro Industrial em Contagem MG, inclusive eu fui um dos passarinhos, não me lembro mais dos versos, você tem algum material a respeito?
ResponderExcluirOlá Márcio. Infelizmente não disponho de material específico pois não cheguei a gravar ou anotar as loas. É uma parte pendente da pesquisa...
ExcluirAgradeço muito sua visita. Tenha um feliz 2016!