Concluiu-se este final de semana
a animada Festa de Nossa Senhora do Rosário da cidade de Ibituruna. Com uma
extensa programação em pleno inverno junino, incluindo comemorações aos santos
do mês, preces preparatórias, celebrações, levantamento de mastros (quatro,
sendo dois do Rosário, um de São Benedito e outro de São Pedro) e uma grande
fogueira em honra a São Pedro na noite de 29.
Dia
30 de junho logo cedo começaram a chegar as guardas de congado visitantes, de
diversas cidades vizinhas e mesmo de longe. Foram recepcionadas para o café da
manhã e depois de uma visita aos mastros da praça e à bela e histórica
Igreja do Rosário, onde a Santa Mãe aguardava no andor enfeitado de flores, o momento
da procissão vespertina.
Mastros na frente da Igreja do Rosário.
As
ruas do entorno, com seu casario com belos exemplares arquitetônicos e a praça
da matriz de São Gonçalo do Amarante, se encheram de batuques e cores dos
diversos congados: VILÃO, de Guarita (Santo Antônio do Amparo), MARINHEIROS, de
Vespasiano, CONGOS, de
Ibituruna, Itutinga, Carrancas, Três Pontas e São
Gonçalo do Amarante (São João del-Rei), CATUPÉS, de Resende Costa (3 grupos), São
João del-Rei (4 grupos), Perdões, São Sebastião da Estrela (Santo Antônio do
Amparo), MOÇAMBIQUE-JOMBA, de Ibituruna, Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo,
Machado (Perdões), Lavras, Macaia (Bom Sucesso), Pedra Negra (Ijaci), Ribeirão
Vermelho.
Catupé visitante, de Resende Costa.
Foi
servido um lauto almoço aos dançantes, com o sabor típico do tempero e
hospitalidade mineiros. Momento de descontração e congraçamento.
Pelo
meio da tarde, diante da Igreja do Rosário foi a vez de se apresentar o grupo
“Pilão de Inhá”, do Caquende (distrito de São João del-Rei), com diversos
números culturais de procedência rural entre os quais a Dança do Pilão.
Apetrechos do grupo Pilão de Inhá.
Enquanto
isto, os congadeiros desceram para a parte baixa da cidade para recolher os
reis e rainhas e voltaram num vistoso cortejo trazendo outrossim o andor de São
Benedito. Esteve também presente a Comissão Organizadora da Festa do Divino
Espírito Santo, de São João del-Rei, que trouxe o Imperador do Divino, também
escoltado pelos congados.
Congados descem em cortejo para recolher o reinado.
Na
chegada à praça teve lugar três apresentações do grupo de Vespasiano, com arcos
floridos, com bastões e com o pau-de-fitas (dança).
O
Reinado foi entregue na igreja para a chamada. O povo lotou o largo em
burburinho, circulando pelas muitas barraquinhas e entre vendedores ambulantes.
Mais
tarde, a procissão ganhou as ruas sacralizando o espaço público.
Ibituruna
goza a fama de ser o mais velho povoado mineiro, estabelecido no remoto 1674, pela bandeira do memorável Fernão Dias Paes. Estacionou com sua gente naquela paragem, enquanto o “tempo das águas” (estação chuvosa) não passava. Ibituruna (topônimo indígena que significa "serra negra") é banhada pelo
outrora piscoso Rio das Mortes, ali já avolumado pela confluência de outros
fluxos menores. É rodeada de matas exuberantes e tem um contorno serrano esplêndido. Nesta terra Fernão Dias plantou roçados e deixou sua marca indelével.
A
cidade foi no passado não tão distante um dos pontos de estação ferroviária da
Maria-fumaça na famosa bitola 0,76 metros, da EFOM (Estrada de Ferro Oeste de
Minas). Erradicados os trilhos, o prédio permanece atestando a nostalgia de um
tempo lamentavelmente perdido.
* Texto: Ulisses Passarelli
** Fotografias: Iago C.S. Passarelli
Parabéns pelo belíssimo trabalho!Retratar as riquezas do folclore é imortalizar a cultura de nosso povo.
ResponderExcluirJosefa
Grato, Josefa. Volte sempre a visitar este blog.
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