O Ciclo do Rosário se encerra nas Vertentes
Terminou neste domingo, dia 10 de novembro, a festa de Nossa Senhora do Rosário no povoado são-joanense da Canela, após concorrida novena que contou com a participação de diversos corais de igrejas rurais da região. De fato, a presença de fiéis foi muito intensa.
O largo do povoado, dominado pelo campo do tradicional time do "Vila Nova", teve ao seu redor instaladas as barracas de comes e bebes e parque de diversões, mudando por uns dias a pacata vida do lugar. No salão houve um animado baile no sábado à noite, que varou a madrugada no forró que fez a alegria dos moradores e visitantes.
Domingo, dia maior, logo cedo, os festeiros já estavam na luta: enquanto uma turma cuidava de limpar o largo, outra já corria para preparar o alimento para os congadeiros.
Pouco a pouco o movimento foi crescendo com a chegada dos habitantes e de gente dos sítios e outros povoados. No alto do cruzeiro, onde está a escola do lugar, algumas pessoas esperavam a chegada do congado do capitão Pedro Noberto da Silva - a guarda de congo "Nossa Senhora do Rosário", do distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, Terra de Nhá Chica.
O grupo chegou de ônibus pelas 11 e pouco da manhã, debaixo do espoucar de foguetes que lhes deram as boas vindas. Apesar do luto pela perda do antigo capitão "Dezinho", manifestado nos lacinhos de fita preta presos no ombro esquerdo de cada dançante, o grupo esteve extraordinário como de costume.
Visitou o mastro, a igreja e várias casas da Canela, nesta ordem. A seguir o intervalo do almoço, farto e saboroso, bem à moda mineira.
A celebração da santa missa se deu às 13 horas, seguida do recolhimento dos reis e rainhas, sempre numerosos nesta região do município. Como reza a tradição, cabe à 1ª coroa oferecer o almoço; à 2ª o café. A ambas não se dispensa ainda o envelope com oferta pecuniária à festa, entregue no ato da chamada. As demais coroas só tem obrigação com a oferta na chamada. Os mouros, claro, cumpriram seu papel, botando a gurizada a correr e lutando espadas para descoroar o reinado.
A chamada teve a parte sonora a cargo da visitante "Corporação Musical Aquiles Rios", a banda de música do também distrito são-joanense São Sebastião da Vitória, mais um demonstrativo da pujança cultural deste município. Também tocou na procissão, que contou com os andores de São José e de Nossa Senhora do Rosário.
Por fim coube ao congo entregar o reinado, já com o cansaço pesando às costas, mas é parte da missão.
O povo em burburinho tomou conta do lugar, animada e devotamente. Esta festa na Canela se repete desde 1996, embora que historicamente se saiba que a cerca de sessenta anos houve um grupo próprio de congo no povoado, que pela oralidade, pode ter sido tão ou mais antigo que o grupo do Rio das Mortes, haja vista correr notícia, não confirmada ainda, que a Canela era um quilombo e o primeiro congo da região começou neste lugar. Veja abaixo algumas cenas retratadas nesta festa.
Aspectos da festa no Canela - de cima para baixo: andor do Rosário, saudação ao cruzeiro, visita a uma casa, mastro do rosário (verso), capitão Pedro, toalha do altar e capela do Rosário com largo em festa.
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Fotos e texto: Ulisses Passarelli
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