Fundamentos do calango (continuação)
Na primeira
parte do texto “Calango-tango” foi abordada uma visão panorâmica deste gênero.
O grande número de detalhes a seu respeito obrigaram a dividir o material em
mais uma postagem.
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Calango, Conceição da Barra de Minas/MG, janeiro/1998. |
Dentre seus
tipos, um curioso e difundido é o calango do jogo do bicho. Nele um só cantador
ou uma dupla narra verso a verso uma sequência numérica correspondente aos
números do jogo do bicho dando uma característica de cada animal. O exemplar
abaixo me foi dado em César de Pina (Tiradentes / MG), por Raimundo Ferreira da
Assunção, com acompanhamento de violão, em 22/02/1999:
Meu amigo e
companheiro
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Meu
companheiro,
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Pra você
vou te falá,
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Cantando
fora de hora;
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Uma coisa
muito boa
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O 13 deu
(elefante),
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Comecei meu
jogo agora.
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Que tem as
tromba pra fora.
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Ai,ai,ai,ai
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Meu
companheiro,
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Começá meu
jogo agora
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Que tem as
tromba pra fora;
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Número 1
que deu na ave(struz)
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O 13 que
deu no gato,
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Que vuô na
serração.
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Que tem
pata e não amola.
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Ai,ai,ai,ai
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Meu
companheiro,
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Que vuô na
serração;
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Que tem
pata e não amola
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E o 2 que
deu na águia
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14 deu
jacaré
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Bateu asa e
foi-s’embora.
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Que nada
com as costa de fora.
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Certo,colega,
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(falta 15)
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Bateu asa e
foi-s’embora;
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O 3 que deu
no burro
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Que tem a
marcha pachola.
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Certo,
colega,
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Meu
companheiro,
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Que tem a
marcha pachola;
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Nada com as
costa de fora;
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O 4 deu
borboleta
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16 que deu
leão,
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Bateu asa e
foi-s’embora.
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Bicho mau
chegô agora.
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Meu
companheiro,
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Ai, ai, ai,
ai,
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Bateu asa e
foi-s’embora;
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Bicho mau
chegô agora,
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O 5 que deu
cachorro
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17 deu no
porco,
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Latindo
fora de hora.
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Fechado na
caçarola.
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Ai, meu
amigo,
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(falta o
18)
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Latindo
fora de hora;
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O 6 que deu
na cabra
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Que dá
leite pra quem chora.
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Meu
companheiro,
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Meu
companheiro,
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Que dá
leite pra quem chora;
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Fechado na
caçarola;
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O 7 que deu
carneiro
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19 deu
pavão,
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Carregou
Nossa Senhora.
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Que olha
pros pé e chora.
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Ô meu
amigo,
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Meu
companheiro,
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Carregou
Nossa Senhora,
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Fechado na
caçarola,
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O 8 que deu
camelo
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O 20 deu no
peru,
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Que tem
pata e não amola.
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Amarrado no
pé da tora.
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Meu
companheiro,
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(falta 21)
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Que tem
pata e não amola;
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O 9 que deu
na cobra
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Faz o bote
e desenrola.
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É certo
mesmo,
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Meu
companheiro,
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Faz o bote
e desenrola;
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Marrado no
pé da tora;
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O 10 que
deu coelho,
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22 que deu
no urso
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Correndo
pra mata afora.
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É o dono da
bicharada.
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Meu
companheiro,
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Falou,
menino,
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Correndo
pra mata afora;
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É o dono da
bicharada,
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O 11 que
deu no cavalo,
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23 que deu
na tigre
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Que tem a
marcha pachola.
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Que é
soltêra e não amola.
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Certo
amigo,
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Meu
companhêro,
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Que tem a
marcha pachola;
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Que é
soltêra e não amola,
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O 12 que
deu no galo,
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24 deu
viado
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Cantando
fora de hora.
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É o dono da
palhaçada.
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Meu
companheiro,
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Dono
da palhaçada,
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25
deu na vaca
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Terminei
meu jogo agora.
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A versão de
Raimundo tem imperfeições geradas por falhas de memória e confusões com os
números de alguns bichos, pois ele mesmo dizia que a muitos anos não cantava
este calango. Mas o transcrevi tal e qual me cantou para se ter uma idéia do
estilo.
Existiram também outras variantes tecidas sobre o jogo do bicho que ficaram
conhecidas por “calango da bicharia” (as rimas são em “ia”), “calango da
bicharada” (rimas em “ada”) e “calango do bicharão” (rimas em “ão”)
.
Existem muitas
particularidades sobre o calango. Uma delas é que se trata de uma manifestação
folclórica tipicamente profana. Sua estrutura nada tem de religioso e um dos
mais brilhantes calangueiros são-joanenses, o saudoso sr. Luís Santana, dizia
que o calango não é de Deus, por isto muitas vezes termina em discussão ou
briga. Falava o mestre que se na cantoria começasse a cantar versos colocando
nome de santo no meio, o calango ia esfriando até parar, porque o cantador
perdia logo a inspiração, esquecendo os versos e embaralhando as rimas.
Isto
entretanto não impede de estar presente
nalguma festa religiosa como parte do entretenimento. O calango é em si um
divertimento e como tal ocorre nas mais diversas ocasiões. No passado aparecia
nas festas familiares de aniversário, casamento e outras, nos eventos
comunitários, nas festas populares.
A
espontaneidade é o seu forte. Um calango começa de repente: uma roda de prosa e
viola, cantando-se modas sertanejas, subitamente sai um com a ideia de um
versinho de desafio e é o bastante para se iniciar uma rodada de calango. Vi
algumas vezes cantado por congadeiros no intervalo do almoço das festas do rosário,
divertindo-se mutuamente na mescla de cantadores de diversas procedências.
Já foi dito na primeira parte deste texto que os lavradores do café contribuíram para disseminar este estilo de
cantoria. Façamos jus também aos viajantes estradeiros, conduzindo boiadas e tropas,
que nos ranchos se encontravam no pouso noturno e cantavam suas estrofes.
Chegando a povoados em festa ingressavam no seu cenário comemorativo com as
cantorias.
O calango
porém vai rareando, pois vem sendo tolhido de suas ocasiões de ocorrência ora animadas
por diversões hodiernas. Existe uma ruptura no mecanismo de transmissão de seu
saber, que vai ficando restrito aos idosos, sem adesão dos jovens.
Por isto, já
sua área de ocorrência estreitou e vem se tornando menos densa. Surge
fragmentado na boca de velhos cantadores. Ouvimos porém dizer de ocasiões que
calangueiros varavam a noite em cantorias infindáveis, sob o ouvido atento de
uma roda de assistência, rindo das provocativas investidas poéticas e
aguardando o vencedor.
Existe um
claro tabu de proibição do calango na quaresma, porque vira alvo de tentação
demoníaca sendo então certeiro terminar em confusão.
A arte dos
calangueiros carrega a força da criação espontânea. É arte mesmo, arte
criadora, adaptadora, gestora de saberes, que se mesclam em rimas, que se
embaralham em métricas. Desafiam não o outro calangueiro mas sim os que não o
são, para se voltarem aos valores rurais, ao linguajar do campo, do homem
simples do povo, sem cuja contextualização suas estrofes se tornam dialetais.
Para encerrar
esta leva de informações segue uma coletânea de calangos do saudoso Mestre Luís
Santana, de São João del-Rei/MG, 1996, já extensamente citado neste blog.
O meu pai me pôs na escola
Pra aprender o bê-a-bá
Valha-me, Nossa Senhora,
Ai, Mãe de Deus acode cá.
Ai eu sou duro no que é meu
Quando os outros quer tomá
Valha-me, Nossa Senhora
Mãe de Deus acode cá.
Eu avistei três touro
Na porteira do currá
Tôro preto, tora branco,
Tôro vermelho-araçá.
Você quer saber meu nome
Vai lá em casa perguntar
Eu me chamo limão doce
Limão de moça chupá
Você quer saber meu nome
Vai lá em casa perguntar
Eu moro na cachuêra
No tombo que a água dá.
Eu moro na cachuêra
No tombo que a água dá
Ranco toco com raiz
No chão num deixo siná
O meu pai tava duente
Minha mãe passano má
No papai ninguém num bate
Na mamãe ninguém num dá.
No papai ninguém num bate,
Na mamãe ninguém num dá
O meu pai nasceu rezâno
Co’a sola do pé pro á.
Cabôco quando num é certo
Bato na cabeça e pá!
A sanfona ta pidino
É na posição do fá.
Indurinha do coquêro
Sabiá de bêra má
Indurinha fez um ninho
No mei do canaviá.
Quando eu era
pequenino
Cantava que retinia
Eu cantava em Lorena
Lá em Minas se ouvia.
É coisa que eu não
posso
É com dois pote na
furquia,
Um era de água morna
Outro era de água
fria.
Agora qu’eu to
cantano
Na linha da maresia,
Rico na casa do pobre
Até do banco
disconfia...
Ai tava falano co’a véia
O sintido era na fia,
Ai, valha-me Nossa
Sinhora
Ai Senhora da Abadia!
Ai como corre, como
canta
Como na venta assobia!
O viado tá no mato
Ai, cachorro ficô na
tria ...
Joguei laço na garupa
Ai, com vinte e cinco
rudia;
Cachorro que late
grosso
Nalguma coisa ele
fia.
Agora qu’ eu vô cantá
É na linha da marambaia
Quem tem horta como côve
Quem num tem come serraia.(serralha)
Quem tem horta como côve
Quem não tem come serraia
Quando eu te jogá o baraio
Para que que num imbaraia.
Quando eu te jogá o baraio
Para que num imbaraia
Quando eu te jogá o baraio
Para que que me atrapaia.
Se eu achá que me vencê
Tiro carça e visto saia
Oi, casa de nêgo é moita
Cuberta de samambaia.
Quando não tenho canivete
Pico fumo de navaia
Com um mão eu pico fumo
Com outra eu pico paia.
Muito bom o seu comentário. Luiz Gonzaga, o rei do baião, conheceu o calango e divulgou-o Brasil afora. Quando serviu no exército aí em São João del-Rei, certamente conheceu muitos calangueiros. Luiz Gonzaga esteve também em Juiz de Fora. Antes de fazer sucesso com o baião, já gravara alguns calangos com muito sucesso. Muita gente até acha que o calango é um ritmo nordestino por causa disso.
ResponderExcluirAgradeço o comentário e a visita. Infelizmente os estudos sobre o calango são ainda pouco numerosos. Tenho algum material inédito sobre este assunto. Em breve renderá uma nova postagem. Espero contar com sua nova visita a esta página eletrônica de cultura popular.
ExcluirMuito bom o registro dessas tradições... Esta dos bichos, minha mãe gostava muito e nos ensinava a mim e meu ao irmão quando crianças...
ResponderExcluirLembro bem que, relativamente ao PORCO, na versão dela era: "o 18 deu no Porco tampadinho na caçarola"...